Estudar mais, cuidar da saúde e das relações afetivas são ações que os brasileiros com mais de 50 anos já adotam, ou sabem que precisam adotar, para garantir um envelhecimento feliz. Muitos, porém, ainda relevam a importância de um planejamento econômico para essa fase da vida. Esse quadro foi revelado por uma pesquisa do Instituto Locomotiva, que ouviu pessoas em todo o país. Os dados mostram que há um descompasso entre a expectativa do jovem em relação à sua vida financeira após os 50 anos e a realidade dos chamados "Grey Power":
- 81% dos entrevistados com até 49 anos acreditam que terão uma situação financeira melhor na aposentadoria;
- 72% dos com mais de 50 dizem que sua condição financeira piorou.
"A pesquisa mostra que as pessoas não estão se preparando financeiramente para a aposentadoria. Elas acham que a situação vai melhorar, mas a realidade mostra o oposto. Poupar não é um hábito. Isso precisa ser incentivado", afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. Poupar ocupa o nono lugar no ranking dos comportamentos que os 50+ adotam para ter mais qualidade de vida e viver mais.
Outra surpresa da pesquisa foi o interesse pelo aprendizado constante. Para 93%, é importante sempre aprender coisas novas, e a maioria (63%) deseja voltar à sala de aula após se aposentar. Esse dado reflete a insatisfação da população com mais de 50 com a própria formação: só 16% se dizem satisfeitos com o que já aprenderam. Segundo o IBGE, apenas 1 em cada 10 brasileiros com mais de 50 anos tem superior completo.
Para Meirelles, a pesquisa mostra um grande desafio: a necessidade de se investir em educação financeira e na qualificação contínua para o mercado de trabalho.
"Ou se pensa em políticas públicas e privadas que valorizem esses trabalhadores experientes na nova economia ou, infelizmente, essas pessoas não conseguirão manter seu padrão de vida e de renda na aposentadoria", afirma.
Hoje, no Brasil, 54 milhões de pessoas têm mais de 50 anos, uma população maior do que a da Itália. Trata-se do maior mercado consumidor do país, que deverá movimentar R$ 2,1 trilhões em 2020. Apesar da sua importância financeira, 77% dizem não se sentir representados nas propagandas.
"Essas pessoas querem se ver na comunicação. Querem ver a melhor versão de si mesmas", diz Meirelles. Até mesmo os jovens reconhecem o poder dos "Grey Power" : 81% deles dizem se inspirar em pessoas mais velhas.