Vinhos do mundo: entenda as diversas regiões produtoras

Bebida eclética, que combina com praticamente todos os tipos de comida, o vinho hoje é consumido em inúmeros países. E sua produção também se tornou global.
Para facilitar a compreensão das diferenças entre as principais regiões, destacamos, com a ajuda da sommelière Ana Cristina Fulgêncio, oito países que produzem rótulos encontrados facilmente na Wine.

Wine/Estúdio Folha
Vinhos do mundo
Vinhos do mundo

FRANÇA

De acordo com a OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho), a tendência é que a França seja o segundo maior produtor de vinho (em volume). O país possui as denominações mais famosas e alguns dos vinhos mais caros -e também os mais imitados.

"O país inventou o vinho moderno, a profissão de enólogo e a faculdade de enologia", conta Ana Cristina. "Além disso, possui um dos melhores climas do planeta para a produção de uvas e um dos melhores carvalhos para amadurecer o vinho. As uvas mais plantadas são de origem francesa. Brancos, tintos, espumantes, vinhos de sobremesa. No que produz de melhor, o país de Victor Hugo é imbatível."

Um belo exemplar francês (e com bom custo-benefício) é o tinto Maison Bouachon Le Rabassières A.O.C. Côtes-Du-Rhône 2015.

Outro ótimo exemplo é o Champagne Montaudon Grande Rosé.

PORTUGAL

O país possui uma longa tradição vinícola, com sua história tendo sido iniciada pelos romanos muitos séculos atrás. São poucos os países que possuem a mesma vantagem portuguesa: quantidade fascinante e variada de vinhos por conta da riqueza de suas cepas nativas, como a Touriga Nacional.

"Os portugueses são uns dos poucos que fogem ao cultivo majoritário de uvas francesas, como a cabernet sauvignon e a chardonnay, e que brilham com suas cepas nativas. Seus vinhos, geralmente expressivos e autênticos, vêm conquistando a cada dia mais admiradores pelo mundo", diz Ana Cristina.

A sommelière cita como exemplos o JP Azeitão Tinto 2015 e o Burmester Branco Douro DOC 2014.

ÁFRICA DO SUL

Com mais de 300 anos de história, os vinhos sul-africanos refletem as tradições do chamado "velho mundo" (países europeus como França, Espanha, Itália), porém são influenciados pelo estilo contemporâneo do "novo mundo" (EUA, Chile, Austrália, entre outros).

As regiões produtoras possuem uma boa diversidade de mesoclimas e terroirs, variando da costa até um quase deserto, o que se reflete nas variedades de uvas e vinhos produzidos. Verões agradáveis e invernos bastante frios caracterizam o clima como temperado.

"Esse país incrível foi capaz de criar uma uva própria", conta Ana Cristina. "Em 1925, o professor Abraham Izak Perold criou a partir de um cruzamento entre pinot noir e cinsault a uva pinotage. Com o manejo correto dos vinhedos e o aprendizado refinado, chegou-se ao longo do tempo a uma pinotage que resulta em vinhos saborosos, elegantes e ricos."

Essas características podem ser encontradas no Fleur Du Cap Unfiltered Pinotage 2015 e no Neethlingshof Estate Chenin Blanc 2016.

ESTADOS UNIDOS

Foi na Califórnia, hoje a líder do mercado de vinhos norte-americano, onde tudo começou, por volta de 1779, quando missionários franciscanos plantaram as primeiras vinhas no país. Durante os cem anos seguintes, essas mesmas uvas continuaram sendo a base da viticultura, chegando aos pequenos viticultores em Los Angeles.

"Mas não é só de rótulo californiano que a história do vinho nos Estados Unidos é feita", afirma Ana Cristina. "Estados como Nova York, Washington, Oregon, Missouri, Virgínia, Nova Jersey, Michigan e Texas apresentam crescimento marcante e rótulos que colaboram para aumentar a boa fama do país."

Entre as opções, estão o Dancing Bull Zinfandel 2013 e o Frei Brothers Reserve Chardonnay 2014.

ESPANHA

Com a maior área cultivada em vinhedos do mundo e a terceira maior produção -atrás apenas da Itália e da França-, a Espanha é responsável por alguns dos vinhos mais tradicionais do planeta. Além de Rioja, sua região mais famosa, outras áreas têm se firmado no cenário internacional como fornecedoras de vinhos de alta qualidade.

"Exceto a crescente produção dos tintos maduros e de estilo moderno, menos concentrados em madeira e mais cheios de fruta, a Espanha ainda se destaca por brancos joviais e fáceis de beber e, principalmente, pelos seus excelentes espumantes, os cavas, que estão entre os melhores do mundo", conta Ana Cristina.

Ela sugere o Toro Loco Reserva 2012 e o Protos Branco D.O. 2014.

ARGENTINA

Comparada a outros países do "velho mundo", a Argentina não tem a mesma "experiência" na produção de vinhos, mas, sem dúvida, desenvolve bebidas cheias de personalidade e robustez, que agradam, e muito, ao paladar dos brasileiros. "Uma interessante combinação de diversidade, excelentes condições de solo, natureza e clima, além das uvas privilegiadas, torna o país um dos polos mais atrativos do globo para a produção de excelentes rótulos, principalmente da casta malbec", ensina Ana Cristina. "Não por acaso, a Argentina é a nona maior produtora de vinhos do mundo."

Dois belos exemplos da produção argentina são o Goulart M The Marshall Reserve Malbec 2012 e o espumante Doña Paula Sauvage Blanc Extra Brut.

ITÁLIA

Com mais de 3.000 anos de história no mundo vitivinícola, a Itália, hoje, é a maior produtora de vinhos do mundo (em volume), contando com uma enorme variedade de castas e uma quantidade imensa de hectares dedicados aos vinhedos. Sempre presente na cultura italiana, a bebida foi introduzida na região pelos gregos e etruscos, mas disseminada pelos romanos.

"A localização privilegiada da Itália, no coração do Mediterrâneo, foi providencial para que o país se tornasse um dos primeiros exportadores de vinho. Reconhecida por sua rica diversidade de uvas e estilos, a Itália produz bons exemplares de Chianti, Amarone, Prosecco, Brunello, Barolo, entre outros", conta Ana Cristina. Especula-se que existam mais de 350 tipos de vinhos italianos entre as denominações DOC, DOCG e IGT, além de 2.000 variedades de uvas nativas.

Ana Cristina sugere o Carpineto Dogajolo IGT Toscano Rosso 2014 e o Batasiolo Barolo Cerequio DOCG 2008.

CHILE

Quando se trata de cabernet sauvignon na América Latina, há pouca dúvida: o Chile é a terra que produz os melhores exemplares dessa uva. "Alguns especialistas chegam a afirmar que se trata do melhor do mundo", diz Ana Cristina. "O solo e o clima chilenos guardam particularidades que garantem, de fato, uma vinificação impecável, que se estende a outras variedades importantes, como merlot, carménère e syrah, entre os tintos, e chardonnay e sauvignon blanc para os brancos. Em síntese, os vinhos do Chile possuem uma grande diversidade de estilos." Alguns produtores têm a tendência de seguir a linha "velho mundo", indo para o lado da elegância e expressão da fruta. Por outro lado, o país é muito conhecido por seus vinhos ricos, concentrados, com intensas notas de frutas maduras e toques de amadurecimento em barricas de carvalho.

Dois exemplos são o Canepa Finísimo Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2014 e o Maycas del Limarí Quebrada Seca Chardonnay 2013.