Nesta quinta (5), a atriz Denise Stoklos celebrou 50 anos de carreira no palco do Guairinha, durante a 27ª edição do Festival de Curitiba.

Ela estreou seu mais recente trabalho, "Denise Stoklos em Extinção", realizada em coprodução com o Festival. Após duas apresentações na capital paranaense, o solo segue para temporada em São Paulo, que também deve receber uma exposição sobre a obra da artista.

	Leekyung Kim/Divulgação
	Atriz Denise Stoklos celebrou 50 anos de carreira no palco do Guairinha

Em cena, porém, Stoklos utiliza o meio século de trajetória não para comemorar, mas para se extinguir. Partindo do livro "Extinção", do austríaco Thomas Bernhard, ela promove uma autodestruição. "Extinguir para deixar vir o novo. Bernhard diz isso textualmente. O que é o novo? Não sei, mas ele tem que vir", comenta.

No romance, o autor desconstrói de forma brutal valores conservadores da sociedade. Na trama, um homem, ovelha negra de uma família de latifundiários austríacos, volta à terra natal após a morte dos pais e do irmão.

Acostumada a trabalhar praticamente sozinha em seu teatro essencial, método criado por ela no qual defende maior autonomia do ator, Stoklos contou com parceiros nessa nova produção: a dramaturgia é do psicanalista e escritor Ricardo Goldenberg e a direção é compartilhada entre ela, Francisco Medeiros e Marcio Aurélio.

"O livro é considerado um marco na literatura contemporânea por negar-se a si mesmo. Acho que essa foi a parte mais difícil para mim", diz Stoklos. "Isso me fez pensar que eu poderia ter a ajuda de outros especialistas em áreas do teatro", completa.

Propondo uma radicalidade no uso da voz, a intérprete borra as fronteiras entre ficção e realidade. Além de textos de Bernhard, há escritos dela. "Tudo é ambivalente. Dá para achar realidade e dá para achar ficção. E há uma coisa principal: não pedir desculpas e não se explicar. Isso eu acho radical", afirma.

Também em formato de solo, "A Ira de Narciso", outra coprodução do Festival, levou ao Sesc da Esquina a autoficção criada pelo dramaturgo franco-uruguaio Sergio Blanco. Interpretado por Gilberto Gawronski e dirigido por Yara de Novaes, o texto traduzido por Celso Curi parte do mito de Narciso.

	Celso Curi/Divulgação
	O ator Gilberto Gawronski atua na peça A Ira de Narciso

De acordo com Gawronski, a montagem aborda a história no sentido de um homem que contempla a si mesmo para ir mais fundo em si e, depois, chegar no outro.

A dramaturgia opera com diversas acepções do mito, além de trazer uma personagem que se prepara para uma conferência. "São duas instâncias: uma estruturação mais acadêmica sobre o que esse homem dirá a respeito do mito de Narciso nesta conferência e o que ele próprio experimenta em relação ao que fala", explica Novaes.
Diferente da original, que trazia o próprio dramaturgo em cena, a montagem brasileira trabalha com diferentes graus de representatividade, explorando outros registros para além do "teatro-palestra" que marca a encenação de Blanco.

"A grande diferença dessa montagem é que não é uma viagem pessoal do autor, que está também no palco. Nós mergulhamos na vida dele para enxergar e entender o que ele quis dizer", afirma Curi.

Outros espetáculos também estrearam no Festival nesta quinta (5). São eles "INOAH" e "Suassuna - O Auto do Reino do Sol". Já "Preto" teve sua última apresentação.

PROGRAMAÇÃO
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SEXTA (6/4)

21h - "Denise Stoklos em Extinção"
Dramaturgista: Ricardo Goldenberg. Direção: Denise Stoklos, Francisco Medeiros e Marcio Aurelio. Com: Denise Stoklos.
Teatro Guairinha - Auditório Salvador de Ferrante - r. 15 de Novembro, 971 Centro

21h - "INOAH"
Direção: Bruno Beltrão. Com: Bruno Duarte, Cleidson De Almeida 'Kley', Douglas Santos, Igor Martins, João Chataignier e outros.
Teatro da Reitoria - r. 15 de Novembro, 1299, Centro

21h - "Suassuna - O auto do Reino do Sol"
Dramaturgia: Bráulio Tavares. Encenação:Luiz Carlos Vasconcelos. Com: Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Beto Lemos, Fábio Enriquez, Eduardo Rios, Renato Luciano e Ricca Barros.
Guairão - Auditório Bento Munhoz da Rocha - r. 15 de novembro, 971, Centro

21h - "A Ira de Narciso"
Dramaturgia: Sergio Blanco. Direção: Yara de Novaes. Com: Gilberto Gawronski.
Teatro Sesc da Esquina - r. Visconde do Rio Branco, 969, Centro

SÁBADO (7/4)

21h - "A Visita da Velha Senhora"
Dramaturgia: Friedrich Dürrenmatt. Direção: Luiz Villaça. Com:Denise Fraga, Tuca Andrada, Fábio Herford, Romis Ferreira e outros.
Teatro Guairinha - Auditório Salvador de Ferrante - r. 15 de Novembro, 971, Centro

21h - "Corpo sobre Tela"
Direção e interpretação: Marcos Abranches.
Teatro Sesc da Esquina - r. Visconde do Rio Branco, 969, Centro

21h - "Grande Sertão: Veredas"
Adaptação e direção: Bia Lessa. Com: Caio Blat, Leonardo Miggiorin, Luisa Arraes, Luiza Lemmertz e outros.
Local à definir

21h - "Os Guardas do Taj"
Dramaturgia: Rajiv Joseph. Direção: Rafael Primot e João Fonseca. Com: Reynaldo Gianecchini e Ricardo Tozzi.
Guairão - Auditório Bento Munhoz da Rocha - r. 15 de novembro, 971, Centro

21h - "Tom na Fazenda"
Dramaturgia: Michel Marc Bouchard. Direção: Rodrigo Portella. Com: Armando Babaioff, Camila Nhary, Gustavo Vaz e Kelzy Ecard.
Teatro da Reitoria - r. 15 de Novembro, 1299, Centro