Guia do Conselho Federal de Contabilidade orienta faculdades na adoção do novo currículo de Ciências Contábeis

Documento comenta as novas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso, que objetivam formar profissionais mais bem preparados para o mercado de trabalho

Um mundo em constante transformação exige também a modernização dos processos de ensino profissional, para que os formandos saiam das instituições de ensino superior mais bem preparados para o mercado de trabalho. No caso da graduação em Contabilidade, uma mudança profunda foi definida com as Novas Diretrizes Curriculares Nacionais, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação, do Ministério da Educação, em março.

As novas diretrizes são fruto do trabalho liderado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Comissão Nacional de Educação Contábil, com apoio da Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon) e contribuição de vários setores da sociedade, como profissionais de contabilidade, acadêmicos, pesquisadores e estudantes.

Todas as instituições de ensino superior do país têm dois anos para implementar as novas diretrizes. Para auxiliar nesse processo, o CFC lançou o guia orientativo "As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Ciências Contábeis – Comentadas". O lançamento foi no dia 10 de setembro, durante o 21º Congresso Brasileiro de Contabilidade, mesmo mês em que é comemorado o Dia do Contador (dia 22).

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Elias Dib Caddah Neto, coordenador-adjunto da Comissão Nacional de Educação Contábil do CFC, durante congresso da entidade - Rafael Graminho/Divulgação/CFC

O documento visa contribuir para uma implementação mais célere nas instituições de ensino superior e está em formato digital. Clique aqui para ler o guia, também destinado a empresários, estudantes e profissionais do setor, ou acesse o documento no site do CFC.

ENSINO MAIS FLUIDO

O guia aborda as novas diretrizes curriculares ponto a ponto, com orientações e sugestões de como implantá-las. A preocupação do CFC ao lançar o documento foi destrinchar essas normas, de modo comentado, para facilitar que cada instituição possa fazer esse trabalho de forma organizada, independentemente da localidade em que estiver e de ser uma universidade, faculdade ou centro universitário.

José Donizete Valentina, vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CFC, diz que é preciso preparar os novos contadores, cuja profissão está regulamentada há 78 anos, para o presente e para o futuro. Segundo ele, não há mais espaço para que "a pessoa primeiro estude e só depois aprenda no mercado, trabalhando nas empresas".

O especialista enfatiza que o objetivo com a criação das novas diretrizes curriculares é oferecer um ensino mais fluido, para que o profissional crie a atitude de buscar se desenvolver, ainda no período escolar, tanto nas áreas técnicas como comportamental, de perícia a ESG (sigla em inglês para aspectos sociais, ambientais e de governança), um dos pilares das empresas no planeta.

"É preciso oferecer um ensino que abranja as competências, habilidades e disciplinas necessárias ao profissional de acordo com as necessidades de cada segmento e de cada região. Hoje, precisamos ter pessoas capazes de, por exemplo, trabalhar e elaborar relatórios ambientais, financeiros e não financeiros, e de auditá-los. É uma formação muito mais ampla e que reflete em toda a sociedade", afirma.

TECNOLOGIA

O vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CFC destaca ainda os avanços tecnológicos na formação dos novos contadores e também no dia a dia dos mais de 530 mil profissionais registrados no país. "Toda empresa pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, obrigatoriamente tem que ter um contador. Quem ingressar na profissão com esse novo perfil, e souber utilizar as novas tecnologias, com certeza terá muito mais oportunidades em um mercado com grande demanda", afirma José Donizete Valentina.

O dirigente do CFC diz, por exemplo, que a IA (inteligência artificial) está prestes a transformar profundamente a profissão de contador, trazendo novas oportunidades para aumentar a eficiência e fomentar a inovação.

No entanto, segundo ele, há a necessidade de adaptação contínua e o desenvolvimento de novas habilidades. "O papel do contador está se transformando, passando de mero executor de tarefas para um estrategista e consultor, capaz de utilizar as capacidades da IA para proporcionar um valor agregado mais substancial às organizações."

NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Ciências Contábeis pretendem uma formação mais completa do estudante, alinhada com a atual demanda do mercado de trabalho. Além das habilidades técnicas inerentes à profissão, destaca valores como transparência, responsabilidade e gestão de risco e desenvolve habilidades para lidar com a gestão de conflitos e com os relacionamentos interpessoais (veja quadro acima).

O documento substitui a formação baseada em conteúdos por um ensino orientado no desenvolvimento por meio de competências. As novas diretrizes rompem com a visão pedagógica prescritiva, até então vigente. O novo ordenamento assegura maior autonomia às instituições de ensino superior para estabelecer currículos conforme suas prioridades e seu contexto de atuação.

O texto atualizado está mais bem alinhado com as atuais necessidades do mercado e contempla o domínio do uso das novas tecnologias e o reconhecimento da relevância dos valores ambientais, sociais e de governança.

As novas diretrizes curriculares formarão profissionais com foco na solução de problemas – uma demanda do mercado de trabalho atual, desenvolvendo um senso crítico mais apurado e para ter uma comunicação mais assertiva.

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha