Baixa imunidade abre brecha para o herpes zoster

Infecção causada pela reativação do vírus da catapora atinge principalmente pessoas acima de 50 anos ou com o sistema imunológico comprometido; doença tem tratamento e pode ser prevenida 1,3,4,6

Baixa imunidade abre brecha para o herpes zoster

Baixa imunidade abre brecha para o herpes zoster Unsplash

Ao sentir uma sensação de ardor e de queimação no lado esquerdo das costas, a professora de história Joana Ferraz de Abreu, de 50 anos, acreditou tratar-se de uma simples reação alérgica. Em poucos dias, o ardor piorou e a ele somaram-se coceira, vermelhidão e pequenas bolhas que cobriram toda a região lombar.

"A dor era tão intensa que eu não era capaz de abraçar meus familiares. Chorava todos os dias porque até para colocar a roupa doía", lembra. O diagnóstico de herpes zoster a surpreendeu, já que até então nunca havia ouvido falar da doença.

Apesar de ser uma doença relativamente comum, o herpes zoster ainda é pouco conhecido. Trata-se de uma infecção causada pelo vírus varicela zoster (VZV) – o mesmo que causa catapora na infância. Uma vez adquirido, esse vírus permanece latente nos gânglios neurais sensoriais da pessoa por toda a vida, mas pode ser reativado em algum momento de baixa imunidade – seja por alguma doença ou pelo avanço da idade.1,3,6

Ao ser reativado, o VZV causa o herpes zoster, doença popularmente chamada de "cobreiro" e que é caracterizada pelo surgimento de vesículas e bolhas geralmente de forma unilateral e que causam muita dor ao longo do trajeto do nervo onde o vírus estava adormecido.1,3 "Um mesmo vírus causa duas doenças totalmente diferentes", explica o médico infectologista Jessé Reis Alves, gerente da área de vacinas da GSK.

Segundo o médico Omar Lupi, professor de Dermatologia e Imunologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), quando a imunidade "dá uma brecha" o vírus reativa de forma diferente da original, que era a catapora. Os primeiros sinais normalmente são a sensação de ardor e queimação em uma área localizada na pele, além de pequenas fisgadas e dor aguda, como um choque.1

"O clássico do herpes zoster é começar no meio do peito e seguir até o meio das costas. Logo aparecem a vermelhidão e as pequenas bolhas agrupadas. Essas características ajudam a chegar no diagnóstico, que é basicamente clínico", diz Lupi.

Estima-se que praticamente toda a população adulta com mais de 40 anos já tenha sido infectada pelo vírus varicela zoster (dados referentes a um estudo feito nos Estados Unidos falam em 99,5% das pessoas).3 Considera-se ainda que 94,2% dos brasileiros possuem o vírus latente no organismo.4

Recentemente, uma pesquisa conduzida pela Universidade Estadual de Montes Claros, em Minas Gerais, constatou um crescimento de 35,4% nos casos de herpes zoster durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19. 5 Os motivos ainda não estão totalmente claros, mas a suspeita é que esteja relacionado ao aumento de casos de ansiedade, estresse, transtornos depressivos e baixa imunidade.5

O tratamento, na maioria dos casos, se resume no uso de antivirais, antitérmicos e medicamentos para dor. 1,2 No caso de Joana, as erupções desapareceram em 15 dias, mas isso pode levar até quatro semanas. Mesmo depois que as lesões desaparecem, cerca de 30% dos pacientes podem sofrer com dor intensa e prolongada – chamada de neuralgia pós-herpética (NPH). O problema pode durar meses ou até anos e, em alguns casos, pode ser necessária a internação do paciente.3

"As pessoas com sistema imune comprometido ou que são mais velhas têm mais risco de desenvolver essa complicação e ela costuma durar mais tempo", alerta o infectologista Jessé Reis. A doença pode ser prevenida por vacinação, converse com o seu médico sobre as vacinas e indicações disponíveis.1,2,6

"Material dirigido ao público geral. Por favor, consulte o seu médico."
Modelo: NP-BR-HZX-JRNA-220001 – Outubro/2022

REFERÊNCIAS:

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Herpes (Cobreiro). Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/herpes-cobreiro-1/herpes-cobreiro>. Acesso em 16 de setembro de 2022.

2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Herpes Zoster. Disponível em: <https://www.sbd.org.br/doencas/herpes-zoster/>. Acesso em 16 de setembro de 2022.

3. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Prevention of Herpes Zoster. Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). Disponível em: <https://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5705a1.htm>. Acesso em 16 de setembro de 2022

4. REIS, Alexandra D et al. Prevalência de anticorpos para o vírus da Varicela-Zoster em adultos jovens de diversas regiões climáticas brasileiras. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo

5. MAIA, Célia Márcia Fernandes et al. Increased number of Herpes Zoster cases in Brazil related to the COVID-19 pandemic. International Journal of Infectious Diseases, v. 104, p. 732-733, 202.

6. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Shingles (herpes zoster): clinical overview. Disponível em: <https://www.cdc.gov/shingles/hcp/clinical-overview.html>. Acesso em 16 de setembro de 2022