Relação entre corpo e cidade guia curadoria da 27ª edição do Festival de Curitiba

Silmara Ciuffa/Estúdio Folha
Banda Titãs estreia no festival com ópera-rock "Doze Flores Amarelas"

Veja destaques da programação

"Se é de corpos e cidades que devemos falar". A frase, a primeira do laudo da perícia médica sobre o assassinato do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, foi a inspiração para os curadores Guilherme Weber e Márcio Abreu selecionarem as atrações da 27ª edição do Festival de Curitiba, realizado entre 27/3 e 8/4.

"Ela abre um leque de possibilidades de trabalhos que tangenciam assuntos em relação ao capitalismo, ao corpo objeto, a corpos estranhos", explica Weber.

A partir desse gatilho, temas como corpos, cidades, memória e a contracena na ocupação de espaços públicos guiam a programação da Mostra de espetáculos e das oficinas, debates e palestras das Interlocuções -segmento do festival que promove experiências gratuitas para aprofundar a troca de ideias entre artistas e o público.

"Desde que assumimos a curadoria [há três anos] tentamos um diálogo mais concreto com a cidade de Curitiba, ou seja, ocupar mais o espaço urbano e refletir sobre a cidade especificamente", afirma Weber.

Neste sentido, há espetáculos como "Cabaret Macchina", uma pós-ópera em formato de cabaré de rua criada pelo coletivo Selvática com participação da cantora pernambucana Karina Buhr, e a peça holandesa "Vamos Fazer Nós Mesmos (Lets Do It Ourselves)". O coletivo Wunderbaum cria um espetáculo musical colaborativo a partir das atividades de seus integrantes na sociedade. Para isso, selecionará 15 pessoas que contribuam com algum trabalho voluntário.

Um eixo importante da organização de Weber e Abreu são co-produções entre o Festival e os artistas. Houve uma progressão, ao longo das edições capitaneadas por eles, dessas parcerias. Este ano, há quatro trabalhos neste formato: "Domínio Público", "Denise Stoklos em Extinção", "A Ira de Narciso" e "Se o Título Fosse um Desenho, Seria um Quadrado em Rotação".

O destaque é "Domínio Público", que reúne os artistas Maikon K, Renata Carvalho, Wagner Schwartz e Elisabete Finger. Em 2017, eles foram foco de debates sobre expressão artística, liberdade e censura. Já em "Denise Stoklos em Extinção" a artista paraense parte do livro "Extinção", de Thomas Bernhard, para refletir sobre valores conservadores da sociedade.

No monólogo "A Ira de Narciso", o dramaturgo Sergio Blanco retrata o Mito de Narciso por meio de narrativa em primeira pessoa. A montagem tem direção de Yara de Novaes e atuação de Gilberto Gawronski. "Se o Título Fosse um Desenho, Seria um Quadrado em Rotação" é uma série de quatro ações criada pela performer Eleonora Fabião e realizadas nas ruas do centro de Curitiba. O projeto consiste em intervenções que provocam o deslocamento de pessoas, objetos e materiais por entre os espaços públicos.

Além das co-produções, há outras peças que realizam suas estreias no Festival. São elas "Cabaret Macchina", a francesa "Tristeza e Alegria na Vida das Girafas" e "Doze Flores Amarelas", ópera-rock do Titãs que terá ensaio aberto (dia 3) e pré estréia (dia 4).

O Festival

Neste ano, mais de 400 atrações artísticas e culturais irão passar por cerca de 90 espaços de Curitiba e da região metropolitana. Durante 13 dias (27/3 a 8/4), a maratona cultural oferece espetáculos de teatro e de dança, shows de stand-up, musicais, palestras, oficinas e programações infantil e gastronômica. Artistas como Denise Stoklos, Denise Fraga, Caio Blat, Renata Sorrah e Malvino Salvador sobem ao palco.

A venda dos ingressos será pelo site www.festivaldecuritiba.com.br, pelo aplicativo "Festival de Curitiba 2018" e nas bilheterias oficiais do evento, no ParkShoppingBarigüi (Seg. a sex.: 11h às 23, sáb.: 10h às 22h e dom.: 14h às 20h) e no Shopping Mueller (Seg. a sáb.: 10h às 22h e dom.: 14h às 20h). Três espetáculos da Mostra 2018 estão com ingressos esgotados: "Grande Sertão: Veredas", "Preto" e "A Visita da Velha Senhora".

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