Farmacogenômica ajuda psiquiatra a ser mais assertivo no tratamento

Informação personalizada sobre paciente ajuda médicos a definirem medicamentos e posologias mais eficazes para cada caso

Cerca de 6% da população brasileira sofriam de depressão e 9%, de ansiedade, em 2017, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. É um número que vem crescendo ano após ano e deve aumentar ainda mais no contexto de isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19.

O tratamento para esses pacientes não é simples -em geral, eles demoram de cinco a dez anos para procurar um médico e, quando finalmente estão sob cuidados, enfrentam dificuldades com a medicação.

“Estatisticamente a margem de acerto de um médico atencioso na primeira tentativa é de mais ou menos 60%. Há cerca de 40% de margem de erro nos medicamentos psiquiátricos”, explica o psiquiatra Gustavo Koff.

Sem o auxílio de exames de imagem ou sangue para embasar as escolhas clínicas, o psiquiatra trabalha com tentativa e erro, o que pode prejudicar ou retardar ainda mais a jornada do paciente na busca pela remissão dos sintomas.

“Já tive pacientes que chegaram com uma lista completa, basicamente haviam tomado tudo o que existia. De certa forma, quem está mal quer melhorar logo e há uma expectativa de que o médico vai ajudar, mas como psiquiatra às vezes me sentia de mãos atadas. Nesse contexto, o teste farmacogenômico se mostrou muito útil”, explica Koff.

As medicações neuropsiquiátricas são prescritas com base em fluxogramas e estatísticas, começando pelas famílias de drogas mais eficientes para as menos, dependendo do problema, e em determinado momento pode haver um esgotamento de opções.

Não são êxitos isolados que Koff contabiliza em sua clínica graças ao auxílio do exame farmacogenômico. Ele conheceu o PharmOne há dois anos, como paciente, e ficou impressionado com os resultados.


"De certa forma, quem está mal quer melhorar logo e há uma expectativa de que o médico vai ajudar, mas como psiquiatra às vezes me sentia de mãos atadas. Nesse contexto, o teste farmacogenômico se mostrou muito útil"

Gustavo Koff, psiquiatra

“Na minha experiência pessoal, foi muito útil. Sou paciente bariátrico e tenho que tomar eternamente alguma medicação para o estômago. Pude ainda levar o exame para os médicos antes da cirurgia, o que foi excelente. Também sofro de enxaqueca e cansei de sair do hospital com dor, mesmo depois de ter sido medicado com morfina. Agora, ela se foi. O exame me ajudou bastante”, relata.

Na opinião de Koff, os pacientes poliqueixosos são os potenciais beneficiados pela análise farmacogenômica. Ele recorda o caso de uma paciente idosa que chegou ao seu consultório de cadeira de rodas porque estava tão deprimida que havia três anos não se levantava da cama.

“Em posse do exame, refizemos a prescrição dos medicamentos. Um mês depois, ela voltou ao consultório ainda na cadeira de rodas e eu fiquei preocupado, me aproximei e ela se levantou, rindo. Era uma pegadinha. Ela queria fazer uma gozação comigo”, conta.

Koff diz que ficou muito feliz com a resposta dessa paciente. “Não esperava que uma pessoa que estava acamada por três anos, sempre de cara fechada, emburrada, tivesse uma resposta tão fantástica. Melhorar a ponto de gozar da cara do médico. Foi muito gratificante.”

Outro caso de sucesso envolveu um paciente jovem. “O rapaz sofria com um transtorno de pânico que evoluiu para uma depressão. Ele havia sido diagnosticado superficialmente por outro médico e não estava apresentando resposta adequada”, conta.

Depois do exame, a situação mudou completamente. “O rapaz teve uma melhora franca porque antes estava sendo tratado com uma droga que rigorosamente não funcionava para ele. Pude ver onde estava o erro e corrigir. Ele ficou bastante agradecido.”

A confiança no médico e a fé no tratamento são importantes no processo de cura, acredita o psiquiatra.

Koff se diz satisfeito ao ajudar cada paciente. “Conseguir ver o resultado é um ganho secundário, além de melhorar a reputação como médico, ao aumentar a assertividade”, diz Koff.

O PharmOne pode mudar a história do paciente, mas o psiquiatra ressalta que o médico não deve ser “afobado”. É necessário dar atenção e orientação.

“Em posse dessa informação, dessa tecnologia de que a gente dispõe, o médico precisa ter tempo para mostrar ao paciente como é bonito o exame. É claro que a ferramenta não adianta se a agenda for apertada e não houver tempo adequado para orientação sobre o exame, que vai ajudar em doenças que o paciente tem e nas que nunca terá. É uma resposta só tua. Ninguém vai replicar, é muito personalizada.”