Quando o Brasil ainda não registrava nenhum caso do novo coronavírus, o estado do Piauí decidiu que era preciso mobilizar os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a iniciativa privada para fazer o necessário na luta contra o novo vírus.
Era fevereiro, e a Covid-19 se alastrava pelo mundo no momento em que foi instituído no estado o Plano de Contingência ao Coronavírus. A intenção era retardar a importação de casos e preparar a infraestrutura da saúde.
Na contenção à entrada do vírus, o Governo do Estado mantém parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para a fiscalização de quem entra ou sai por via terrestre. Além disso, as polícias Civil e Militar, equipes da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), da Vigilância Sanitária (Divisa) e das secretarias municipais de saúde também atuam nessa fiscalização. Quem chega ao Piauí é obrigado a ficar em quarentena por sete dias.
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Fiscalização nas divisas do Piauí com outros estados |
"O trabalho é conjunto. Todos os ônibus que vêm de outros estados são parados. Os viajantes são identificados e orientados a ficar em quarentena. E verificamos se há alguém com sintomas da Covid-19, tudo de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde", afirmou a gerente de Atenção Básica da Sesapi, Dilia Falcão.
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Professores antes de gravação de aula no Canal Educação |
Depois, foram tomadas medidas para garantir o isolamento social, para evitar a chamada transmissão comunitária. O Piauí está em estado de calamidade pública desde 22 de março, quando a Assembleia Legislativa aprovou decreto baixado pelo Executivo. Comércio e serviços, exceto os essenciais, não podem funcionar por tempo indeterminado. Todas as escolas estão sem aulas presenciais desde o dia 17 de março.
A maior parte dos serviços públicos está suspensa ou sendo feita de forma remota, por telefone ou internet.
REFORÇO PARA A SAÚDE
O governo do Piauí entendeu que era também necessário ampliar a infraestrutura de saúde. Ainda que o número de casos no estado seja bem menor que o registrado em outras unidades da federação, foram colocados 200 leitos de UTI para os pacientes com a Covid-19. Cem desses leitos estão sendo criados em decorrência da pandemia.
O Hospital Getúlio Vargas (HGV) vai ganhar 40 leitos de UTI, que se somam aos 20 já existentes. O São Marcos, que é filantrópico, passou a integrar a Rede de Combate à Covid-19, com 20 leitos de UTI disponíveis e mais 30 leitos para tratamentos clínicos. Os demais leitos de UTI estão distribuídos pelos hospitais regionais. Em Teresina, serão 10 no Hospital Natan Portela, 10 no Hospital da Polícia Militar, 10 na Maternidade Evangelina Rosa e 10 no Hospital Infantil Lucídio Portela.
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Novos leitos de UTI no Hospital Getúlio Vargas, em Teresina |
No interior, o acréscimo de leitos será no Hospital Justino Luz, em Picos (10 leitos), no Dirceu Arcoverde, em Parnaíba (5), no Cândido Ferraz, em São Raimundo Nonato (10), no Tibério Nunes, em Floriano (5), e no Hospital Manoel de Souza Santos, em Bom Jesus (10). Os outros hospitais da rede estadual contam com respiradores, sala de estabilização e leitos de internação clínica reservados.
De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto, a Sesapi também contará com 15 leitos de UTI no Hospital Universitário, e o Piauí já solicitou ao Ministério da Saúde a habilitação de 20 leitos de UTI que já estão em funcionamento por meio de custeio integral com recursos do estado.
A Secretaria de Estado da Saúde também anunciou edital para cadastramento e seleção de profissionais em regime emergencial para atender às necessidades de combate à Covid-19. Serão 673 vagas para contratação imediata, entre elas as de médicos, enfermeiros, biomédicos, farmacêuticos e psicólogos, entre outros.
Foram comprados ainda 10 mil kits para o teste do novo coronavírus, além de definida a aquisição de respiradores.
Para proteger os profissionais da saúde, a Sesapi recebeu uma nova remessa dos EPIs. São 2 mil litros de álcool em gel, 4.550 aventais cirúrgicos, 8 mil luvas de látex, 50 mil máscaras triplas cirúrgicas, mil pacotes de propes e mil pacotes de toucas que serão entregues nos hospitais da rede estadual, municipal e federal.
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Entrega de EPI's |
Ao mesmo tempo, duas fábricas privadas contataram o governo estadual para oferecer máscaras e aventais que estão produzindo para que sejam entregues aos profissionais de saúde.
Já a Agência de Fomento do Piauí abriu uma linha de crédito para empresas que produzem insumos usados no combate à Covid-19.
Fornecimento de água está garantido
Entre as mais importantes medidas para não se contaminar com o novo coronavírus (e também com outros vírus respiratórios) está lavar com frequência as mãos e higienizar tudo que entra na casa. Para isso, acesso a água é fundamental.
Diante deste cenário, tanto a empresa Águas de Teresina (que abastece mais de 800 mil pessoas na capital do Piauí) quanto a Agespisa (Águas e Esgotos do Piauí S.A.) decidiram suspender os cortes no fornecimento de água por inadimplência.
As medidas foram tomadas depois de o governador do estado, Wellington Dias, decretar estado de calamidade.
Para o presidente da Agespisa, Genival Sales, o isolamento social e a necessidade de lavar as mãos e utensílios domésticos com frequência irão provocar o aumento no consumo. Ele afirma, no entanto, que a empresa precisa contribuir para que as pessoas continuem a ter acesso a água nesse momento de tantas incertezas.
Cultura promove festival "Sossega o Facho em Casa"
É consenso entre cientistas e líderes de organizações de saúde do mundo todo que o isolamento social é necessário para conter a contaminação pelo novo coronavírus. Ao mesmo tempo, é necessário oferecer entretenimento às pessoas que ficam em casa e também renda a artistas que estão sem plateia e sem receita.
Juntando as duas pontas, a Secretaria de Estado da Cultura do Piauí lançou um edital para o "Festival Sossega o Facho em Casa". Como o próprio nome diz, não é para sair às ruas e se aglomerar.
Pelo edital, serão selecionados artistas que irão receber do estado para produzir manifestações artísticas a serem apreciadas por meio de redes sociais. Valem projetos nas áreas de artes cênicas, música, literatura, audiovisual e expressões de cultura popular.
Os valores dos cachês variam de R$ 400 a R$ 800, dependendo do número de participantes e da complexidade. "Esta é uma forma de ajudar nesse período de crise e ainda valorizar a nossa cultura", disse o secretário estadual de Cultura, Fábio Novo.
A secretaria decidiu também doar 1.200 livros à população dentro do projeto "Te aquieta e lê". Para obter um exemplar, basta entrar em contato com a secretaria, via e-mail. Os livros serão entregues nas casas.