Infraestrutura e meio ambiente são oportunidades de investimento no país

Temas estiveram em discussão na edição 2021 da Conseguro (Conferência Brasileira de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização

Infraestrutura e meio ambiente. Essas são as áreas que, segundo economistas que participaram da Conseguro 2021, devem gerar as grandes oportunidades de investimento no Brasil, pois o país precisa ir além do crescimento previsto para 2022, estimado em cerca de 1,5%, segundo as previsões mais otimistas.

E o país, no momento, apresenta problemas estruturais graves, como baixa produtividade, estrutura tributária perversa, fechado economicamente a alguns setores, desigualdade de renda, entre outros.

O presidente da CNseg, Marcio Coriolano, disse que, para o mercado de seguros, é importante um cenário macroeconômico de queda de inflação, que dá fôlego e renda aos consumidores, e queda dos juros, que estimula a retomada de empréstimos. "Se tivermos isso, poderemos seguir pelo menos a trilha de crescimento registrada nas últimas décadas."

Coriolano afirmou que o setor é muito sensível à produção, ao emprego e à renda. Os agentes econômicos, em cada elo da cadeia produtiva, são os seus clientes: pessoas, famílias e empresas. Nas crises, as pessoas primeiro vão suprir suas necessidades básicas para depois optar por um seguro. "E temos 73% de pessoas com rendimentos abaixo de dois salários mínimos."

O professor Marcio Holland, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), afirmou que o cenário não é fácil, mas que o Brasil pode ser bem-sucedido nos desafios atuais e futuros. "Precisamos ficar atentos à promoção da igualdade social, em todos os quesitos: gênero, racial, social, de oportunidades."

Para Holland, as questões demográficas e as mudanças climáticas vão mover o Brasil. "A crise hídrica é um exemplo e tem sido a vilã da alta da inflação, que já está sendo projetada em dois dígitos." E enfatizou a mudança demográfica: "Sairemos de 22 milhões para 58 milhões de aposentados em 2060. Isso necessita mudanças em gastos com educação e com aposentadoria".

Carlos Kawall, diretor do ASA Investments, também prevê um crescimento menor para a economia mundial em 2022, e que a brasileira será afetada também por questões internas. "Para 2022, vejo um cenário cauteloso para o Brasil. Economia deve crescer 1,5%", afirmou.

Globalmente, Kawall acredita que o ponto de atenção é a China: "O país está de olho na especulação imobiliária. É um ingrediente novo no contexto da economia global. Para nós, que temos uma dependência grande da China, é importante levar isso em consideração."

Já Marcos Lisboa, do Insper, afirmou que o Brasil cresce pouco há anos, influenciado pela baixa produtividade. Mas, segundo o economista, "é uma ilusão achar que, para crescer, basta investir", pois o resultado do investimento depende de vários fatores, como uma melhor estrutura tributária, por exemplo.

Além disso, Lisboa disse que o país investe pouco em infraestrutura. Ele declarou que outros países criaram agências reguladoras fortes. Mas que, no Brasil, "as agências nunca foram fortes". "Para atrair investimentos de longo prazo, precisamos de agências regulatórias mais atentas, contratos mais claros e mais segurança jurídica."

CABOTAGEM E RODOVIA

O mercado segurador também identifica oportunidades na infraestrutura de transporte. Em rodovias, especialistas estimam mais de R$ 200 bilhões de investimento. Já na infraestrutura portuária, a previsão é que ocorram cerca de nove leilões na B3, podendo gerar até R$ 1 bilhão em arrendamento.

"Se considerarmos que infraestrutura comanda cerca de 20% dos R$ 600 bilhões em investimentos previstos, teríamos um acréscimo entre R$ 600 milhões e R$ 900 milhões de prêmios de seguros acrescentados ao valor do mercado atual de garantia", afirmou Paulo Rabello de Castro, economista da RC Consultores.

Já Roque Junior de Holanda Melo, vice-presidente da Junto Seguros, considera imprescindível a corresponsabilidade para que o novo formato de seguro garantia entre em vigor como importante instrumento de mitigação de riscos. "Temos um pacote de seguros, e não uma modalidade que vai cobrir tudo e quaisquer riscos, inclusive ambientais."