A transformação digital de empresas de diferentes tamanhos, fenômeno que começou ainda no século passado, passou por uma rápida aceleração em virtude da pandemia da Covid-19. O que levaria anos teve de ser feito em dias. Home office de praticamente toda a equipe, instalação ou ampliação de plataformas de ecommerce, armazenamento em nuvem, automação, uso de Inteligência Artificial e muitos outros desafios de TI entraram na ordem do dia. E uma certeza ficou ainda mais cristalina: o uso inteligente da tecnologia pode separar um empreendimento de sucesso de um fracasso.
Foi possível enxergar também que a transformação digital tem muito mais a ver com a transição para uma nova mentalidade estratégica do que apenas com a infraestrutura tecnológica. Negócios que apostaram também em métodos e processos ágeis, em uma cultura organizacional aberta à inovação e em captura e utilização estratégica de dados conseguiram reduzir custos sem comprometer a segurança ou o engajamento de clientes e colaboradores.
"As empresas tiveram que escolher rapidamente onde iriam focar, mantendo escalabilidade, resiliência e performance", afirma Juliana Coimbra Ricciardi, diretora de vendas digitais da IBM Brasil.
O uso de uma combinação de diferentes tecnologias permitiu que companhias de todos os tamanhos e setores atingissem novos patamares de competitividade, ela explica. "As empresas precisaram repensar os fluxos de trabalho com tecnologias que se complementam, como Inteligência Artificial e automação, que trazem ganhos de eficiência e devolvem às pessoas um bem precioso, que é o tempo", diz Juliana Coimbra.
Há uma correlação direta entre o uso de tecnologias de ponta e o resultado dos negócios. O instituto de pesquisas IDC prevê que, até 2025, as empresas inteligentes terão aumento na produtividade do trabalhador, resultando em tempo de reação mais curto do que os concorrentes, maior velocidade de inovação e introdução de novos produtos e maior satisfação do cliente.
"A Inteligência Artificial permite que empresas consigam mudar e melhorar resultados futuros, capacitar pessoas, criar decisões e processos automatizados e humanizar experiências, com o engajamento de funcionários e até de consumidores", afirma a executiva.
A HORA DA NUVEM
O primeiro reflexo da transformação digital, portanto, foi o movimento de repensar os fluxos de trabalho, com o apoio de uma combinação de tecnologias. Para construir e modernizar aplicações com agilidade e velocidade, no entanto, foi primordial a adoção do armazenamento em nuvem, que permite a democratização no acesso aos dados.
O aumento na demanda por ferramentas de colaboração online, comércio eletrônico e serviços levou a um crescimento de 34% no consumo de infraestrutura em nuvem no primeiro trimestre de 2020, de acordo com a Canalys.
O recorde de acesso levou o setor a faturar US$ 31 bilhões nos três primeiros meses do ano, segundo dados da Canalys, analista global do mercado de tecnologia. E foi essencial para dar suporte à continuidade dos negócios no momento da quarentena.
A adoção da nuvem híbrida é uma tendência importante porque traz a flexibilidade de uma infraestrutura central para resolver vários problemas sem a necessidade de grandes investimentos iniciais, diz Juliana Coimbra. "As empresas precisam de uma infraestrutura capaz de rodar aplicações de missão crítica com velocidade e agilidade", afirma. O grande pilar para isso acontecer é a adoção da nuvem, mas ela é capaz de endereçar operações críticas somente se for aberta e híbrida, explica a executiva da IBM.
DADOS E SEGURANÇA
Mais do que nunca, também, as empresas precisam ser capazes de prever de forma inteligente o que acontecerá em seus negócios, e não apenas serem reativas, usando como base para decisão os diagnósticos elaborados a partir de acontecimentos passados. Só assim será possível responder às mudanças e inovar com rapidez, com base na objetividade das informações.
A digitalização traz como efeito a produção de milhares de dados. A análise desses dados, usando por exemplo a Inteligência Artificial, é fundamental para a tomada de decisões.
Mas todas essas mudanças elevam riscos. "Na situação de transformação digital em que vivemos, as empresas precisam estar preparadas para lidar com ataques que possam vir por meio digital", diz Juliana Coimbra.
Os dados se tornaram um recurso rico para as empresas, e o aumento no número de ataques cibernéticos aponta para a vulnerabilidade dos acessos de forma remota. E mostra o quanto as pessoas são um elo sensível na segurança digital. A preocupação se justifica. De acordo com o relatório anual de inteligência IBM X-Force IRIS, houve um aumento de 40% no número de incidentes e ataques digitais no primeiro trimestre deste ano, se comparado ao mesmo período de 2019.
Um estudo feito em março, logo no início da pandemia, mostrou que em apenas um mês houve aumento de 6.000% no total de ataques de phishing, modalidade de golpe que tem como objetivo atrair o usuário a clicar em determinado endereço com o objetivo de roubar dados sensíveis.
"A segurança passou a ser uma prioridade", diz Juliana Coimbra. Pela simples razão de que os dados passaram a ser uma vantagem competitiva para as organizações. Qualquer tipo de violação ou ataque pode colocar tudo a perder, afetando a vida das pessoas e a reputação das empresas também.