União é caminho para criar um ecossistema que conecte produção e preservação

Divulgação/JBS
Gilberto Rocha, pecuarista de Rondônia

Como conciliar a atividade econômica e a preservação da Amazônia? Indústrias, produtores rurais, entidades não governamentais e comunidades locais se uniram para mostrar que proteger a maior floresta tropical do mundo interessa a todos e que, por isso, cada um deve fazer a sua parte na criação de um grande ecossistema de produção e preservação.

A JBS trabalha em várias frentes para engajar seus fornecedores e atores relevantes nesse objetivo.

O primeiro passo, dado em 2009, foi definir uma política de compra responsável de matéria-prima, que estabeleceu critérios socioambientais para a seleção de fornecedores. "A JBS assumiu o compromisso com uma cadeia de fornecimento limpa de desmatamento na região da Amazônia há mais de dez anos e, desde então, tem trabalhado para o engajamento de toda sua cadeia produtiva", relata Márcio Nappo, diretor de sustentabilidade da companhia.

Como um dos primeiros passos desse trabalho, a empresa foi pioneira na criação de um robusto sistema de monitoramento de fornecedores que utiliza imagens de satélite e dados georreferenciados das propriedades e que bloqueia de forma automática fazendas envolvidas com desmatamento, invasão de áreas protegidas ou terras indígenas ou que utilizam trabalho infantil ou em condições análogas à escravidão.

O monitoramento da JBS abrange hoje 450 mil quilômetros quadrados, em mais de 400 municípios da região amazônica, uma área maior que o território da Alemanha. "Nosso sistema de monitoramento de fornecedores é provavelmente o mais sofisticado e de maior escala no mundo. Cobre quase um terço da área total de pastagens do país", afirma Márcio Nappo, da JBS.

A Agrotools, empresa parceira da JBS no desenvolvimento dessa tecnologia de monitoramento das fazendas, processa os dados de fornecedores e envia os resultados das análises diariamente à JBS, apontando se há algum tipo de irregularidade. "Ajudamos a gerar ferramentas e procedimentos internos para que as empresas e seus negócios não estejam envolvidos com produtores com atividades não conformes", afirma Breno Felix, CPO (Chief Product Officer, principal executivo de produtos) da Agrotools.

Em uma década, cerca de 9.000 fazendas fornecedoras foram bloqueadas por alguma não conformidade pelo sistema de monitoramento da JBS, que, juntamente com as operações de compra de gado da companhia, é auditado anualmente e de forma independente.

Mas, para mudar a realidade na região, não basta somente a JBS deixar de comprar de produtores irregulares. "É preciso criar condições para que outras empresas do setor de carnes, operando na Amazônia, também possam selecionar seus fornecedores baseados em critérios socioambientais, ou seja, é necessário desenvolver uma estratégia setorial com postura mais ativa contra o desmatamento ilegal", diz Nappo.

Uma iniciativa da ONG Imaflora em parceria com a JBS e o Ministério Público Federal segue nesse caminho. A ONG lançou, no início de julho, o Protocolo de Monitoramento dos Fornecedores de Gado, um conjunto de regras e critérios para nortear a compra de animais pelos frigoríficos. "A ideia é criar um conjunto de regras para compra de gado que seja seguido por todos, e apoiar as empresas que ainda não têm compromisso com a sustentabilidade a se adequarem", afirma Lisandro Inakake de Souza, coordenador de projetos da Imaflora.

O protocolo faz parte do projeto Boi na Linha, criado pelo Imaflora, Ministério Público Federal, indústrias processadoras de proteína e varejo para fortalecer os compromissos sociais e ambientais do setor produtivo da carne bovina. "O projeto é fundamental para que a rede varejista identifique quais frigoríficos estão comprometidos e engajados com a preservação da Amazônia e com o consumidor", afirma Lisandro.

O monitoramento dos fornecedores diretos já é feito de forma muito eficiente. Segundo Márcio Nappo, a JBS agora está avançando na rastreabilidade dos fornecedores indiretos, aqueles que vendem o bezerro ou boi magro para os fornecedores diretos, que fazem a engorda do boi e vendem os animais aos frigoríficos. "Queremos rastrear e monitorar o boi desde o seu primeiro dia de vida", afirma Nappo.

Celso Doni/Divulgação/JBS

PARCERIAS

Para auxiliar os vários elos da cadeia de produção a avançarem continuamente em seus padrões e critérios de sustentabilidade, a JBS investe no aperfeiçoamento da gestão e das ações socioambientais dos produtores parceiros. Em 2019, a empresa firmou uma parceria com a Liga do Araguaia, em Mato Grosso. Pelo projeto, chamado Rebanho Araguaia, a Friboi, responsável pela operação de carne bovina da JBS, financia a contratação de empresa de consultoria em gestão agropecuária para auxiliar na melhoria da produtividade e conscientizar sobre a preservação ambiental.

"Ainda temos um desafio grande da porteira para dentro. Há fazendas com áreas abertas e produtividade baixa e é preciso ajudar o pecuarista, que necessita ser orientado sobre as maneiras de aumentar a produção dentro de sua própria área e de como isso vai ajudar na tarefa de preservação", diz o produtor rural Caio Penido. O objetivo da liga é levar conhecimento ao criador, ajudá-lo a se adequar à legislação ambiental e entender onde está o gargalo para melhorar sua produtividade.

Rogério Albuquerque/Divulgação/JBS

Em Rondônia, um programa conjunto da Friboi e da JBS Biodiesel, chamado Selo Combustível Social, capacita pequenos produtores, em 17 municípios, a melhorar as pastagens, a gestão das fazendas, os indicadores de sustentabilidade, o manejo do rebanho e o aprimoramento genético dos animais.

O pecuarista Gilberto Rocha Colognezi, da cidade de Seringueiras, participa do programa e já melhorou a produtividade de sua propriedade. "Tivemos orientação de como aumentar a qualidade da pastagem, numerar as matrizes de gado, criar estação de monta e, dessa forma, identificar os animais que procriam mais", diz Colognezi.

O faturamento das 338 famílias atendidas pelo programa alcançou R$ 38,5 milhões em 2019. A expectativa para este ano é que sejam compradas 30 mil cabeças de 400 produtores familiares da região, permitindo a essas comunidades permanecer em seus locais de origem, desenvolvendo trabalho, renda e a economia local.

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