Quantas Elza Soares existem? Tem a Elza que foi obrigada pelo pai a casar quando tinha 13 anos? Ou a que se envolveu com Mané Garrincha e, por isso, foi chamada de "destruidora de lares"? Ou a que foi cantar na Argentina, levou um calote e foi obrigada a ficar naquele país por um ano até conseguir dinheiro para voltar? Tem ainda a Elza do século 21, que, chegando aos 90 anos de idade, lançou dois discos bastante elogiados?
O espetáculo "Elza", que fez a primeira de duas apresentações no Festival de Curitiba na sexta (5), no Teatro Guaíra, levou sete atrizes/cantoras para o palco, para dar conta das múltiplas facetas dessa intérprete sem igual na música brasileira, dona de discos obrigatórios como "A Bossa Negra" (1961).
Dirigido por Duda Maia, com texto de Vinicius Calderoni, "Elza" percorre toda a vida e a carreira da cantora, desde a primeira aparição no rádio, em 1953, em programa de Ary Barroso, passando pela residência no Texas Bar, em Copacabana, pelo relacionamento conturbado com Mané Garrincha, até chegar ao seu merecido redescobrimento, nos últimos anos.
É, também, um espetáculo que joga luz sobre a questão do machismo, do racismo, da luta pela igualdade entre gêneros.
"É uma oportunidade de falar dessas pautas por meio de uma obra que é uma das maiores artistas do Brasil", afirma Janamô, uma das atrizes/cantoras da montagem. "Interpretar a Elza é como dizer sim para a vida. Uma mulher que sempre esteve disposta a atravessar as adversidades, com dignidade. Não consigo dimensionar o que essa mulher passou. Ela representa as minorias, e no espetáculo todas as Elzas se fundem."
Júlia Tizumba conta que "a partir da história de vida de Elza, falamos sobre machismo, racismo, feminicídio. Mas sempre sob o ponto de vista da vitória, da superação. Porque é isso o que a Elza é."
"Tem muitas coisas da minha vida que são parecidas com as da Elza", diz. Khrysta. "lE a Elza dá a chance de rir de coisas que aconteceram comigo."
Ao final do espetáculo, de cerca de 2 horas e 20 minutos de duração, as atrizes/cantoras foram merecidamente ovacionadas pelo público que lotava o teatro.
Espaço para educação e sustentabilidade
Luis Rodrigues | ||
28ª edição do Festival desenvolve ações com empresas parceiras dentro do Guritiba, cuja programação se destina às crianças |
O Festival de Teatro de Curitiba une cultura, educação e sustentabilidade. Em sua 28ª edição, desenvolveu diversas ações com empresas parceiras dentro do Guritiba, cuja programação se destina às crianças. Desde o ano passado, as ações não ocorrem apenas nos 13 dias de festival, estendendo-se por todo ano com atividades para o público infanto-juvenil de baixa renda de Curitiba e Região Metropolitana. Uma das empresas apoiadoras é a CNH Industrial, que desenvolve ações sobre a responsabilidade ambiental em escolas públicas na periferia de Curitiba.
"Já havíamos feito ações de cultura com o festival e, quando descobrimos o Guritiba, entendemos que casaria muito bem com nossos projetos", diz a especialista em Sustentabilidade da CHH Industrial, Erika Michalick.
Já a empresa dinamarquesa de biotecnologia Novozymes viu no Guritiba a oportunidade de alcançar seu objetivo de longo prazo de educar 1 milhão de pessoas até 2020 sobre o potencial da biologia.
"Vimos que não estávamos aproveitando recursos de incentivos fiscais que poderíamos aplicar com o propósito de unir cultura e educação, e então buscamos projetos interessantes", explica Angela Fey, responsável pela área de Comunicação e Sustentabilidade da Novozymes, Angela Fey. "No Guritiba, temos três grandes projetos que envolvem o tema: contação de histórias, teatro e levar 160 alunos ao museu da Universidade Livre do Meio Ambiente, em Curitiba."
Peça traduz mente confusa de escritora
Com o palco escuro, começa a tocar os primeiros acordes de "Space Oddity". Em seguida, uma voz feminina canta os versos da música ("Ground control to major Tom"). As luzes se acendem e vemos uma escritora escrevendo palavras e frases meio desconexas nas paredes pretas.
Pouco depois, um homem e uma mulher, como se fossem vozes dentro da cabeça da escritora, expõem o pensamento confuso que parece tomar conta da mente dela.
É este jogo entre o real e o imaginário que conduz a peça "Artista de Fuga", encenada pela companhia Stavis-Damaceno no teatro da Caixa Cultural.
O mérito da peça está em traduzir a confusão mental da escritora de uma maneira poética e sensível.