Estudo da Fipe mostra que o Airbnb no Rio e em São Paulo movimentou R$ 1,5 bi em 2016

Ao longo de 2016, os 461 mil hóspedes que usaram o Airbnb nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo movimentaram US$ 476,4 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) na economia do Brasil, somando os impactos diretos, indiretos e induzidos que a atividade tem sobre a cadeia produtiva. O dado faz parte do estudo "Cadeia de Valor e Impactos Socioeconômicos das Operações do Airbnb no Brasil", feito pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Realizado por pesquisadores do Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP, o estudo revela que cada US$ 1 gasto em hospedagem com Airbnb em São Paulo e no Rio movimentou mais
US$ 4,11 e US$ 4,59, respectivamente, nessas cidades.

O estudo mostrou que a movimentação de quem usa o aplicativo gerou o equivalente a quase 30 mil empregos formais e informais e adicionou US$ 248,2 milhões (cerca de
R$ 781 milhões) ao PIB nacional e US$ 118,2 milhões (cerca de R$ 372 milhões) à renda de todas as famílias impactadas.

"A análise indicou que a operação do Airbnb tem desdobramentos bastante interessantes em diversos setores. É um impacto amplo e ao mesmo tempo razoa-velmente localizado na cidade em que o turista está", diz Eduar-do Haddad, professor titular do Departamento de Economia da FEA-USP.

Uma característica das ofertas listadas no Airbnb é a não concentração geográfica. Em todo o mundo, cerca de três quartos de todas as hospedagens disponíveis na plataforma ficam fora das zonas hoteleiras tradicionais.

O mesmo acontece no Rio e em São Paulo (veja mapas abaixo).

infografia

"O fato de o Airbnb fazer com que as pessoas busquem lugares diferentes [dos da rede hoteleira tradicional] favorece a inclusão produtiva, a economia solidária, e também faz com que as pessoas visitem e conheçam a cultura de toda a cidade e não só aquele foco que é a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, ou a Torre Eiffel, em Paris", afirma Rayne Ferretti Moraes, oficial de programas para o Brasil do Escritório Regional para a América Latina e Caribe da ONU-Habitat.

De acordo com Ana Paula Bruno, analista do Ministério das Cidades, as novas tecnologias também podem contribuir para resolver alguns problemas de infraestrutura urbana.

METODOLOGIA
Chamada de análise de insumo-produto, a técnica da pesquisa da Fipe faz um mapeamento da economia nacional como uma série de setores e regiões interligados. Foram usados dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Airbnb. Dois canais principais foram mapeados: o anfitrião -e o que ele faz com essa renda- e o hóspede, com todas as suas despesas.

A pesquisa, cujos resultados ainda são parciais, considera que o hóspede gasta com a acomodação, o transporte, a alimentação, as compras, os passeios e afins. Se ele compra um bolo de morango, por exemplo, esse gasto atinge a loja que vende o bolo e o produtor do morango (que pode estar em outro Estado), os fabricantes do fertilizante e do trator e todos os outros agentes envolvidos direta e indiretamente.