A diversidade tornou-se uma preocupação recente em diversos eventos culturais do país, mas não do Festival de Curitiba –porque o maior evento de teatro do Brasil tem a diversidade como um dos pilares da programação desde que começou a ser feito, em 1992.
"Essa é uma questão inerente à filosofia do festival em toda a sua história, mas virou, também, um retrato do momento cultural e social", afirma Leandro Knopfholz, criador e co-diretor do Festival de Curitiba.
"Sempre acreditamos na coexistência, na tolerância e em todas as formas de fomentar discussões sobre gênero e inclusão. E a arte, hoje, está refletindo sobre essas questões e cobrando a inclusão. A proposta do festival é retratar o que acontece no mundo. E é um festival para todos. Somos um evento gregário, para todas as classes sociais, idades e repertório."
Daniel Sorrentino/Divulgação | ||
Leandro Knopfholz, criador e co-diretor do Festival de Curitiba |
Nesta 29ª edição do festival, que começa em 24 de março e vai até 5 de abril, a programação reserva espaço para, por exemplo, "3 Maneiras de Tocar no Assunto", um texto inédito de Leonardo Netto que é um manifesto contra a intolerância e que aborda questões como a homofobia na sociedade brasileira; uma adaptação dirigida por Paulo de Moraes de "Angels in America", a premiada peça de Tony Kushner que retrata a explosão de casos de Aids entre a comunidade gay dos Estados Unidos nos anos 1980; o espetáculo de dança "Boca de Ferro", que homenageia a riquíssima cena musical de Belém; ou, ainda, "Cria", que leva à capital paranaense o funk e o gestual do passinho, febre no Complexo do Alemão (e em todo o Rio de Janeiro), em coreografia assinada por Alice Ripoll e Companhia Suave.
Há, também, encenações de obras consagradas, como "A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa", musical baseado em texto de Clarice Lispector, "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, e "O Mistério de Irma Vap", um dos maiores sucessos da história do teatro brasileiro, que foi montada em 1986 com direção de Marília Pêra e Ney Latorraca e Marco Nanini no elenco (a versão que será apresentada em Curitiba terá Luis Miranda e Mateus Solano).
Esta edição será a quinta (e última) que terá curadoria de Guilherme Weber e Marco Abreu. "Quando os convidamos, eles tinham a ideia de fazer entre três e cinco edições. Acabaram, felizmente, ficando cinco anos", conta Leandro.
Uma das grandes atrações do Festival, além da Mostra principal, é o Fringe, com espetáculos mais experimentais. Neste 2020, serão mais de 370 (de 17 estados e nove países), espalhados por 60 espaços de Curitiba e de sua região metropolitana.
Os organizadores criaram um Ponto de Encontro, que pretende ser uma espécie de central de convivência, montado na Alfaiataria, um espaço de práticas artísticas da cidade.
"A ideia é gerar a possibilidade artística e econômica", explica Leandro. "O teatro precisa de gente para ser feito: atores, técnicos, operadores. Movimenta muita gente. Então queremos promover encontros e trocas. Estamos trazendo 12 programadores de teatro de diversos lugares do país para ajudar esses espetáculos a circularem pelo país. É importante que as peças não apenas sejam produzidas, mas que efetivamente permaneçam em cartaz e viajem pelo Brasil."
Outro destaque do Festival de Curitiba será um show de Emicida, que levará ao palco do teatro Guairão o show do elogiado disco "AmarElo".
A venda de ingressos para o evento já está aberta. As bilheterias oficiais estão localizadas no ParkShoppingBarigüi e no Shopping Mueller. É possível comprar também por meio do site oficial, www.festivaldecuritiba.com.br, e do aplicativo oficial "Festival de Curitiba 2020" (disponível para os sistemas Android e IOS).