Em março deste ano, as escolas tiveram de realizar uma mudança rápida e drástica: transpor o ensino presencial para o remoto. Deu certo? Depende da instituição.
Principalmente na rede pública, vários estudantes reclamaram que tiveram problemas grandes.
Uma reportagem do jornal "Agora São Paulo" mostrou que as "dificuldades vão desde a falta de equipamentos para estudar em casa em regiões mais pobres, até a falta de grana mesmo para os materiais básicos".
"No meu bairro, que é bem afastado, beira de represa, tem dia que a gente passa o dia todo sem internet. Esse Brasil que eles mostram nas [entrevistas] coletivas, com muita conectividade, não existe", disse ao jornal Daniele Alves Leite, moradora do extremo sul da cidade.
O CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou uma resolução que permite a realização de atividades remotas para o ensino básico e superior até o final de 2021. A decisão foi comemorada pelas escolas particulares.
Um exemplo que deu certo em relação ao ensino remoto foi no Colégio Rio Branco, em que foram construídos canais de comunicação, apoio, orientação e acolhimento às famílias.
Algo que o Rio Branco sentiu é que algumas atividades, seja de produtividade das equipes de trabalho, seja da rotina escolar, tiveram melhor aproveitamento no modelo a distância do que anteriormente no presencial.
"Esse cenário foi atípico para a escola, não apenas para o Rio Branco, mas para todas as instituições de educação básica que estão fundamentadas na relação presencial entre professores e alunos", afirma Esther Carvalho, diretora-geral do Colégio Rio Branco.
"Nesse sentido, essa transposição não se deu de forma automática, uma vez que demanda recursos específicos e metodologias diferenciadas para que a relação de aprendizagem aconteça. Não se trata de reproduzir as relações presenciais no modelo virtual."
Para Esther, "quando se pensa em modelo de trabalho a distância, trazemos a necessidade de adequação à idade de cada aluno, não é suficiente as nossas experiências com aprendizado EAD (educação a distância), pois estas foram modeladas para adultos e não para crianças e jovens. Nossa opção metodológica se deu pela interatividade e não pelo uso exclusivo de vídeo-aulas, uma vez que esses momentos de interação entre professores e alunos, além de serem ricos momentos de aprendizagem, mantêm vínculos e permitem que possamos ter o 'termômetro' do grupo e de cada aluno. Assim, há espaço para a troca de ideias e reflexões."
Se em 2020 as escolas tiveram de se adaptar rapidamente ao ensino remoto emergencial, em 2021 há a esperança de que seja possível adotar um modelo híbrido, com aulas presenciais e remotas.
De acordo com o Rio Branco, esse modelo "propõe que a organização da sala possa ter diferentes atividades para grupos de alunos, com estações rotativas ou trabalhos em casa, geralmente com uso de tecnologia, que visem a personalização da aprendizagem, com rotinas que possam ser feitas de maneira não presencial e que sejam complementadas ou complementem a sala de aula presencial".