Informação e tecnologia são essenciais para reduzir desigualdade

O Brasil tem enormes desafios e essa realidade fica ainda mais evidente na área da saúde: a oferta de equipamentos e de profissionais está concentrada nas regiões mais desenvolvidas, onde boa parte de seus moradores têm cobertura da assistência médica particular.

Mesmo nessas regiões, o acesso a serviços de qualidade pode melhorar. Em todo o país, os gastos per capita com saúde não ultrapassam U$ 1.281 ao ano, bem abaixo dos mais de U$ 4.000 investidos pelos países que fazem parte da OCDE, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

Os principais gargalos do setor foram expostos por um estudo inédito feito pela Unidade de Inteligência da "The Economist", encomendado pela Takeda, e que norteou os debates da 3ª Jornada pela Saúde - A Blueprint for Success Brazil Summit 2020.

Se os problemas são muitos, as oportunidades para mudar esse cenário também são. Informação, capacitação profissional, uso de tecnologias e revisão do modelo de remuneração são fundamentais para enfrentar esses desafios, segundo os especialistas que debateram os "Desafios e Oportunidades no Mercado Público e Privado" durante o evento.

"A gente precisa de uma ruptura do 'mindset' ou não vai sair do lugar", afirma Martha Oliveira, diretora executiva da Designing Saúde Consultoria. Para ela, é preciso mudar o atual modelo em que as internações hospitalares consomem a maior parte dos gastos com saúde. "O acesso de fato é conseguir ter direito a um sistema de saúde, com prevenção, promoção de boas práticas e resultado para o que a pessoa precisa."

Um dos dados do estudo mostra que a região Sudeste concentra a maioria dos centros de alta complexidade do país. Uma das formas de atender às demais áreas do país é o uso da telemedicina, afirma Sidney Klajner, médico presidente da Sociedade Israelita Albert Einstein. Uma parceria entre o Einstein e o Ministério da Saúde vai possibilitar a instalação de 120 postos de telemedicina na região Norte.

Para Goldete Priszkulnik, médica e executiva em gestão em saúde suplementar, todos os stakeholders envolvidos no setor precisam ceder um pouco e rever seus custos e ganhos. Mais do que ampliar investimentos, ela propõe, por exemplo, uma melhor capacitação dos profissionais da área e políticas que incentivem as "pessoas a se cuidarem".

Sua proposta foi endossada por Sidnei Epelman, diretor da oncologia pediátrica do Santa Marcelina e presidente da TUCCA (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer). Segundo ele, os médicos precisam ser incentivados a ensinar o paciente, desde a infância, a adotar hábitos saudáveis. "Não adianta falar para o adulto parar de fumar, é preciso falar ao adolescente."

Antoine Daher, que preside a Casa Hunter e a Febrararas (Federação Brasileira das Associações de Doenças Raras), afirma que o governo deve chamar a iniciativa privada para, juntos, investirem em pesquisas por novas tecnologias. Essa parceria, diz, pode agilizar o diagnóstico e o tratamento de várias doenças. "Hoje um paciente com doença rara chega a demorar dez anos para receber o diagnóstico."

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