A importância do agronegócio para a economia brasileira é inquestionável, mas superar as barreiras do setor logístico nacional é um desafio. Essa foi a conclusão do painel "A Importância do Agronegócio", que abriu o primeiro dia do Fórum Santos Export.
Unanimidade entre os debatedores foi a conclusão de que o setor sofre com os baixos investimentos em infraestrutura em todos os modais nos últimos anos, deixando o Brasil numa situação complicada de competição em relação a seus concorrentes no agronegócio.
E colocam um problema ainda maior para os próximos anos: como escoar a produção que está por vir? Os números da produção brasileira crescem ano a ano, sem que a infraestrutura acompanhe no mesmo ritmo.
Segundo Ricardo Molitzas, gerente-executivo do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), o agronegócio responde por mais de 21% do Produto Interno Bruto (PIB). E o aumento da demanda projetada até 2050 deve elevar essa proporção a 40%.
"Como dar conta de escoar esse crescimento que se prevê para os próximos anos? Por isso estamos aqui", declarou.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, lembrou que a soja foi uma das responsáveis pelas atuais reservas cambiais do Brasil, e que essa cultura leva transformação aos municípios produtores, girando a economia local. Mas é preciso que a infraestrutura acompanhe.
O custo Brasil pesa frente aos nossos principais concorrentes, Argentina e EUA, segundo Lucas Eduardo Trindade de Brito, executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
"A gente procura melhorar as condições do produtor brasileiro para crescer no cenário internacional, dando maia competitividade à exportação brasileira"Carlos Alberto Nunes Batista, coordenador de Infraestrutura e Logística da Secretaria dePolítica Agrícola do Ministério da Agricultura |
"Um estudo sobre o frete feito pela associação revela que nós chegamos a um custo de US$ 40 por tonelada de grãos para exportação", lamentou. "O volume de exportação para este ano é de aproximadamente 100 milhões de toneladas de grãos, e nós temos US$ 4 bilhões de perda para o produtor rural que não serão injetados na economia dos municípios", afirmou.
O consultor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) Luís Antônio Fayet lembrou que, da porteira ao porto de despacho, o custo no Brasil chega a ser três ou quatro vezes maior do que o dos principais concorrentes no mercado internacional.
Além das questões de infraestrutura, há outros entraves, como a segurança jurídica e regulatória, que afugentam investidores estrangeiros.
"Um dos principais desafios é como atrair investimentos privados nacionais ou estrangeiros para aplicar recursos no Brasil em infraestrutura frente às incertezas políticas e a eventual insegurança jurídica no país", afirmou Aluísio de Souza Sobreira, diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
O vice-governador de São Paulo e secretário de governo, Rodrigo Garcia, apontou as concessões e PPP's como saída para o desenvolvimento da infraestrutura. Segundo Garcia, o desafio do Brasil para obter capital estrangeiro para realizar esses projetos está maior agora.
"Agora, entra Malásia, Índia buscando esse capital privado. O que mostra que o Brasil precisa se aperfeiçoar muito em relação aos seus contratos, para que eles não sejam bons contratos brasileiros e sim grandes contratos internacionais", disse Garcia.
O governo federal reconheceu que há problemas no setor, e muitos. Carlos Alberto Nunes Batista, coordenador de Infraestrutura e Logística da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, afirmou que o órgão trabalha para saná-los.
"A gente procura melhorar as condições do produtor brasileiro para crescer no cenário internacional, dando maia competitividade à exportação brasileira", declarou.
Para o presidente da Frente Parlamentar Mista de Logística do Congresso Nacional, senador Wellington Fagundes (PL-MT), as barreiras da logística e da burocracia impedem o setor de crescer mais. "É muita energia gasta, financeira e na burocracia, e não sobra para a execução."