Adultos devem mediar leitura de livros digitais para crianças

A leitura em meio digital tem se popularizado aos poucos. Apesar de pediatras recomendarem que menores de 2 anos não tenham contato com telas de TV, tablet e celular, crianças têm tido acesso cada vez mais cedo a esse tipo de tecnologia.

Segundo o Itaú Social, cabe aos pais controlar o tempo de exposição e selecionar o conteúdo a que os filhos terão acesso.

"Na perspectiva de leitura para criança pequena, é cada vez mais comum ver livros digitais que combinam movimento com texto. E essa é uma realidade que veio para ficar", afirma Eduardo Marino, gerente de Conhecimento Aplicado da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.

O importante na leitura digital infantil, segundo Marino, é que o adulto faça o papel de mediador. Não é para largar o celular na mão da criança.

"O adulto precisa responder a perguntas e interagir. Ao ouvir a voz do pai ou a da mãe, a criança vai se vinculando à história", explica a presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Luciana Rodrigues.

Com esse objetivo, a campanha "Leia para uma Criança", da Fundação Itaú Social, utilizará plataformas digitais para disseminar o hábito da leitura, distribuindo histórias infantis em celular ou tablet.

O mercado editorial infantil já percebeu a necessidade de oferecer produtos em meio digital para seu público. A venda desses livros ainda representa pouco do faturamento das editoras no país (foi de 3,5% em 2014 para 4,27% em 2015, segundo o PublishNews), mas a tendência é de crescimento.

A Leiturinha, clube de assinatura de livros infantis, percebeu o movimento e liberou, no seu aplicativo, o acesso a uma biblioteca digital. "Se vou viajar, não consigo carregar a biblioteca da minha filha comigo, mas posso levar meu celular ou meu tablet, que dão acesso a esses conteúdos", diz Rodolfo Reis, sócio do clube.

A pesquisa Retratos da Leitura, realizada este ano pelo Ibope, mostra que 34% dos leitores já leram publicações digitais. Os meios mais utilizados são os smartphones (56%), seguidos dos computadores (49%) e dos tablets (18%).

"Estamos vivendo uma nova forma da construção do conhecimento, não dá para negar. Os vestibulares estão exigindo isso, e os jovens estão encontrando formas de adquirir essa experiência", afirma Marino.

Para Carlo Carrenho, fundador do PublishNews, o livro digital por si só não vai aumentar a base de leitores, mas deve eliminar barreiras geográficas, facilitando e democratizando o acesso à leitura.

"É cada vez mais comum ver livros digitais que combinam movimento com texto"
Eduardo Marino, gerente da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal