Miguel Monteiro/Estúdio Folha
	Roberto Carlos Salveti e a produção de verduras, em Ibiúna

"A pandemia do novo coronavírus caiu como uma bomba para os pequenos produtores de orgânicos do chamado cinturão verde em torno da capital. As vendas na Ceagesp despencaram, os restaurantes fecharam, muitos minimercados que pegavam esses produtos também não conseguiram ficar abertos e começou uma perda grande na roça.

Muito ia estragar, ser jogado fora e a renda ia sumir. Aí, a gente entrou nessa união para que esses orgânicos pudessem ser vendidos através da Broto da Roça, uma empresa pequena que eu já mantinha antes da quarentena e que vendia produtos convencionais, não orgânicos.

Eu fazia a venda para supermercados, mas, para ampliar a procura, resolvi passar a entregar em domicílio os orgânicos e também os meus produtos. Foi uma maneira que a gente encontrou de chegar ao consumidor porque as pessoas não estavam indo ao mercado comprar alimentos. Minha ideia foi fazer o delivery para pessoas que estavam com medo de sair de casa por causa dessa pandemia. E está funcionando, dando muito certo. A Broto da Roça tem Instagram, os consumidores também fazem propaganda boca a boca, e outros entram em contato para os pedidos.

São oito produtores de orgânicos trabalhando comigo. Todos da região de Ibiúna (cerca de 70 km de São Paulo). Faço as entregas às quartas-feiras em São Paulo, Mairinque e Ibiúna. Logo entregaremos em Itu também.

Atrás de mim tem várias famílias. Estamos nos ajudando nesse período de pandemia. Agora comercializo mais de 200 itens orgânicos por meio desses parceiros.

Trabalhar com orgânicos é complicado, tem que ter certificado de produtor e de revenda. Sou produtor rural de convencionais, mas tenho certificado de venda de orgânicos, me especializei nisso também. A Broto da Roça foi essa ponte para escoar as mercadorias dos produtores orgânicos. A gente se uniu para fazer esse trabalho.

Os produtos vendidos pela Broto da Roça vão todos com etiqueta, código de barras, tabela nutricional, selo de rastreabilidade. Mando para o consumidor final como se estivesse entregando para o mercado. Acho que eles merecem conhecer e saber a origem do que estão comprando.

E podem ficar em casa. O que hoje em dia é muito importante."