"Isto É um Negro?", espetáculo da mostra principal do Festival de Teatro em Curitiba, convidou o público no fim de semana dos dias 30/3 e 31/3 para participar e responder questionamentos sobre ser negro no Brasil.
Dirigida por Tarina Quelho, o elenco é composto por um coletivo de artistas ligados à EAD (Escola de Arte Dramática de São Paulo). O corpo negro aparece completamente exposto no palco, onde, nus, os quatro atores refletem sobre a história do povo negro, falam de experiências pessoais e expõem situações de racismo cotidiano.
"Partimos de uma pesquisa da teoria, de pensadores negros mais ou menos contemporâneos, para criar a peça. Fizemos um jogo em que teoria, realidade e ficção estão completamente imbricados", conta a atriz Mirella Façanha.
Não há como ficar impassível a essa exposição de vivências -pessoais ou coletivas. Na apresentação realizada no festival, os negros da plateia participaram ativamente do espetáculo, não apenas respondendo aos questionamentos dos atores, mas também comentando depoimentos e fazendo suas próprias declarações.
Para os brancos, é forte o incômodo causado pelas situações expostas, seja por reconhecer pequenos atos de racismo em si, antes não percebidos, ou por se sentir mal por entender que a passividade contribuiu para que um povo tenha sido sujeitado, e ainda seja, a situações assim. E esse é mesmo o objetivo da montagem: "O racismo é estrutural e estruturante. O público, negros e brancos, precisa começar a se responsabilizar e se implicar."
Peça com elenco trans
A Mostra Satyros, em comemoração aos 30 anos da companhia de teatro, apresentou neste fim de semana "Cabaret TransPeripatético" (30/3 e 31/3), primeira peça do grupo com todo o elenco formado por atores não cisgêneros, e parte da Trilogia do Antipatriarcado (formada ainda por "Pink Star" e "Transex").
O espetáculo foi montado a partir de vivências do próprio elenco, tratando de questões como afeto, espaço social e transfobia. O elenco focou o debate no público tradicional do teatro, "cisgênero, branco, de classe média", pois "são as pessoas que mais precisam escutar sobre o tema".
Seleção infantil
Com o objetivo de formar novos públicos, o Programa Guritiba é um recorte infantil do Festival de Curitiba. Neste ano, é formado por quatro espetáculos, que incluem circo, contação de histórias, teatro e brincadeiras, com apresentações até dia 7/4.
"Há muitos espetáculos infantis no Fringe, mas o Guritiba é como se fosse a mostra para crianças. Escolhemos todos os espetáculos pensando na diversão também dos pais. São peças que conversam com um público que não tem tanto acesso ao teatro. E o mais importante é que é um projeto que continua ao longo do ano, pois levamos as peças para instituições sociais da cidade. No ano passado, atingimos 9.000 crianças", explica a produtora Fabíula Passini.
Sessões extras de humor
Por causa dos ingressos esgotados, foram abertas sessões extras para os espetáculos do Risorama de 29/3 a 2/4, sempre às 22h30. Este é o 16º ano da atração, que acontece no Park Cultural, dentro do Parkshopping Barigui, com 1.300 lugares. No palco, diversos humoristas de "stand up" se revezam. No sábado (30/3), Fábio Porchat substituiu Danilo Gentili como mestre de cerimônias. Nesta função, o espetáculo ainda receberá Rafael Cortez (1/4) e Emerson Ceará (2/4).