Pandemia reforça importância do elo entre oncologista e paciente

A pandemia de Covid-19 gera muito medo e ansiedade em todo mundo. Em pacientes com câncer, esse sentimento se une às incertezas que já existem no tratamento oncológico. Nessa situação, o elo entre o paciente e o médico passa a ser ainda mais importante. É o especialista que saberá pesar riscos e benefícios e garantir que o paciente mantenha o tratamento da forma mais efetiva.

"Existem tratamentos oncológicos que não devem ser adiados nem interrompidos. Muitas vezes o risco de complicações da doença é maior do que o de uma eventual infecção pelo coronavírus", diz Diogo Bastos, oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês. "Cada caso deve ser avaliado individualmente, de acordo com a queixa específica do paciente, a doença, o tipo de tratamento", afirma.

"Para cada paciente existe uma solução customizada ideal. Essa é a chave de tudo", diz Artur Katz, diretor do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo. Cada caso deve ser avaliado de maneira personalizada, para que o médico possa determinar se é seguro interromper um tratamento, adiar uma consulta, um exame de avaliação ou se é necessário ir adiante, segundo Katz.

Quando o paciente tem alguma dúvida, o melhor é entrar em contato com a equipe médica para que seja orientado. Não só em relação a sintomas, mas também a exames que estejam agendados. "Se a comunicação médico-paciente não está adequada, a gente começa a ter risco de algum problema, de algum tratamento que pode não ser o ideal", diz Bastos.

Hoje, uma das grandes preocupações, segundo Bastos, é que pessoas com sintomas fiquem em casa com medo do novo Coronavírus e, no momento em que decidirem ir ao hospital, já estejam em uma situação de difícil tratamento. "O câncer pode gerar consequências de difícil reversão. Muitas vezes, uma intervenção precoce faz a diferença", afirma Bastos.

É importante que o paciente em tratamento saiba que é seguro ir ao hospital realizar os procedimentos necessários. O Sírio-Libanês, por exemplo, adotou protocolos de segurança contra o novo Coronavírus para manter o atendimento dos pacientes oncológicos e assegurar assistência médica de urgência. Casos confirmados ou suspeitos de Covid-19 ficam totalmente separados, desde o acesso ao hospital.

MENOS DIAGNÓSTICOS

Estima-se que desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, pelo menos 50 mil pessoas deixaram de ser diagnosticadas com câncer, segundo dados levantados pela Sociedade Brasileira de Patologia. Houve uma queda expressiva no número de biópsias realizadas desde meados de março.

"A gente sabe que lá na frente isso vai ter um impacto muito grande em diagnósticos e tratamentos represados", diz Fernanda Capareli, oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio- -Libanês. Há condições que não podem esperar. "Doenças cardiovasculares e oncológicas são altamente prevalentes, são as duas principais causas de óbito no Brasil. Se o paciente tem algum sintoma, tem de procurar auxílio médico rapidamente", diz Capareli.

A médica reforça que o câncer, com toda sua multiplicidade, é uma doença cujas condutas têm que ser individualizadas e discutidas com o oncologista.

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