Investimentos e cooperação em ciência e tecnologia irão contribuir para a segurança alimentar entre países

A pandemia do coronavírus acendeu o sinal vermelho em relação à segurança alimentar em muitas partes do mundo. Os consumidores passaram a exigir alimentos mais seguros e com certificação desde a sua produção até a comercialização. O tema é estratégico na relação Brasil-Países Árabes e permeou as discussões do terceiro dia de debates do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, que acontece desde o dia 19 e vai até 22 de outubro, no formato on-line, realizado pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

Segundo especialistas que participaram do terceiro dia do fórum, a segurança alimentar passa pela instalação e consolidação de mecanismos que garantam um agronegócio sustentável, uma cadeia logística facilitada e pela cooperação mútua entre as nações.

Nos dois primeiros dias do fórum, que tem como tema central "O Futuro é Agora", foram discutidas "as perspectivas para o Brasil e os Países Árabes no novo cenário global" também questionado se há "uma nova ordem dos negócios internacionais". O debate de amanhã, 22, terá como pano de fundo "governança ambiental, social e corporativa - relevância no contexto atual".

Na abertura do terceiro dia do fórum, Ruy Carlos Cury, vice-presidente de Comércio Exterior da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, afirmou que o Brasil exerce um papel de extrema importância no fornecimento de alimentos para as 420 milhões de pessoas que habitam os países da Liga Árabe. "Somos responsáveis pelo fornecimento de cerca de 50% dos alimentos consumidos no bloco. Em alguns países, esse percentual chega a 80%."

Ruy Carlos Cury, vice-presidente de Comércio Exterior da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, que fez a abertura do terceiro dia do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, cujo tema discutido entre os participantes foi segurança alimentar - uma parceria estratégica entre o Brasil e o mundo árabe

Segundo Cury, o Brasil tem uma grande responsabilidade, principalmente após os desafios impostos pela pandemia de Covid-19: garantir que diariamente milhares de pessoas no mundo árabe tenham alimentos de qualidade, saudáveis, produzidos por um processo de fabricação que respeite as crenças do islamismo, ou seja, o alimento com certificação halal.

O vice-presidente da Câmara lembrou que, em razão da pandemia, algumas cadeias produtivas de alimento enfrentaram certa indisponibilidade. Houve até, de acordo com ele, situações pontuais de embarques que tiveram que ser adiados pela carência de contêineres frigorificados.

"Felizmente, esses problemas foram contornados. Não houve desabastecimento, o que comprovou a solidez do agronegócio brasileiro e da parceria comercial entre Brasil e Países Árabes, além da imensa disposição dos dois lados para manter essa cooperação", declarou Cury.

Além disso, Cury afirmou que a pandemia evidenciou a necessidade de se estreitar ainda mais a relação Brasil-Países Árabes. "Na Câmara, temos feito um trabalho enorme nos últimos anos para dar visibilidade às oportunidades existentes no mundo árabe para efetivação de alianças estratégicas, especificamente na área alimentar."

Cury explicou que foram feitas gestões na estruturação de linhas logísticas diretas, linhas marítimas principalmente, entre o Brasil e os Países Árabes como forma de facilitar o acesso a alimentos e demais produtos brasileiros. Ao mesmo tempo, foi incrementado o fluxo comercial entre as duas regiões. "Há muito ainda que fazer, mas estamos criando instrumentos para que possamos cada vez mais desenvolver e promover o crescimento da segurança alimentar entre o Brasil e Países Árabes", concluiu.

PARCERIA ESTRATÉGICA

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Tereza Cristina, que fez pronunciamento na abertura do fórum, destacou o longo histórico de fornecimento de produtos agropecuários que o Brasil tem com os Países Árabes. "Somos hoje o maior exportador de proteína halal no mundo. Os produtos brasileiros estão adaptados às exigências dos Países Árabes e conhecemos bem os seus mercados", disse.

Na visão da ministra, a retomada econômica do pós-Covid-19 se apresenta como uma oportunidade singular de orientar a economia em direção ao desenvolvimento sustentável. "No campo da agricultura, essa transformação ganha ainda mais relevância. Além disso, será preciso intensificar a cooperação e o comércio internacional como forma de atender a demanda crescente por alimentos e fortalecer a segurança alimentar em todo o planeta", afirmou.

Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, que, em pronunciamento no fórum, destacou que os produtos brasileiros estão de acordo com as exigências dos países árabes e defendeu a ampliação das relações comerciais

A relação de interdependência entre saúde e alimentação também foi destaque na fala de Tereza Cristina. Com a pandemia, os consumidores passaram a exigir alimentos mais seguros e garantias sobre o processo de produção. "No futuro, que devemos construir agora, tema deste fórum, os sistemas agroalimentares sustentáveis e resilientes serão essenciais para garantir a sanidade dos alimentos."

A parceria entre o Brasil e os Países Árabes foi citada pela ministra como estratégica para o país e exemplo de solidez e complementaridade. "Vislumbramos um enorme potencial para crescimento continuado no comércio agrícola com esses países, com foco na qualidade e na segurança alimentar", afirmou.

Do lado das exportações brasileiras, além do crescimento das vendas dos produtos tradicionais da pauta, como açúcar, carnes e soja, segundo a ministra, existem condições para o aumento do fornecimento de outros produtos como algodão, cacau, frutas frescas e secas.

No ano passado, a ministra visitou o Egito, a Arábia Saudita, o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos. "Há oportunidades de ampliação dos investimentos dos dois lados. Devemos seguir buscando relações dinâmicas, mercados abertos e uma aproximação crescente com base na confiança e perspectivas de longo prazo. Essa é a melhor forma de fortalecer a segurança alimentar de nossos países e regiões", concluiu.

OPORTUNIDADES

Já a ministra de Estado da Segurança Alimentar dos Emirados Árabes Unidos, Mariam bint Mohammed Al Mheiri, em sua participação na abertura do terceiro dia do fórum, afirmou que a cooperação para segurança alimentar entre o Brasil e os Emirados Árabes Unidos foi um assunto que ganhou ainda mais importância em razão da atual situação global.

Segundo a ministra, as exportações brasileiras estão ajudando a decolagem e expansão da economia do seu país. "Principalmente no setor de alimentos, no abastecimento de açúcar e frango, que são os principais produtos importados do Brasil."

Ainda sobre segurança alimentar, Mariam afirmou que a Covid-19 intensificou os debates sobre este tema, gerando uma nova ênfase no aumento da produção alimentícia. A pandemia fez com que o Brasil e os Emirados Árabes fortalecessem seus laços. "Na reunião do G-20, em setembro deste ano, os dois países concordaram em trabalhar com solidariedade para garantir que houvesse o menor impacto possível durante a pandemia", lembrou a ministra.

A ministra de Estado da Segurança Alimentar dos Emirados Árabes Unidos, Mariam bint Mohammed Al Mheiri, que declarou que os desafios criados pela pandemia têm um ponto positivo que são novas oportunidades emergentes da segurança alimentar, além do desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas e maior cooperação entre seu país e o Brasil

A ministra avaliou que os desafios criados pela pandemia têm um ponto positivo: novas oportunidades emergentes da segurança alimentar e desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas, as chamadas Agtechs. "A estratégia nacional pensa numa melhoria de 30% de produtividade através de tecnologias usadas na agricultura para que os Emirados Árabes Unidos se tornem um Hub mundial na inovação."

Mariam destacou também que as Agtechs estão se tornando componente cada vez mais importante da agricultura brasileira, já que as restrições de transporte por conta da Covid-19 aceleraram o desenvolvimento nesse sentido. "Temos uma equipe dedicada da Embrapa que veio para nosso país no ano passado. O resultado foi o estabelecimento de um programa de pesquisa conjunto para a pecuária."

Encerrando sua participação, a ministra declarou: "A história vai mostrar que a Covid-19 foi um fator de transformação que o mundo precisava para promover mudanças e para que cheguemos à nossa meta sustentável de zero fome até 2030".

AGRONEGÓCIO

Na sequência do evento, Celso Luiz Moretti, presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), e Faouzi Bekkaoqui, diretor do INRA (Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica), do Marrocos, discursaram sobre os avanços propiciados pelas áreas de tecnologia, ciência e pesquisa à seara do agronegócio nos dois países.

Moretti afirmou que a sustentabilidade vem alavancando a agricultura brasileira nos últimos 20 ou 30 anos. "Na década de 1970, o Brasil era conhecido como um país de insegurança alimentar", disse. "Importávamos muita coisa, havia uma pobreza muito grande na área rural. O Brasil era conhecido como produtor de café e açúcar. Em razão de nosso investimento em ciência e tecnologia, o país conseguiu estabelecer uma agricultura tropical sustentável e competitiva."

O presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti, que, em sua participação no terceiro dia do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, sobre segurança alimentar, afirmou que a sustentabilidade vem alavancando a agricultura brasileira nos últimos 20 ou 30 anos

Esse avanço se deu por meio de iniciativas e estratégias que foram elencadas pelo presidente da Embrapa em sua fala. Entre elas, Moretti citou o desenvolvimento da fixação biológica do nitrogênio no solo - o componente é "sequestrado" naturalmente por bactérias em uma área de 35 milhões de hectares de cultivo de soja. "Isso significou uma economia de US$ 4 bilhões no último ano", explicou. "E deixamos de emitir 122 bilhões de toneladas de carbono."

Outros progressos mencionados foram a adaptação de culturas como soja, milho e trigo às características de solo e climáticas brasileiras e a existência de um banco genético com "mais de 700 mil amostras." "Ele é uma questão de segurança nacional", definiu Moretti, que ainda chamou a atenção para a proteção do solo. "Atualmente, dois terços do território brasileiro são dedicados à preservação da vegetação nativa", apontou. "E 25,6% do país está protegido dentro de propriedades privadas."

Como perspectivas para os próximos dez anos - até 2030 -, Moretti ressaltou que será preciso "conceituar a agricultura como tendo uma natureza multifuncional", abarcando estratégias como bioeconomia, infraestrutura sustentável, estudos de microbiomas e convergência de tecnologias. "Saúde humana e segurança alimentar são conceitos a serem reforçados", frisou.

Em sua apresentação, Faouzi Bekkaoqui explicou que o INRA (Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica) tem percorrido no Marrocos caminhos semelhantes aos que a Embrapa tem trilhado no Brasil, especialmente no sentido de utilizar pesquisas para otimizar processos de segurança alimentar.

Faouzi Bekkaoui, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (INRA), do Marrocos, que destacou entre as ações da entidade a preservação da biodiversidade e o desenvolvimento de mapas de adaptabilidade das terras para o cultivo das culturas mais apropriadas em um total de 7 milhões de hectares

Entre os projetos marroquinos desenvolvidos, Bekkaoqui destacou a preservação da biodiversidade e o desenvolvimento de mapas de adaptabilidade das terras para o cultivo das culturas mais apropriadas em um total de 7 milhões de hectares. Isso inclui pensar em fórmulas para fertilizações regionais "para não haver uso em excesso de fertilizantes", além de criar "sistemas de modelos para entender o impacto das mudanças climáticas para mitigá-lo".

No campo da racionalização do uso de recursos hídricos, as ações têm sido efetivadas em parcerias com os Estados Unidos. "Temos utilizado um sistema de irrigação de baixa pressão que economiza energia", disse Bekkaoqui. Segundo ele, com o incremento de novas tecnologias, o Marrocos tem obtido ganhos de 25% a 100% na produtividade e de 60% a 150% no lucro líquido por hectare.

BRASIL - O MELHOR HALAL DO MUNDO

O presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, lançou durante o fórum o "Projeto Halal do Brasil", que tem como propósito divulgar e consolidar a imagem do halal brasileiro como o melhor do mundo. "Queremos transformar o halal do Brasil como marca registrada no mundo todo. Ele garante qualidade, governança e respeito", disse Hannun.

O Brasil entrou nesse mercado na segunda metade dos anos 1970 e hoje é o líder mundial na produção de proteína animal halal. O corte halal segue um ritual determinado pelas regras islâmicas, que vai desde a recepção do animal até o transporte. Todo o processo precisa ser realizado dentro de rigorosas condições de segurança sanitária.

No estúdio, da esq. para a dir., o secretário-geral Tamer Mansour e o presidente Rubens Hannun, da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, no anúncio do Projeto "Halal no Brasil"; na tela, ao fundo, da esq. para a dir., Ali Saifi, CEO da Cdial Halal; Mohamed Hussein El Zobhgi, presidente da Fambras Halal; Chaiboun Darwiche, presidente da Sill Halal; e Nasser Khazraji, diretor de alimentos da Halal Brasil

Apesar de o Brasil ser o líder na produção de proteína animal halal, ainda há muitos outros setores a serem explorados, como o de roupas, produtos farmacêuticos, entretenimento, cosméticos, turismo, entre outros. A estimativa do State of the Global Islamic Economic é que em 2024 o mercado halal deverá movimentar US$ 3,2 trilhões em produtos e serviços em todo o mundo.

Participaram do lançamento do projeto os representantes das seguintes certificadoras: Ali Saifi, CEO da Cdial Halal; Mohamed Hussein El Zobhgi, presidente da Fambras Halal; Chaiboun Darwiche, presidente da Sill Halal; e Nasser Khazraji, diretor de alimentos da Halal Brasil.

"Mais do que já movimentamos em recursos financeiros, é importante salientar que o halal gera hoje cerca de 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos. E temos aqui no Brasil um potencial enorme de crescermos em outros mercados que hoje não atuamos, muito além da proteína animal", disse Zobhgi. Somente no ano passado, o Brasil exportou cerca de US$ 3,5 bilhões em proteína animal halal para os países árabes.

PAINEL

No painel do terceiro dia do fórum, o diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do Ministério das Relações Exteriores, Alexandre Guisleni, reforçou o papel do Brasil como parceiro disponível, seguro e estável para o comércio e para a segurança alimentar.

"A pandemia trouxe o medo de não termos acesso aos alimentos de que precisamos. Mais do que nunca temos que contar uns com os outros. Nesse sentido, o comércio internacional não é um problema, é uma grande fonte de solução", disse Guisleni.

O diretor ressaltou que mesmo durante a pandemia o Brasil manteve seus contratos comerciais. "Isso é muito importante para a construção e manutenção de relações sólidas e com elevado grau de confiança entre as partes", afirmou.

No painel, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, ressaltou a qualidade sanitária dos alimentos produzidos no Brasil. "A gripe aviária que se propagou em boa parte do mundo não chegou ao Brasil devido aos cuidados aqui adotados. Nosso padrão de qualidade é alto, ainda mais quando falamos em produtos halal", disse Santin.

Painel sobre segurança alimentar e as parcerias estratégicas que contou com a participação de sete debatedores, representando países como Brasil, Tunísia, Marrocos e Emirados Árabes Unidos

O presidente da ABPA ressaltou ainda que todo a produção halal do país é feita fora do bioma amazônico, o que reforça o comprometimento dos produtores e certificadores com a questão da sustentabilidade do planeta.

Já Ismahane Elouafi, cientista-chefe da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, levantou problemas importantes em relação a sistemas alimentares, especialmente sobre as cadeias de suprimentos logísticos. "Será que estamos sabiamente e de maneira eficiente usando os recursos naturais ou os estamos desperdiçando?", questionou.

"A Covid-19 veio nos mostrar. A gente achava que estava tudo bem, mas o sistema alimentar está falido", cravou. "Ele é ineficiente. A discussão é como podemos melhorá-lo. E o que a gente precisa fazer vai depender muito da região. Desde a crise de 2008, vimos que muitos países e continentes se juntaram para discutir a segurança alimentar."

Em sua opinião, o Brasil e o mundo árabe precisam desenvolver um projeto nesse sentido, com "parcerias verdadeiras e trocas de conhecimento com ênfase em aumento da diversificação e da nutrição, muito mais do que fizemos nos últimos 60 ou 70 anos".

A cientista-chefe ressaltou ainda que são necessários "ecossistemas corretos para as culturas corretas". E exemplificou: "Ter trigo em uma região como a península Arábica é um desperdício de recursos, há culturas que funcionam bem melhor aqui. É aí que traremos a diversidade de espécies".

Sobre as possibilidades de uso da agricultura vertical, Ismahane Elouafi ponderou que essa técnica tem que amadurecer um pouco mais. "Seu custo ainda é muito alto", afirmou. "Temos que ser realistas. Para produzir trigo em fazendas verticais, ainda falta um tempo. O cultivo vertical é muito importante para vegetais e folhas."

Também integrou o painel Jacyr Costa Filho, membro do Comitê Executivo do Grupo Tereos e presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp. Ele discorreu sobre tendências e oportunidades para o futuro dos sistemas alimentares. "Um fluxo de comércio mais liberal vai trazer maior acesso a alimentos mais baratos", afirmou.

"O setor portuário brasileiro funciona muito bem", acrescentou. Costa lembrou que, nos últimos cinco anos, 40% do açúcar produzido no Brasil - o país é o segundo maior produtor do mundo - tem como destino os Países Árabes. "O Brasil tem uma legislação sanitária robusta, muito mais sofisticada de que a de nossos concorrentes, principalmente os Estados Unidos", avaliou. "Isso se reflete na percepção global da alta confiabilidade e qualidade do açúcar brasileiro."

A questão da logística fundamentou o discurso de Khalid Ahmed Mohammed Al Marzooqi, diretor de Atividades Comerciais da Kizad (Khalifa Industrial Zone). Ele defendeu que a região de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, seja um Hub de reexportação de produtos brasileiros para países como Indonésia e Malásia. "Os Emirados Árabes Unidos atingem um mercado de 3,5 bilhões de pessoas em voos de até quatro horas de duração", argumentou.

CEO TALK

Representantes de grandes empresas que atuam também na cadeia alimentar mundial participaram do fórum. Um deles foi Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, que é a empresa brasileira líder em vários segmentos, como o primeiro produtor mundial de frango e de carne bovina.

Tomazoni afirmou que a questão da segurança alimentar é primordial para a empresa, tanto que faz parte da missão da JBS no desenvolvimento de suas atividades. "A questão da saúde animal é muito importante. Por isso médicos veterinários apoiam nossos produtores", afirmou o CEO.

"Nossos produtos chegam a 190 países. Temos, portanto, a responsabilidade de lidar com produtos certificados, como é o caso do halal. Tanto que investimos fortemente em treinamento de nossos 240 mil trabalhadores", concluiu.

No estúdio, a diretora da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Claudia Haddad, que foi mediadora de pronunciamentos sobre segurança alimentar dos CEOs (na tela, da esq. para a dir.) Marc Reichardt (Grupo Bayer Brasil), Muhammad Chbib (Tradeling) e Gilberto Tomazoni (JBS)

Marc Reichardt, CEO do Grupo Bayer Brasil, também participou do evento. O executivo destacou em sua apresentação que uma das missões da Bayer é "saúde para todos e fome para ninguém". Por isso, de acordo com Reichardt, uma das prioridades da Bayer é disponibilizar para os produtores práticas agrícolas sustentáveis.

"Queremos contribuir com tecnologias agrícolas para empoderar agricultores e agricultura", declarou Reichardt ao comentar o início do projeto nesse sentido que já atinge 500 produtores em 14 Estados brasileiros.

Mas os alimentos produzidos precisam chegar aos consumidores. Por isso Muhammad Chbib, CEO da Tradeling, também no fórum, destacou que o surgimento dessa plataforma contribuiu para que produtos alimentícios chegassem aos países do Oriente Médio e do norte da África.

"Nossa meta é garantir a disponibilidade dos produtos no mercado e buscar alternativas para manter a sustentabilidade da cadeia produtiva de alimentos bem como de sua chegada aos mercados", afirmou o executivo.

ENTRE CÂMARAS

A última parte do terceiro dia do evento foi a discussão entre câmaras, mediada por Mohamed Abdouni, diretor da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

Sara El Gazzar, do Egito, conselheira da União Geral das Câmaras, salientou o "papel importantíssimo" da entidade que representa em projetos de construção de plataformas que permitam usar bancos de dados para facilitar o comércio entre países, combinando "empresas entre si em programas de aceleração e de incubação". "A integração logística entre os Países Árabes e o Brasil garante a sustentabilidade da cadeia de alimentos", afirmou.

Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (no estúdio), da esq. para a dir., Mohamed Abdouni, diretor da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Qaisar Hijazi, da Bélgica, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Belga-Luxemburgo, e Sara El Gazzar, do Egito, conselheira da União Geral das Câmaras, durante discussão sobre segurança alimentar

Por sua vez, Qaisar Hijazi, da Bélgica, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Belga-Luxemburgo, abordou a necessidade de manter níveis de preço acessíveis para os consumidores sem prejudicar os produtores agrícolas. Ele também reforçou as oportunidades de produção de alimentos orgânicos nos Países Árabes. "Esses produtos conservam o ambiente ao não utilizar produtos químicos", disse. "A saúde do consumidor é muito mais importante do que qualquer outra coisa na produção agrícola", complementou.

O secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Tamer Mansour, finalizou o debate reiterando que "nenhum país trabalha sozinho". "Precisamos realizar parcerias estratégicas de longo prazo, e as câmaras podem dar retaguarda nisso", afirmou.

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