Os efeitos da pandemia da Covid-19 fez o Brasil adotar medidas que já eram empregadas há muito anos em outros países, como a telemedicina. A autorização para a prática foi dada pelo Ministério da Saúde em março. O objetivo é evitar idas desnecessárias a clínicas e a hospitais, reduzindo a circulação de pessoas e a exposição ao vírus.
A portaria do ministério prevê o atendimento pré-clínico, suporte assistencial, consulta, monitoramento e diagnóstico. Por meio dessa ferramenta, médicos podem emitir atestados, receitas médicas e determinar isolamento social.
Mas quais as outras vantagens dessa prática e o que acontecerá quando a pandemia passar? Para discutir o assunto, o Estúdio Folha reuniu em uma live o neurologista José Luciano Monteiro, diretor corporativo de telemedicina do Sistema Hapvida, e Ney Paranaguá, sócio da Maida Health, holding de tecnologia da Hapvida. A live, que foi patrocinada pela Hapvida, teve a mediação da jornalista Angélica Banhara.
A relação do paciente com o médico é conhecida como teleconsulta, enquanto as demais relações fazem parte da telemedicina. A telemedicina e a teleconsulta inauguram um momento digital da saúde no Brasil e no mundo e se tornaram indispensáveis nesse cenário de pandemia.
"Telemedicina nada mais é que a utilização de tecnologia de comunicação para troca de informações de saúde. Seja entre os profissionais de saúde, seja entre os profissionais e pacientes, de uma forma estruturada, organizada", explica Monteiro.
Muita gente acredita que a telemedicina é qualquer tipo de interação por meio dos meios tecnológicos, mas não é bem assim. Uma chamada de WhatsApp, por exemplo, não pode ser considerada telemedicina. Para que seja, é necessária uma estruturação de processos que fornecem segurança, eficiência e qualidade a toda interação entre profissional de saúde e paciente.
"Isso emprega não só tecnologia, que é uma parte extremamente importante, mas estruturas organizacional e de recursos humanos adequadas, com a parte assistencial, além de regras e protocolos clínicos, comportamentais, treinamento e educação. Com tudo isso junto podemos dizer que é um sistema de telemedicina", diz Monteiro.
Outras modalidades de teleintegração entre profissionais e pacientes já eram possíveis antes da portaria do Ministério da Saúde. "Tínhamos a teleorientação, simplesmente uma conversa que poderia ser via telefone, por exemplo, do médico com seu paciente em que ele ouvia o relato e poderia oferecer as primeiras orientações àquele beneficiário sobre o quadro sem poder exercer na totalidade aquilo que se chama de consulta. Também já tínhamos a telerradiologia, que permite um diagnóstico à distância. E as teleconsultas, com um médico e um paciente de um lado e do outro lado um outro médico especialista para que qualquer informação mais específica fosse verificada por esse profissional à distância ", diz Paranaguá.
Segundo Paranaguá, o que não acontecia era o beneficiário em qualquer lugar, tempo e contexto poder ter acesso a um profissional de saúde. "Essa é a grande novidade. Finalmente estamos no contexto de saúde reproduzindo experiências de comportamento que já são habituais em outros setores da sociedade. Um contingente da população que ficaria desassistida neste momento, encontrou na teleconsulta um caminho para receber assistência médica", diz Paranaguá.
A partir das experiências estimuladas por meio da teleconsulta direta, será possível criar soluções digitais em saúde, segundo Paranaguá. "Entraremos finalmente em uma época na assistência à saúde em que experimentaremos comportamentos completamente digitais. Se observarmos bem, veremos que não há uma grande solução digital em saúde, de uma maneira geral, como existe em finanças, por exemplo. Acho que agora fomos instados a buscar esse caminho", diz.
A telemedicina tem regulamentação vigente desde 2002. Ela não era proibida, mas a teleconsulta não podia ser realizada. As interações digitais não são consideradas consultas, mas apenas um apoio digital, segundo Monteiro.
60 MIL ATENDIMENTOS
Desde o dia 6 de abril, quando começaram as teleconsultas, a Hapvida já realizou mais de 60 mil atendimentos nesse novo modelo de interação. "O serviço teve uma percepção de qualidade excepcional. Apenas de 6% a 7% dos pacientes foram encaminhados para uma avaliação presencial no hospital. Os pacientes tiveram as prescrições realizadas pela plataforma. Foi uma forma de manter as pessoas em casa bem cuidadas e com segurança. Acreditamos que conseguimos salvar muitas vidas evitando contaminações", diz Monteiro.
Para informar os clientes sobre a nova modalidade de atendimento, a Hapvida apostou em marketing educativo e comunicação. "Preparamos um material especial educativo e informativo para os pacientes, tudo digital, com envios de SMS e email. O mais interessante é que essa divulgação passou de paciente para paciente", conta Monteiro.
O maior canal de acesso é o aplicativo. Uma hora antes da consulta, o paciente recebe um link de acesso. Todos os documentos eletrônicos médicos são gerados dentro da plataforma, com certificação digital e validade em todo o território nacional. Esse atendimento virtual está disponível 24 horas, sete dias por semana, para urgências em geral.
Esse canal não deve ser usado para emergências, como sintomas de AVC, de infarto, trauma, crise convulsiva. "Não dá para fazer isso numa teleconsulta. Fazemos telemedicina com responsabilidade para com o paciente e com o profissional. O aplicativo disponibiliza orientações para os pacientes nesse sentido. Quando ocorrem [essas emergências], a regra é encaminhá-los ao serviço de urgência", diz Monteiro.
A telesaúde não é novidade, já aconteceu 20 anos atrás, com a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), mas não se desenvolveu como o esperado na época. "Nossa sociedade é tele hoje. Somos tele nas relações com os bancos, nas relações sociais, com os alimentos, nas relações de lazer, de turismo e viagens. A única área que ainda não era tele no Brasil era saúde. Ser tele significa ter uma relação mais eficiente com o serviço. Queremos que haja um desenvolvimento sustentável da telesaúde", diz Monteiro.
"Estamos seguindo uma verdade que acontece em outras áreas da sociedade. Temos de caminhar muito, mas tendo feito essa caminhada vejo que a perspectiva é muito boa para o brasileiro", diz Monteiro.
TELECONSULTA 24 HORAS
O Sistema Hapvida é o maior sistema de saúde suplementar do Brasil, com mais de 40 anos de história e cerca de 6,4 milhões de clientes em todas as regiões do país.
Esses clientes já contam com teleconsulta de urgência simples e para Covid-19.
Basta acessar o site ou o aplicativo da Hapvida e realizar a teleconsulta por vídeo com um médico. O serviço é contínuo, 24 horas por dia, sete dias por semana.
Todo o sistema foi desenvolvido pelas equipes internas da Hapvida e pela Maida.health.