"Fui diagnosticada com câncer de mama em 2013. Comecei o tratamento com quimioterapia. Em outubro daquele ano fiz mastectomia total, com esvaziamento de axilas. Depois, fiz a radioterapia. Após isso tudo, fiquei quase três anos tomando um bloqueador hormonal. No fim de 2015, vieram as metástases, primeiro nos ossos e depois no fígado. Aí surgiram os linfonodos no abdômen. Sigo em quimioterapia desde então.
Atualmente faço químio a cada 21 dias e tomo uma injeção para ajudar na imunidade. Estou fazendo meu tratamento na unidade Itaim do Sírio-Libanês. Os exames eu faço na unidade da Bela Vista.
Quando começaram a falar em pandemia, fechamento de escolas, a médica marcou uma consulta para me explicar direitinho como seguiríamos com o meu tratamento. Chegamos a adiar por um mês um de meus exames, o pet scan (que define com maior precisão o estágio de doenças como o câncer), porque estava tudo muito incerto. Mas no meu caso não posso adiar muito. Tenho de saber como a doença está evoluindo.
Os funcionários do hospital passam bastante segurança para a gente. Eles atendem de máscara. Tem álcool em gel em todos os cantos. Para entrar, eles medem nossa temperatura. Na última vez em que estive no hospital, cheguei com minha máscara de pano, mas troquei pela que eles dão para a gente usar enquanto estiver lá dentro.
Toco a minha vida. Nos últimos sete anos tenho colaborado com trabalhos voluntários em ONGs que atuam na região de Interlagos, onde moro. Recebo relatos de muitas mulheres em tratamento de câncer no sistema público que estão sem consulta. Dizem que não há contraste para exames. A situação está bem complicada e isso se junta ao medo de ir ao hospital.
Eu não tenho do que reclamar. Costumo falar que, tirando o câncer, estou bem."