Levar e trazer quem combate a Covid-19

Keiny Andrade/Estúdio Folha
Daniela Senne de Aguiar, motorista de aplicativo e vendedora em concessionária

"Trabalho como motorista de aplicativo há pouco mais de um ano e também como vendedora de carros em uma concessionária. Quando a quarentena foi anunciada, a concessionária fechou e passei a me dedicar exclusivamente às corridas. Em nenhum momento pensei em parar porque preciso trabalhar e porque sabia que estaria ajudando outras pessoas que também não podem parar.

Tomo todos os cuidados para evitar o coronavírus, os passageiros também são cuidadosos, e a 99 dá todo o apoio para garantir que as viagens sejam seguras. Moro com meu filho de 16 anos, e meus pais, idosos, são meus vizinhos. Preciso me cuidar também por eles.

Percebi logo nos primeiros dias que estava, ainda que indiretamente, na luta contra a doença por levar para lá e para cá os profissionais da saúde. Para ter uma ideia, cerca de 80% das minhas corridas são para atender a esses profissionais incríveis, que merecem mais que nossos aplausos.

Contou para esse volume de corridas a campanha dos vouchers que esses profissionais receberam(*). Eles pagam com o voucher, e o valor entra para o motorista como se fosse um pagamento com cartão de crédito ou débito. É tudo pelo aplicativo. Para nós motoristas foi muito bom e acredito que para eles também, porque evitam o transporte público. Essas pessoas cuidam de vidas e precisam se cuidar também.

Para a higienização dos passageiros que entram no meu carro, deixo disponível o álcool em gel. Também mantenho um spray com álcool líquido e higienizo as maçanetas quando o cliente entra e quando sai. Ando com os vidros abertos para facilitar a ventilação. Além disso, a 99 oferece um serviço de desinfecção do carro sem custo nenhum.

Pelo aplicativo, recebo muitas mensagens com dicas de cuidados para evitar o coronavírus. Todo passageiro que entra no meu carro precisa estar de máscara. As pessoas têm respeitado bastante essa recomendação. Eu também a uso o tempo todo.

Agora, com a reabertura do comércio, estou voltando aos poucos para a concessionária. Mas nem penso em deixar esse trabalho como motorista de aplicativo. Conheço gente nova, converso muito. E me sinto muito bem por estar ajudando aqueles que tanto ajudam os outros."

*A 99 doou R$ 4 milhões em corridas para prefeituras e governos de todo o Brasil. São Paulo foi a primeira cidade parceira; 75 mil vouchers foram doados à Secretaria da Saúde.

Acervo pessoal
Cléia Divina Soares, auxiliar de enfermagem no Hospital Municipal Dr. Benedicto Montenegro

"A Daniela e os outros motoristas que atendem a 99 foram fundamentais para que eu pudesse completar minha jornada dupla neste período de pandemia", diz a auxiliar de enfermagem Cléia Divina Soares, 42. Ela se refere à motorista de aplicativo Daniela Senne de Aguiar (leia texto acima).

Moradora de São Bernardo do Campo, Cléia trabalha no Hospital Municipal Dr. Benedicto Montenegro, no Jardim Iva, zona leste de São Paulo, e faz estágio no Hospital São Camilo, na Pompeia, zona oeste, como parte do último semestre da graduação em enfermagem.

Desde abril, fez 81 viagens pelo aplicativo. Em algumas delas, a motorista era Daniela, que também mora em São Bernardo. "Ela sempre foi muito gentil. Sempre se mostrava preocupada com meu trabalho e com os riscos que eu poderia correr", afirma.

Cléia se beneficiou dos vouchers doados pela 99 à Secretaria da Saúde de São Paulo, que os repassava a profissionais da saúde. Na cidade, Cléia foi a passageira que mais usou o benefício.

Ela fazia o percurso com o aplicativo até a estação Sacomã do metrô e de lá seguia para seu destino, que podia ser a zona leste ou a oeste, de acordo com o plantão a cumprir. Na volta, ao chegar ao Sacomã, usava o voucher para completar a viagem até sua casa. "Meu plantão na Pompéia é de 6 dias por 1 de folga. Na zona leste é de 12 horas por 36 horas de folga -uma noite sim e uma não. É puxado, mas tenho de fazer isso para me formar", diz.

Teve ainda um complicador durante esse período. O filho, de 24 anos, técnico de enfermagem, foi infectado pela Covid-19 e ficou 15 dias isolado. "Eu cuidava dele e trabalhava, mas ele se recuperou e agora está bem."

Cléia conta que o benefício dos vouchers mudou sua vida. "Imagine trabalhar 36 horas, ir de ônibus até o metrô, depois pegar mais dois ônibus e ainda ter de caminhar por uma rua que é uma rampa para chegar em casa. Eu ficava muito cansada. Quando nos informaram que seriam fornecidos esses vouchers, achei uma maravilha."

Experiente no assunto, Cléia elogia os procedimentos de segurança adotados pelos motoristas. "Todos são muito cuidadosos, sempre usam máscaras, oferecem álcool em gel dentro do carro e dirigem com os vidros abertos. Gostei muito da conscientização. Alguns até disponibilizam máscaras quando o passageiro não tem."

"Fora a simpatia, muito importante no momento atual. Sempre foram muito atenciosos. Nossas conversas até chegar à minha casa me faziam esquecer o cansaço", diz.

As máscaras distribuídas pela 99 ajudam a garantir a segurança dos motoristas e dos passageiros contra a Covid-19 e a movimentar uma rede de apoio a imigrantes.

Do total de máscaras distribuídas pelo aplicativo de mobilidade urbana no Brasil, 40% são produzidas por ONGs como o CAMI - Centro de Apoio e Pastoral do Migrante.

Os imigrantes bolivianos Edwin Quispe, 38, e Marcos Villca, 28, trabalham em uma das oficinas de costura que entraram na parceria para produção das máscaras. "Esse trabalho veio num momento em que eu estava precisando muito. Com o início da quarentena, a oficina ficou parada dois meses. Estava devendo algumas contas e o cartão de crédito. Fiz 12 mil máscaras e o colega que trabalha comigo fez outras 12 mil", diz Quispe, que na Bolívia trabalhava como auxiliar de enfermaria. Pai de quatro filhos, ele conta que aprendeu a costurar quando chegou ao Brasil, em 2005. "Aprendi a fazer todo tipo de roupa", diz.

Villca também começou a costurar quando chegou ao Brasil, há nove anos. Na Bolívia, trabalhava como carpinteiro. "Estava muito difícil, mas graças a Deus apareceu esse serviço através do CAMI, da Pastoral do Imigrante. Foi um apoio muito importante porque tenho família, quatro filhos, e as contas não esperam", diz Villca.

"Buscamos algumas oficinas para atingir a demanda da empresa e já entregamos cerca de 60 mil máscaras", diz Victor Yamil Parraga, agente social facilitador e assessor do curso de empreendedorismo para oficina de costura do CAMI.

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