Não tem mais volta. O combate à redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) por meio da captura do carbono se consolida como uma das alternativas mais eficazes para conter o aquecimento global e ganha impulso com o Carbono Bayer, iniciativa piloto lançada em julho deste ano que reúne 1.200 agricultores brasileiros e norte-americanos empenhados em mostrar que a agricultura é uma importante aliada no enfrentamento às mudanças climáticas em todo o mundo.
A Bayer tem como objetivo estabelecer novos padrões de sustentabilidade no agronegócio e, para isso, firmou compromissos globais como a meta de reduzir em 30% as emissões de GEE na agricultura até 2030. O Carbono Bayer é um dos componentes inovadores nesse processo e integra a estratégia da empresa alemã, que investe anualmente 2,3 bilhões de euros em P&D (pesquisa e desenvolvimento).
A iniciativa estimula a adoção de técnicas e ferramentas para aumento de produtividade com maior sequestro de carbono dentro das áreas produtivas. Entre os benefícios para os produtores está a oportunidade de acessar o mercado de créditos de carbono quando ele estiver estabelecido. Para isso, a Bayer e parceiros estão desenvolvendo metodologias para analisar amostras de terra, mensurar quanto carbono está estocado no solo e quanto CO2 deixa de ser liberado quando são adotadas técnicas como biotecnologia, rotação de culturas, plantio direto sobre palha para reter as gotas de chuva e melhores práticas no controle de pragas.
Para incentivar a adesão dos produtores nessa empreitada contra o aquecimento global, a Bayer vai recompensar os agricultores que adotam práticas sustentáveis para a captura do carbono. Além do lucro com a venda dos grãos, os produtores passarão a ser recompensados por seu elevado nível de sustentabilidade com a comercialização dos créditos de carbono. Alguns deles também serão remunerados diretamente pela Bayer e receberão benefícios nos programas de relacionamento.
“Somos a primeira empresa agrícola a desenvolver uma plataforma de comércio de carbono com uma abordagem transparente, colaborativa e baseada em ciência. Em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e com os agricultores, trabalhamos para promover a adoção de tecnologias e práticas climáticas inteligentes que gerarão créditos de carbono”, afirma Eduardo Bastos, diretor de Sustentabilidade da Divisão Agrícola da Bayer para a América Latina. A ideia, diz, é que, com o tempo e o sucesso dessa iniciativa, o próprio preço do carbono irá estimular mais agricultores a fazer parte desse mercado.
Segundo o diretor, são passos extremamente importantes rumo a uma agricultura de carbono zero e ao maior objetivo: criar um futuro mais sustentável, reduzindo a pegada de carbono na agricultura, beneficiando produtores, consumidores e o planeta.
Para desenvolver o projeto no Brasil, a Bayer convidou cerca de 500 produtores, distribuídos em 14 estados, com perfil pioneiro na adoção de novas tecnologias, que são usuários da plataforma de agricultura digital da Bayer, Climate FieldView, e que tinham um histórico de práticas conservacionistas. É o caso do engenheiro agrônomo Maurício De Bortoli, produtor de soja e milho em Cruz Alta (RS). “O projeto da Bayer, além de estimular as boas práticas, tem como objetivo medir o quanto o produtor deixa de emitir gases para a atmosfera e o quão rico vai ficando esse solo ao longo dos anos. Quando se atinge um padrão, eu passo a receber créditos pelo carbono retido e vou poder vendê-los em dólar no mercado internacional de comércio de crédito de carbono”, explica.
O mercado de crédito de carbono funciona a partir de acordos entre governos e/ou empresas, que podem compensar o que têm emitido comprando créditos de quem reduziu emissões.
Mesmo sendo uma iniciativa recente, a avaliação da Bayer é positiva. O interesse dos produtores rurais tem sido grande desde o lançamento do projeto.
“Os produtores —em especial os brasileiros, que historicamente têm um perfil inovador e aberto à adoção de novas tecnologias— têm interesse em ser parte da solução para a questão de mudanças climáticas, afinal seu sustento depende disso. Por ser algo completamente inédito na agricultura, é natural que existam dúvidas, desde como funcionará o mercado de carbono até questões metodológicas. Temos trabalhado de forma muito próxima a todos para cocriar esse mercado e avançar cada vez mais nessa agenda de agricultura de baixo carbono”, diz Eduardo Bastos, diretor da Bayer.
O AGRONEGÓCIO É ALIADO DA PRESERVAÇÃO, DIZ PRODUTOR
Um dos participantes do projeto Carbono Bayer, o engenheiro agrônomo Maurício De Bortoli, gerente técnico da Sementes Aurora, em Cruz Alta (RS), afirma que a iniciativa ajuda a reforçar o fato de que o agronegócio é aliado da preservação. “Precisamos provar para a sociedade que o agro consegue produzir alimentos de qualidade, baratos e sustentáveis”, diz.
O engenheiro agrônomo explica que, no passado, a agricultura era exploratória porque abria um ecossistema novo e construía nele um projeto para o plantio de monocultura: soja, milho, cana, café etc. Ao longo dos anos, a prática de revirar o solo com arados foi degradando a terra porque consome seus nutrientes e retira sua cobertura. O solo fica compactado, com erosões.
Com a queda de produtividade causada pela perda da riqueza do solo, procuraram-se sistemas de produção mais alinhados com o equilíbrio ambiental. Foi aí que surgiu uma onda evolutiva, na década de 70, de plantio direto na palha, sem revirar a terra. Essa prática criada no Brasil segura o carbono no solo, evitando que ele seja queimado e enviado à atmosfera.
A Bayer acredita que a agricultura está na intersecção entre alimentar uma população crescente e endereçar as questões ligadas às mudanças climáticas. “Nós temos como oferecer soluções personalizadas para que os agricultores aumentem sua produtividade e sequestrem mais carbono. Sabemos, porém, que um mercado de carbono na agricultura só é possível se ajudarmos os produtores a construir modelos para que se torne um negócio viável”, explica Eduardo Bastos, diretor de Sustentabilidade da Divisão Agrícola da Bayer para a América Latina
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