Obstetriz ajuda mães a terem experiência positiva no parto

Masao/Estúdio Folha
Dra. Glauce Soares, obstetriz

O momento exato do nascimento de um filho é um dos mais marcantes na história das mães. Mas pode ser muito estressante. Foi pensando em tornar o parto uma experiência positiva para a mulher, que a dra. Glauce Soares, 37, escolheu ser obstetriz e é a esse trabalho que se dedica intensamente.

"Faz toda a diferença para a mulher contar, na hora do parto, com um tratamento humanizado, com acolhimento e escuta. Trazer um filho ao mundo é uma experiência intensa e por isso quero ajudar as mulheres. Tenho um orgulho imenso de ser obstetriz, mas pode chamar também de parteira", conta a dra. Glauce.

Aos 17 anos, Glauce teve um parto, e a experiência foi bastante difícil, pois, quando ela chegou ao hospital, viu que não tinha conhecimento ou autonomia sobre seu próprio corpo. "Eu não tinha informação sobre o processo que iria passar, eu poderia ter tido mais esclarecimento", afirma.

A experiência marcou tanto a vida de Glauce que, na hora de decidir qual carreira seguir, optou por ser obstetriz. "É uma profissão em que você entra na vida das pessoas, numa fase muito marcante. Ainda que momentaneamente, você faz parte da vida daquela família. Se a mulher tiver um atendimento com qualidade, com profissionais que dão segurança, que a auxiliem nos processos físicos, no suporte emocional, a experiência pode ser boa, positiva", conta.

Formada obstetriz em 2011 pela Universidade de São Paulo, campus da zona leste (a única instituição que oferece esse curso no Brasil), Glauce fez doutorado pelo Programa Interunidades da Escola de Enfermagem, também da USP. A atuação da obstetriz é similar à de um enfermeiro com especialização em obstetrícia.

A formação de obstetriz é toda voltada para a saúde da mulher, com atenção especial à gestação, ao parto e ao pós-parto. "Somos o que chamam de parteiras profissionais."

O profissional dessa área tem atuação muito importante no parto humanizado e nas boas práticas no momento do nascimento. No caso de uma urgência ou emergência, ele tem todo o conhecimento técnico e científico para atuar e avaliar os riscos.

"Parto e gravidez não são doenças, são processos naturais da vida das mulheres. Precisam de cuidado qualificado, não de uma intervenção medicalizada", afirma. A dra. Glauce combate as intervenções desnecessárias, como por exemplo o excesso de cesarianas, que podem trazer risco à saúde da mulher e do bebê.

O índice de cesarianas recomendado pela Organização Mundial da Saúde está entre 10% e 15%. No Brasil, esse índice é muito alto, 55%. No setor público, o percentual de cesarianas é um pouco mais baixo que no privado, que chega, em alguns hospitais, a mais de 90%.

A dra. Glauce atua como obstetriz no SUS e atualmente trabalha no hospital Amador Aguiar, em Osasco. Conta que ficou dois anos no pronto socorro ginecológico e obstétrico do hospital, onde ganhou muita experiência no acolhimento das mulheres, tanto em trabalho de parto, como na assistência àquelas que tinham alguma queixa ou desconforto na gestação.

Atualmente, a dra. Glauce trabalha na educação permanente, dando treinamento e capacitação aos profissionais da maternidade. "É importante que os profissionais respeitem os direitos e as escolhas das mulheres. São os profissionais presentes no parto que irão contribuir para a humanização daquele momento, para que as mulheres tenham uma experiência positiva. É algo para o qual dedico a minha vida: partilhar momentos tão importantes, melhorar o cuidado e promover a saúde das pessoas", diz.

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