Em busca do modelo perfeito

Comitiva brasileira na sede da PSA, empresa que opera o Porto de Singapura
Comitiva brasileira na sede da PSA, empresa que opera o Porto de Singapura

O Brasil vive um momento-chave para o futuro de seu sistema portuário: 26 anos depois do fim do monopólio estatal no setor, está em curso uma nova onda de privatização, e a autoridade portuária do maior porto brasileiro (Santos) se internacionaliza e pretende abrir o capital em Bolsa.

Qual o modelo perfeito para um setor tão vital para um país com uma costa de 7,5 mil km e dependente da exportação para crescer? O que o Brasil tem a aprender com experiências bem-sucedidas no mundo?
Em busca dessas respostas, uma comitiva de 30 brasileiros foi conhecer de perto um dos maiores e mais importantes portos do mundo, o de Singapura, no sul da Ásia.

O Porto de Singapura é responsável por 7% do PIB do país. Está conectado a outros 600 no mundo, recebe cerca de 140 mil navios por ano e emprega 170 mil pessoas.

Formada por representantes do Legislativo (Senado, Câmara Federal e Assembleia Legislativa de São Paulo), do Executivo (Ministério da Infraestrutura e Antaq), de entidades de classe e por executivos de grandes empresas, a comitiva realizou a viagem como parte da programação da 17ª edição do Santos Export - Fórum Nacional para Expansão do Setor Logístico Portuário, que acontece nos dias 8 e 9 de outubro, em Brasília (veja destaques da programação ao lado).

A viagem começou com uma visita à PSA, empresa estatal que opera o Porto de Singapura. A comitiva pôde ver como está o processo de modernização e automação (cerca de 80% da movimentação de contêineres já é feita por robôs supervisionados a distância por humanos). Acompanhou, por exemplo, o trabalho de operadores na sala de controle, situada fora da área alfandegária, para facilitar o acesso.

Hoje, cada operador acompanha o trabalho de movimentação de até cinco contêineres por vez. A meta é chegar a 15 e estender a automação aos caminhões que circulam pelo porto.

Os brasileiros puderam ainda testar simuladores e conhecer o departamento de aceleração, incubação e financiamento de startups que buscam soluções para os serviços portuários. Chamada Unboxed, essa aceleradora e incubadora funciona há dois anos.

Por fim, o grupo conheceu os trabalhos da PSA University, criada em 1962, que já treinou mais de 700 mil pessoas para os trabalhos do dia a dia do porto.

Na MPA (Maritime and Port Authority of Singapore), órgão regulador subordinado ao Ministério dos Transportes do país, os especialistas brasileiros foram apresentados às obras do novo porto de Singapura, maior e mais moderno, que deve começar a operar já no próximo ano. "Sabemos que precisamos inovar sempre para não ficar para trás. Aprendemos com os ingleses, que eram referência, e os superamos. Agora, trabalhamos para continuar na frente", disse Tan Suan Jow, reitor da MPA Academy e diretor de sustentabilidade da empresa.

Para o senador Wellington Fagundes, presidente da Frente Parlamentar Mista de Logística, Transporte e Armazenagem, a viagem serviu para aprender e também para mostrar que no Brasil há oportunidades para investidores. "Foi muito interessante ver de perto tudo o que eles estão fazendo. É um país muito pequeno que não ficou apenas usufruindo o que o porto oferece. Eles usaram o porto para crescer em outras áreas", afirmou.

Isso pôde ser visto pela comitiva nos demais dias da viagem, quando visitou desde startups ainda em fase inicial de negócios até gigantes como a ST Engineering, empresa global com atuação em mais de 100 países nas áreas de defesa, tecnologia e engenharia.

"A viagem foi programada nos mínimos detalhes para que fosse muito proveitosa para o aprofundamento das discussões que teremos no fórum de Brasília, nos dia 8 e 9. Saímos daqui com muitos subsídios para avançar nesse momento ímpar do setor logístico no Brasil", afirmou Fabrício Julião, diretor presidente da Una Marketing de Eventos, responsável pela realização do fórum e da viagem.

Estúdio Folha
José Roberto Campos, coordenador do Comitê Orientador do Fórum Santos Export 2019
José Roberto Campos, coordenador do Comitê Orientador do Fórum Santos Export 2019

"Nessa visita, pudemos entender como este país saiu de um nível de pobreza extrema para se tornar um dos membros do Primeiro Mundo"
José Roberto Campos, coordenador do Comitê Orientador do Fórum Santos Export 2019

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