"Parte meu coração não poder abraçar meus filhos ao chegar em casa"

Keiny Andrade/Estúdio Folha

"Quando começou a pandemia, eu cuidava de coisas de rotina, do exame periódico, do demissional, coisas que toda empresa faz. Com a Covid-19, a área de saúde foi muito demandada. Mudou totalmente o escopo de um médico do trabalho comum.

Somos uma empresa de atividade essencial, que não fecha e não vai fechar, que vende medicamentos. Um dos pilares da companhia é cuidar de pessoas, por isso tínhamos a missão de manter nossas drogarias como um lugar seguro para clientes e funcionários.

Fomos uma das primeiras empresas a disponibilizar máscaras para todos os trabalhadores e a afastar os colaboradores com alguma doença de risco. Mais de 500 pessoas foram enquadradas nos critérios recomendados para ficar em casa.

Ao mesmo tempo, adotamos medidas de distanciamento para os clientes como marcação no chão e criação de barreiras nos caixas e nos balcões de atendimento.

Para os funcionários, criamos ainda uma estratégia de comunicação direta. Foram feitas caixinhas de remédios com 10 regras de ouro dentro, que chamamos de 'Doses de Cuidado', com orientações sobre como se comportar ao chegar em casa e para se prevenir contra contaminações. Todos os funcionários de filiais e dos centros de distribuição, cerca de 26 mil pessoas, recebem esse material a cada dois ou três dias.

Nossa intenção era que essas caixinhas fossem usadas de forma lúdica, em casa, com os familiares, para que todos se informassem sobre formas de proteção. Pelo retorno que temos, isso está acontecendo.

Uma das recomendações contidas na caixinha é não cumprimentar ninguém e ir direto para o banho ao chegar em casa. Essa é uma prática que eu e minha mulher, também médica do trabalho, seguimos à risca. Temos dois filhos pequenos e uma das coisas que mais apertam o coração é não poder abraçar e beijá-los ao chegar em casa.

Mas lembro aos funcionários que depois dessa higienização completa a gente vai estar seguro para dar muito mais beijos e abraços e não passar nada para os familiares. Nesses momentos difíceis, o carinho das pessoas que a gente ama ajuda muito.

Implantamos também um checklist de saúde a ser respondido antes do início da jornada de trabalho. Em todos os turnos, o gerente da loja faz esse questionário de saúde com cada funcionário.

Criamos ainda um grupo interno que faz acompanhamento médico e de apoio psicológico aos profissionais que já estão há mais de 100 dias na linha de frente. Mais de 2.500 colaboradores já passaram por ele. Quando é necessário o atendimento psicológico, ele é feito por meio do plano de saúde e acompanhamos o caso de maneira próxima.

Temos ainda uma parceria com uma rede de saúde para atendimento a todos por meio de telemedicina. Os funcionários podem tirar dúvidas e conversar com os médios e também com assistentes sociais. Quando um funcionário é hospitalizado, fazemos o monitoramento diário dele e dos familiares.

Os centros de distribuição eram outra de nossas preocupações. Foram mais de 40 me didas implementadas, entre elas retiramos todas as maçanetas e agora o acionamento das portas e demais itens de contato é feito com pedais. Demarcamos os lugares nas mesas para as pessoas fazerem suas refeições com uma distância segura, reforçamos os comunicados de higiene das mãos, disponibilizamos álcool em gel e distribuímos máscaras e face shields [escudo facial]. Também fechamos os espaços de convivência.

Escolhemos tecnicamente uma empresa para fazer desinfecção dos nossos ambientes. Há dois meses nossos centros de distribuição passam por essa desinfecção química todos os dias. Todos os produtos em estoque que vão para as prateleiras passam por uma sanitização completa. A desinfecção de ambiente também é realizada rotineiramente nas filiais.

Todo o trabalho de retaguarda, a tomada de decisão sobre fornecedores, a validação de máscaras, de face shields e de tudo que os funcionários estão utilizando passa por mim e pela minha equipe.

Eu validei os testes rápidos que algumas farmácias do grupo estão aplicando nos clientes. Ajudei a escolher o melhor prestador. Compramos um teste regulamentado pela Vigilância Sanitária que traz um resultado correto para o cliente. Também treinamos os farmacêuticos para aplicação desse testes, feitos com hora marcada.

Esse novo coronavírus está sendo estudado em todo o mundo e sempre aparecem novidades. Por isso, é fundamental que fiquemos atentos e bem informados sobre descobertas em centros de pesquisa e sobre as determinações da OMS, do Ministério da Saúde e dos órgãos de regulamentação. Isso direciona as decisões da empresa para que siga prestando o melhor atendimento à população, já que o papel do farmacêutico na orientação correta às pessoas é fundamental.

Todas as medidas de apoio e prevenção que implantamos são potencializadas pelo comprometimento de cada um de nossos profissionais, que merecem um agradecimento muito especial. Eles saem de casa todos os dias com a certeza de que fazem um trabalho fundamental para as pessoas que precisam de nossos serviços."

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