Previdência complementar deve crescer mais com aposentadoria de servidores

Tema esteve em debate na edição 2021 da Conseguro

A aposentadoria de servidores estaduais e municipais irá ampliar o mercado de previdência complementar do país. Some-se a isso o aumento na expectativa de vida, a redução das taxas de natalidade e transformações no mercado de trabalho, com a maior participação de profissionais autônomos.

Todos esses fatores mostram que o setor pode ampliar sua participação no PIB (Produto Interno Bruto), hoje em 30%. Essa é a opinião de Paulo Valle, que era subsecretário da Previdência Complementar do Ministério do Trabalho e Previdência e agora assumiu a Secretaria do Tesouro Nacional.

Segundo Valle, a previdência complementar para servidores atingirá, potencialmente, 2.155 entes da federação, entre estados e municípios. E o prazo para criação desses fundos previdenciários vai até 13 de novembro de 2021. Até o momento, 24 dos 369 já fizeram a implementação.

"Desse total, 369 possuem mais de 100 servidores com salário superior ao teto do INSS [que precisarão da aposentaria complementar]. Isso indica cerca de 1,2 milhão de pessoas que entrariam no regime de previdência complementar e uma arrecadação adicional de R$ 13,7 bilhões por ano", disse Valle.

"Hoje, são quase 17 milhões de pessoas no regime de previdência complementar. Mas temos potencial para chegar de 25 a 30 milhões de pessoas até 2035. É fato que previdência social vai ter seu limite e vai passar por novas reformas nos próximos anos." E completou: "A aposentadoria complementar terá que ser adotada desde o primeiro emprego".

Para Jorge Nasser, presidente da FenaPrevi, essa expansão apontada pelo subsecretário mostra uma mudança no comportamento do consumidor brasileiro.

"Os números apontam para resiliência do mercado e, também, revelam que está em curso uma mudança do comportamento do brasileiro em relação à sua visão sobre a necessidade de planejamento para o futuro e a proteção da família."

Segundo Nasser, o setor passa por grandes transformações, e a pandemia foi responsável por acelerar as transações e atendimentos em meios digitais, além da digitalização de processos. Entre abril de 2020 e agosto de 2021, foram pagos mais de R$ 4,6 bilhões em sinistros decorrentes da Covid-19.

"A pandemia revelou para a sociedade a importância do segmento de previdência complementar na rede de proteção social do país e para a economia", declarou Nasser.

Seguro de vida

O segmento de seguro de vida também cresceu: 15% em 2021, se comparado a 2020. E com potencial de expansão. "Ainda é um percentual muito baixo. Daí a importância de compartilharmos conhecimento para que todos juntos consigamos avançar com a indústria de seguros no país", diz David Legher, diretor da Prudential do Brasil.

Legher avaliou que a pandemia mostrou a importância do seguro de vida como proteção social, com as seguradoras atentando mais para o produto. "Já não estamos falando mais de um seguro tradicional de morte, mas de um produto que atende várias necessidades, seja um afastamento por doença ou invalidez."