Descrição de chapéu sustentabilidade

PLANETA CORRE CONTRA A CRISE CLIMÁTICA

Debate sobre existência doaquecimento global está ultrapassado, questão agora é como atenuá-lo

Com os dados científicos se acumulando, sejam sobre chuvas mais intensas, nível do mar subindo ou massas de gelo derretendo, a questão que se impõe para os principais governantes do mundo até 2030 é o que deve ser feito para que os bilhões de habitantes da Terra não sejam atingidos em cheio pelos graves efeitos do aquecimento global neste século.

Se em 2007, quando o IPCC (Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas) apresentou o seu quarto relatório síntese em Paris, a sociedade acusou centenas de cientistas de alarmistas, o cenário mudou drasticamente nos últimos cinco anos.

Em 2014, o quinto relatório do painel atrelado à ONU, assinado pelos mais respeitados pesquisadores internacionais de diversas áreas que trabalham de forma voluntária, ratificou os dados de sete anos antes. O aquecimento global não apenas é real como está sendo causado principalmente pelo homem, afirmaram os cientistas no documento. Várias das mudanças climáticas observadas pelos pesquisadores desde 1950 no planeta não têm paralelo em décadas ou milênios anteriores.

No hemisfério Norte, os dados publicados há seis anos mostraram que o período de 1983 a 2012 havia sido o intervalo de 30 anos mais quente dos 1.400 anos anteriores, dentro do que se pode analisar. Entre 1880 e 2012, a temperatura média do planeta subiu 0,850C. Além disso, entre 1971 e 2010 os primeiros 75 metros da coluna de água dos oceanos ficaram também 0,110C mais quente. Os recordes históricos de meses mais quentes continuam sendo batidos em 2020.

Desde a era pré-industrial, a quantidade de gases de efeito estufa lançada na atmosfera contribuiu para aumentar as concentrações de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso.

O que se mede hoje na atmosfera não encontra precedentes nos últimos 800 mil anos, dizem os pesquisadores. Com isso, o homem está alterando os mecanismos do efeito estufa, um sistema natural que tem como função, em última instância, manter a terra habitável ao evitar que o calor se dissipe. Ao queimar combustíveis fósseis e desmatar florestas, a humanidade está entupindo a atmosfera da Terra com carbono. Com mais gases no ar, o calor fica aprisionado e, ao não escapar ao espaço, faz as temperaturas aumentarem, o que muda toda a dinâmica natural do planeta.

O cenário climático descrito pelos estudos científicos nas últimas duas décadas está posto em vários cantos do planeta. A temperatura média da Terra, se nada for feito, pode subir por volta de 30C até 2100, e o nível médio do mar sofrer uma elevação de 59 cm. Todas essas mudanças geradas pelo aquecimento global trarão secas e chuvas mais intensas além de consequências severas para as correntes marinhas, que fazem o balanço de todo o clima planetário. Se a corrente do Golfo, por exemplo, ficar enfraquecida, a Europa sofrerá com temporadas bem mais rigorosas de frio.

Áreas congeladas

Áreas mais sensíveis do planeta, como as regiões montanhosas ou os círculos polares, onde vivem aproximadamente 1,4 bilhão de pessoas, merecem uma atenção especial, afirmam os cientistas do IPCC. Entre outros motivos porque as geleiras de regiões como os Andes, por exemplo, são fontes de água potável para países e milhões de pessoas.

“O mar aberto, o Ártico, a Antártida e as altas montanhas podem parecer distantes para muitas pessoas ”, segundo o economista sul-coreano Hoesung Lee, presidente do IPCC. “Mas dependemos deles e somos influenciados por eles direta e indiretamente de muitas maneiras. Pelo clima, por comida e água, por energia, comércio, transporte, recreação e turismo, por saúde e bem-estar, por cultura e identidade”, afirmou o executivo há um ano, quando o painel da ONU lançou um estudo específico sobre as partes geladas do planeta.

“Se reduzirmos as emissões drasticamente, as consequências para as pessoas e seus meios de subsistência ainda serão desafiadoras, mas potencialmente mais gerenciáveis para aqueles que são mais vulneráveis”, disse Lee. “Se aumentarmos nossa capacidade de construir resiliência, haverá mais benefícios para o desenvolvimento sustentável”, explica.

A indicação dada pelo presidente do IPCC, de que as mudanças climáticas podem ser mitigadas e não significam um cenário de filme catástrofe é encampada por vários cientistas, inclusive pesquisadores que estudam o tema há décadas no Brasil. O que não significa que o problema não seja grave e não precise ser tratado como uma emergência.

“O oceano e a criosfera do mundo estão ‘retendo o calor’ da mudança climática por décadas, e as consequências para a natureza e a humanidade são abrangentes e graves”, disse Ko Barrett, vice-presidente do IPCC. “As rápidas mudanças no oceano e nas partes congeladas de nosso planeta estão forçando as pessoas de cidades costeiras e comunidades remotas do Ártico a alterar fundamentalmente os modos de vida”, afirma a cientista americana.

Apesar de as mudanças serem rápidas e reais, a própria ciência, além da política internacional, devem fazer parte da solução. “Compreendendo as causas dessas mudanças e os impactos resultantes e avaliando as opções disponíveis, podemos fortalecer nossa capacidade de adaptação”, disse ela, a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente do IPCC, em 2015.

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