Brasil e Países Árabes apostam no crescimento do comércio bilateral em um mundo pós-pandemia

O comércio e os negócios entre o Brasil e os Países Árabes têm espaço e devem aumentar ainda mais, sobretudo no novo cenário global, pós-pandemia da Covid-19. Essa é a principal conclusão de autoridades e empresários que participaram nesta segunda-feira (19) da abertura do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, em formato online, e reuniu mais de 3.000 participantes.

A defesa de um incremento nas importações e exportações envolvendo esses países e um maior relacionamento bilateral começou com o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, que participou da abertura do evento. Ele estava acompanhado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

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Presidente Jair Bolsonaro, acompanhado dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Paulo Guedes (Economia), discursa na sessão de abertura do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes

No discurso de abertura do fórum, que irá até o dia 22, Bolsonaro destacou que "as relações entre o Brasil e os Países Árabes estão no seu melhor momento". "Temos interesses em comum e vamos multiplicar os números dos negócios. Temos uma agenda focada em resultados", declarou o presidente da República.

Ainda de acordo com o presidente Bolsonaro, "queremos aproveitar o enorme potencial que ainda há para ser explorado nos mais diversos setores e abrir novas frentes de diálogo, cooperação e trabalho pela prosperidade das nossas nações".

Na sessão solene, o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, destacou que, apesar do grande avanço do comércio entre o bloco e o Brasil nos últimos 20 anos, o volume de negócios entre as partes pode ser muito maior. "O alicerce já está pavimentado. Vamos ampliar os negócios ainda mais, vamos desburocratizar e explorar as sinergias", disse Hannun.

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Rubens Hannun, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, dá as boas-vindas aos participantes online do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes

Já para o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abou Al Ghait, o Fórum é uma excelente oportunidade para ampliar as relações comerciais e econômicas entre os dois povos e "deve contribuir para estreitar os laços históricos, culturais e econômicos".

O ministro das Relações Internacionais e Cooperação dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Ahmed Ali Al Sayegh, em sua exposição, disse que há espaço para crescer ainda mais o comércio bilateral entre os dois mercados. Ele destacou que o Brasil deve avaliar novas oportunidade de negócios como, por exemplo, o maior uso dos portos árabes, além de outras áreas como tecnologia, inovação e energia.

O secretário-geral da União das Câmaras Árabes - que representa o setor privado de 22 Países Árabes-, Khaled Hanafy, afirmou que ainda é pequeno o fluxo comercial árabe-brasileiro e que é preciso "abrir as portas" para que cresçam as importações e exportações.

PAINEL

Uma das atividades do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes foi o painel "Perspectivas para o Brasil e os Países Árabes no novo cenário global".

Com a participação de sete especialistas, entre eles, o embaixador Rubens Barbosa, do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior, Ouided Bouchamaoui, CEO da HBG Holding e prêmio Nobel da Paz de 2015, algumas das conclusões surgidas do debate foram: investir em inovação, tecnologia, repensar sobre nossas ações no sentido de minimizar os efeitos das mudanças climáticas e trabalhar para melhorar as relações humanas.

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Painelistas debatem sobre as perspectivas para o Brasil e Países Árabes no novo cenário global, durante o Fórum Econômico Brasil & Países Árabes

Um dos participantes, o economista-chefe e diretor de Pesquisa e Cooperação Internacional do Afreximbank, Hippolyte Fofack, afirmou que a recessão provocada pelo Covid-19 pode ser vista como uma oportunidade de novos negócios.

Segundo ele, é esperada uma recuperação acentuada no ano que vem e que a tecnologia deverá ser um dos maiores motores desta retomada. "Se aumentarmos em 10% os investimentos em tecnologia podemos colher um crescimento de 4% do PIB mundial", disse Fofack.

Para a Nobel da Paz em 2015 e CEO da HBG Holding, Ouided Bouchamaoui, é preciso vontade política para o aumentar os negócios entre os países. Na visão dela, sem acordos tributários é muito difícil construir um ambiente que favoreça a realização do comércio. "O papel da câmara é importantíssimo nesse sentido. A oportunidade existe e é preciso trabalhar em cooperação para termos um futuro melhor para todas as partes envolvidas", afirmou.

O secretário-geral adjunto para Assuntos Econômicos da Liga Árabe, Kamal Hassan Ali, destacou a importância do Brasil para o abastecimento dos Países Árabes. "O volume de negócios entre os países do bloco e Brasil ainda é pequeno, tem potencial para crescer muito mais", disse. Para ele, é preciso proporcionar aberturas de negócio principalmente na área de transporte marítimo.

REFORÇO

O primeiro dia do fórum serviu também para anunciar que a Câmara do Comércio Árabe-Brasil terá dois novos escritórios: um no Cairo, no Egito, e outro em Riad, na Arábia Saudita.

O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun. Esses dois novos escritórios somam-se ao que a Câmara já mantém em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que entrou em operação em fevereiro do ano passado.

Essas novas unidades de representação da Câmara deverão ajudar na promoção de diálogo e melhorar a relação entre os países. A unidade do Egito deverá servir de porta de entrada para a África Subsariana. A de Riad, como Hub para outros países da região.

DEBATE

O fórum também contou com a discussão entre Câmaras. Participaram do debate o secretário-geral da Federação das Câmaras Egípcias, Alla Ezz; o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Alemã, Al-Mikhlafi; e o presidente da Associação Brasil-Jordânia de Negócios, Jamal Fariz. A discussão teve como moderador o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira,Tamer Mansour.

2º DIA

Nesta terça-feira (20), o evento segue das 9h05 às 12h50. O tema será "Uma nova ordem dos negócios internacionais?". Estão confirmadas as participações do embaixador Osmar Chohfi, vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, e dos ministros Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovações, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, entre outros debatedores. Acesse o fórum

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