VOE PARA O PERU

De trem ou a pé, a mágica chegada a Machu Picchu

Trilha Inca
Trilha Inca é uma das formas de chegar a Machu Picchu, numa caminhada que leva 4 dias, a partir de Ollantaytambo, no Vale Sagrado

Chegar a Machu Picchu é sempre um momento mágico. Mesmo que seja um dos cartões postais mais conhecidos do mundo, uma imagem que até quem nunca foi consegue descrever em detalhes, pisar pela primeira vez na antiga cidade inca dá uma sensação de ser você o descobridor. Nem os mais de 1,5 milhão de visitantes que pisam ali por ano conseguem estragar a aura de aventura e mistério que a cidadela encravada no alto da montanha e, muitas vezes, coberta com uma insistente bruma matutina, provoca.

Até hoje ninguém sabe ao certo qual foi a importância de Machu Picchu para o império Inca, sua finalidade e nem mesmo sua dimensão, já que até hoje escavam-se novas áreas. E muito menos como este segredo ficou resguardado dos europeus, que nunca chegaram ali. O mundo ouviu falar de Machu Picchu apenas em 1922, através das publicações do historiador norte-americano Hiram Bingham, que "descobriu" o lugar 11 anos antes com a ajuda dos locais, o povo quéchua.

O fato é que hoje a cidadela perdida é fundamental para o Peru. Patrimônio Histórico da Unesco desde 1983 e listado como uma das 7 maravilhas do mundo moderno, Machu Picchu é a razão número 1 para um turista visitar o Peru, de acordo com pesquisas da Promperú, o escritório de promoção turística do país. Foi também eleita melhor atração turística do mundo, este ano, pelo World Travel Award, considerado o "Oscar do turismo".

Machu Picchu
Machu Picchu, uma das 7 maravilhas do mundo moderno

Sim, já valeria rodar o mundo apenas para ver isso com os próprios olhos, mas o Peru é um país tão inacreditavelmente recheado de atrações que Machu Picchu se torna para muitos a cereja do bolo, o gran finale de um incrível passeio que começa antes, um roteiro que invariavelmente começa em Cusco.

Cidade que foi capital do império inca, Cusco fica a 1 hora de voo de Lima e é o ponto de partida para se explorar a região do Vale Sagrado, como ficou conhecida a área que revela ainda hoje a grandiosidade da civilização inca. Capital arqueológica das Américas, por si só já valeria a viagem, tanto que Cusco foi eleita pelo segundo ano consecutivo a cidade número 1 na América Central e na América do Sul pelo World Travel Awards 2019 da revista Travel and Leisure. Conhecê-la no Inti Raymi (sugestão: linkar com a outra matéria), a Festa do Sol, então, é uma experiência única.

Considerada a cidade mais antiga do continente continuamente habitada, hoje Cusco, a 3.360 metros de altitude, atrai viajantes de todo o mundo e tem uma oferta hoteleira que vai de simples hostels para mochileiros ao luxo extremo. Aqui vale dizer que Cusco não tem apenas um hotel Belmond (ex-Orient Express), mas dois: o clássico Monasterio e o Belmond Palacio Nazarenas, antigo palácio/convento, que reabriu em 2012 para se tornar o mais nababesco da cidade. E não custa lembrar também que a rede tem outra propriedade praticamente dentro das ruínas de Machu Picchu, o Sanctuary Lodge. Seus hóspedes têm o privilégio de acessar o parque antes dos outros visitantes.

Um passeio pelo centro histórico de Cusco leva à bela e colonial Plaza de Armas e, inevitavelmente, ao Qorikancha, outrora o mais importante templo inca. Da estrutura milenar sobrou apenas a base, sobre a qual foi erguida a Igreja de Santo Domingo. Outra atração é o Mercado de San Pedro, onde se pode ver e provar alguns dos 3 mil tipos de batata cultivados na região.

Plaza de Armas, em Cusco
Plaza de Armas, em Cusco

É dos arredores de Cusco que partem os trens para Aguas Calientes, porta de entrada para as ruínas de Machu Picchu. Trata-se de uma viagem linda, que atravessa o Vale Sagrado e dura entre 2 e 3 horas e meia, dependendo do trem e da estação de embarque. Aqui também há opções para viajantes de todos os budgets. O Expedition é mais simples, o Vistadome tem serviço de bordo mais caprichado e janelas panorâmicas maiores. Já o Hiram Bingham leva a assinatura da Belmond e é um dos trens mais luxuosos do mundo. Uma festa que inclui música e dança a bordo, refeições sofisticadas e quanto pisco você for capaz de consumir e ainda chegar de pé a Aguas Calientes.

Quem passa a noite em Aguas Calientes tem o privilégio de chegar a Machu Picchu nas primeiras horas da manhã. É preciso pegar um ônibus que leva 30 minutos da cidade para a entrada do parque.

A outra forma de chegar a Machu Picchu dispensa o ônibus, já que chega diretamente a Machu Picchu pelo "portal do sol" ou Intipunku, após percorrer, a pé, os 43 quilômetros da mais famosa peregrinação da América do Sul. A Trilha Inca leva 4 dias, a partir de Ollantaytambo, no Vale Sagrado. É uma rota antiga e estreita que revela picos nevados, rios, cordilheiras longínquas e florestas cobertas de nuvens. Para muitos, uma experiência mística.

Achou 4 dias muito? Pois viajantes ainda mais animados percorrem uma rota ainda mais longa, a do Salkantay, que entrou para o rol das experiências de aventura nos últimos anos por revelar vistas incríveis e ter hospedarias muito charmosas e sofisticadas no caminho. São 6 dias de caminhada e memórias para uma vida.

Espaço Pago
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