Evento dedicado ao fomento do mercado, o Cannabis Thinking virou uma excelente régua para medir o amadurecimento do setor no Brasil. Pelo quarto ano consecutivo, ele reunirá profissionais como pesquisadores, médicos, empresários, além de representantes do Executivo, do Legislativo, da indústria e do terceiro setor, nos dias 16 e 17 de setembro, em São Paulo. O evento será totalmente virtual e as inscrições são gratuitas.
O objetivo do encontro é fazer um apanhado do que há de mais atual no mercado nacional e mundial para uma plateia bem diversificada, que já está no setor ou quer entrar nele. As palestras pretendem ajudar o público a dimensionar a amplitude desse mercado. Além disso, serão apresentadas as startups finalistas do projeto de aceleração de negócios da The Green Hub, idealizadora do evento.
Em 2019, o Cannabis Thinking surgiu como novidade, ainda em formato pocket de apenas um dia. A seriedade e potencial informativo com que foi concebido trouxeram de imediato grande prestígio. Vale lembrar que a abertura do evento foi com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Naquele ano, ocupava apenas o térreo do CIVI-CO, polo de inovação para empreendedores, na zona oeste da capital paulista, onde fica a sede da The Green Hub, a primeira aceleradora de negócios direcionados do país.
"No Brasil só não enxerga o que acontece quem não quer. A maconha ou as drogas mais pesadas não estão apenas na favela, mas também nas casas da classe média e dos mais ricos. É preciso restringir, regulamentar, mas não proibir", disse o ex-presidente durante o congresso de 2019. "O álcool faz mal. Beber todos os dias faz mal. O mesmo acontece com as outras drogas", enfatizou FHC, que também abordou a questão dos encarceramentos ligados à maconha.
Para o ex-presidente e inúmeros especialistas, a regulação está ligada diretamente a uma agenda social de trabalho de inclusão e eliminação de barreiras para uma sociedade mais justa. Nesta mesma linha de atuação está o Humanitas360, um dos principais apoiadores do Cannabis Thinking, que todos os anos reforça o conteúdo humanitário e social que o mercado, se bem orientado, pode trazer. Nesta edição, José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, irá subir ao palco para contar como o programa Racismo Zero pode se beneficiar com o mercado da Cannabis.
Esse mercado tem potencial natural para seguir as metas de sustentabilidade corporativa, atualmente representadas pela sigla ESG (Environmental, Social and Governance). A planta tem a capacidade de regenerar o solo – ou seja, limpar a terra de materiais tóxicos e devolver o equilíbrio de sua composição – e ainda pode ser aproveitada integralmente. É matéria-prima para a indústria farmacêutica, têxtil, de celulose e da construção civil, entre outras. Se o cânhamo industrial fosse regulamentado no país, estima-se que levaria à criação de 300 mil empregos.
O Cannabis Thinking mantém o caráter disruptivo, só que agora vem com maior estofo informativo do que no primeiro evento. A programação será composta por palestras, exposição das marcas apoiadoras e networking entre os convidados. Haverá, ainda, a divulgação e o lançamento de novos produtos, como no caso da Revivid, uma das empresas pioneiras no mercado de medicamentos à base de Cannabis no Brasil. "Hoje, além de atender nossas crianças, que são nossa linha de frente e principal foco em estudos e pesquisas da empresa, temos pacientes de diferentes idades e patologias, e com estes novos públicos precisamos também nos reinventar", afirma Keila Santos, cofundadora da empresa.
Entre os palestrantes internacionais, estará presente Marcelo Demp, presidente da Câmara do Cânhamo Industrial do Paraguai (CCIP). Ele foi convidado para contar a recente experiência do país, que regulou a plantação do cânhamo industrial para diminuir a miséria e aumentar as oportunidades de emprego. O Paraguai investe para se transformar em um grande produtor de alimentos com derivados da planta, mas sem substância psicoativa (THC).
Em 2019, o governo paraguaio passou a distribuir sementes de cânhamo para pequenos agricultores e indígenas, além de dar a garantia de compra da safra. Essa foi a forma encontrada para tirar esses camponeses do tráfico ilegal da maconha e, ao mesmo tempo, aproveitar a expertise que possuem do cultivo.
Outros representantes importantes do mundo da Cannabis já passaram pelo evento. Um deles foi o pesquisador búlgaro-israelense Raphael Mechoulam, que descobriu o sistema endocanabinoide no organismo.
"O evento foi idealizado para alcançarmos o nosso principal propósito, que é destravar o poder da Cannabis no Brasil", diz Marcel Grecco, fundador e CEO da The Green Hub. "Trata-se de uma plataforma de conhecimento e diálogo com foco no trabalho educacional com os principais stakeholders do ecossistema." Ele se refere a empresas, startups, universidades, investidores e Governo. "Sempre tivemos a preocupação de trazer cases internacionais para servir de exemplo na consolidação de um marco legal de Cannabis no país", explica Grecco.
E são muitas as frentes de atuação. Em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas da Cannabis (IPSEC), a The Green Hub lançou um curso gratuito, com conteúdos do setor, para candidatos às eleições deste ano. O IPSEC é o responsável pelo evento realizado, no dia 18 de agosto, de lançamento do relatório da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal, da Assembleia Legislativa de São Paulo.