Hospitais públicos ganham reforço da medicina privada para resistir à pandemia

Nestes tempos de pandemia, o distanciamento social é a fórmula para evitar a disseminação do coronavírus. Mas entre os hospitais públicos e privados "proximidade" virou a palavra chave no combate à doença que parou o mundo. Muitas instituições particulares se mobilizaram com o objetivo de apoiar iniciativas governamentais para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS).

O Hospital Albert Einstein, referência em medicina privada em São Paulo, destinou 164 ventiladores e 189 monitores para três hospitais –M'Boi Mirim, Vila Santa Catarina e Pacaembu (campanha)– para enfrentamento da Covid-19. O Einstein já participa da administração do M'Boi Mirim e do Santa Catarina em parceria com a Prefeitura de São Paulo. O Einstein também é o responsável pela operação do hospital de campanha do Pacaembu.

No M'Boi Mirim, o Einstein ajudou na ampliação de 150 leitos de enfermaria e 153 de UTI para pacientes com Covid-19. Em uma nova área anexa ao hospital, foram construídos 100 leitos, parceria do Einstein com Gerdau e Ambev, entregues no dia 27 de abril. Com a expansão, o hospital conta com 613 leitos, sendo 230 de UTI. Os equipamentos médicos foram doados pelo Einstein com recursos próprios ou através de doações.

"Nosso objetivo é estar junto com a sociedade brasileira na construção de um país onde todos os cidadãos tenham o máximo em saúde. A pandemia nos mostrou a importância do envolvimento de todos no enfrentamento dos problemas", diz Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

No Vila Santa Catarina, o Einstein forneceu equipamentos e staff para ativação de mais 136 leitos de enfermaria e UTI adulto para atendimento de pacientes oncológicos e transplantados com a Covid-19, totalizando 316 leitos. Na UPA Campo Limpo, ajudou na ampliação de 30 leitos de UTI, com a aquisição de 30 ventiladores e 42 monitores. Também foi montada uma tenda no local voltada a atendimento de baixa complexidade.

O hospital lidera iniciativas de pesquisa envolvendo cerca de 70 hospitais públicos e privados pelo país. Forneceu apoio ao Instituto Adolfo Lutz com 3.100 testes PCRs para Covid-19 e para toda a rede pública de Mogi das Cruzes, além do M'Boi Mirim e do Vila Santa Catarina. Fez doações de álcool em gel, máscaras e proteções faciais para os governos do Amazonas e do Pará.

O Voluntariado Einstein está arrecadando fundos para garantir a alimentação de famílias vulneráveis na região de Campo Limpo e Vila Andrade. A meta é ajudar 10 mil famílias. Arrecadou 120 mil máscaras que serão entregues para pessoas em situação de risco e distribuiu kits de higiene.

O Sírio-Libanês, outra referência em atendimento privado, firmou parceria com o Hospital das Clínicas de São Paulo para montar 10 leitos de UTI dentro da unidade pública. O Sírio-Libanês ficará responsável pela infraestrutura, como leitos, equipamentos e equipe médica com experiência em UTIs. O HC providenciará o espaço, insumos e equipe multiprofissional. Como parte da parceria, o Sírio-Libanês realizará treinamentos para capacitar os profissionais do HC.

Em apoio à comunidade, o Sírio-Libanês trabalha com teleorientação em parceria com Fleury (leia mais abaixo), produz aventais para hospitais públicos e gera renda ao mesmo tempo por meio do programa "Abrace seu Bairro", entrega cestas básicas, kits de higiene e gás de cozinha com verba arrecadada pela área de investimento social. Monitora o bairro para levantar as necessidades e desenvolver projetos que atendam às demandas locais (Bela Vista, República e Consolação).

"O Sírio-Libanês faz constantemente o monitoramento do entorno e atua diretamente nas questões mais importantes, como alimentação, geração de renda e apoio psicológico. Estamos oferecendo o suporte para que essas famílias possam adotar medidas de enfrentamento à pandemia", diz Vânia Bezerra, superintendente de Responsabilidade Social do Hospital Sírio-Libanês.

No âmbito federal, para o combate a Covid-19, elabora Planos de Resposta Hospitalar (crise e emergência externa) para o Ministério da Saúde, presta consultoria a 60 hospitais públicos sobre planos de contingência e dá apoio operacional e de logística de insumos ao ministério. Ampliou a equipe de teleconsultores para recebimento de ligações vindas dos canais oficiais do Ministério: o 0800 644 6543, atuando como um transbordo, com capacidade média de 72 teleconsultorias/hora.

O Grupo Fleury estabeleceu parceria com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e o Instituto Butantan para ampliar a capacidade de processamento de exames para diagnóstico da Covid-19, com prioridade para profissionais de saúde. A meta é processar, ao longo das próximas semanas, aproximadamente 26 mil testes diagnósticos, na metodologia RT-PCR. Por meio de uma parceria, Bradesco Seguros, Coca-Cola Brasil e Coca-Cola FEMSA estão aportando os recursos para realização dos exames pelo Grupo Fleury, que fará o processamento e análise a preço de custo. O investimento total é da ordem de R$ 4 milhões.

Médicos voluntários do Grupo Fleury e do Hospital Sírio-Libanês utilizam plataforma de teleorientação para se conectar a pessoas assistidas em projeto social. O projeto esclarece dúvidas sobre a Covid-19 da comunidade da Bela Vista (SP), moradores assistidos pelo projeto Abrace o Seu Bairro. A plataforma online, desenvolvida pelo Grupo Fleury, é acessível por celular. Os moradores devem acessar coronavirus.grupofleury.com.br e efetuar o cadastro. O projeto deve ser estendido para atendimento a populações de outros bairros.

Em São Paulo, a Rede D'Or, em parceria com a SulAmérica e Qualicorp, financiou a reforma de 95 leitos da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, voltados a atender pacientes do SUS com coronavírus. Já foram inaugurados 30 leitos de UTI. Até o dia 16 de maio, será finalizada a segunda fase das obras, com a abertura de 65 leitos de enfermaria. O investimento é estimado em R$ 20 milhões. Os recursos são destinados a obras de modernização da infraestrutura da Santa Casa. Também foram adquiridos equipamentos médico hospitalares e materiais e medicamentos necessários para suportar a operação durante três meses.

No Hospital das Clínicas de São Paulo estão sendo criados 56 leitos destinados a pacientes oncológicos e hematológicos do SUS com coronavírus. Uma parceria formada pela Rede D'Or e Bradesco Saúde está financiando o projeto, sendo 46 leitos de internação e 10 de UTI. A parceria vai investir R$ 2 milhões na contratação de pessoal especializado e médicos intensivistas.

A Dasa, referência em medicina diagnóstica no Brasil, se uniu ao Ministério da Saúde para criar um laboratório especializado para o diagnóstico da doença. A iniciativa prevê a realização de até 3 milhões de exames de RT-PCR nos próximos seis meses. A Dasa vai disponibilizar, de forma gratuita, profissionais e infraestrutura para o processamento dos exames em equipamentos e insumos cedidos pelo Ministério da Saúde. "Usaremos nossa expertise para montar uma estrutura que terá capacidade de processar 30 mil exames/dia de RT-PCR, considerada a metodologia 'padrão-ouro' para o diagnóstico da COVID-19", afirma Gustavo Campana, diretor médico da Dasa, que lidera o projeto.

Hospital particular apoia reativação de leitos públicos

No Rio, uma parceria entre Rede D'Or, Rede Ímpar e UnitedHealth Group Brasil com o Hospital São Francisco (HSF) e a Secretaria de Saúde do Estado prevê a criação de 110 leitos para pacientes da rede pública, sendo 28 de terapia intensiva, para o combate à pandemia do coronavírus. Também vai destinar recursos para adequação das instalações e para equipamentos como ventiladores mecânicos e monitores cardíacos. Considerado um dos maiores hospitais em número de leitos de internação no estado, o HSF mantinha parte desses leitos fechados por insuficiência de recursos. A parceria com as empresas de saúde viabiliza a sua reabertura e disponibilização à população fluminense.

A Rede D'Or também liderou a construção e operação Hospital de Campanha Lagoa-Barra, que começou a operar com 30 leitos. Com 200 leitos no total, sendo 100 de UTI, o hospital é voltado a pacientes do SUS vítimas da Covid-19 encaminhados pela Secretaria Estadual de Saúde. Os profissionais de saúde são todos da empresa. O investimento total é de R$ 45 milhões.

A Rede D'Or está arcando com R$ 25 milhões e R$ 20 milhões estão sendo custeados por Bradesco Seguros, Lojas Americanas, Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e Banco Safra em partes iguais. A Rede D'Or também vai construir e gerir um Hospital de Campanha no terreno que sedia o Parque dos Atletas, na zona oeste do Rio. Contará com 200 leitos, sendo 50 de UTI e 150 de internação. A obra, que se iniciou na última semana de abril, tem prazo previsto de 30 dias para o seu término. O terreno está sob gestão do governo do Estado. Orçados em R$ 50 milhões, os custos serão divididos entre Rede D'Or, Stone Pagamentos, Mubadala, Qualicorp, SulAmérica Seguros, Vale, Movimento União Rio e Banco BV.

No Distrito Federal, a Rede D'Or e a Rede Ímpar se uniram para doar ao governo R$ 4 milhões, além de 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O destino dos aparelhos e do valor doado ficaram a cargo do governo.

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