Plantio de árvores para fins industriais avança preservando o ambiente

Indústria Brasileira de Árvores anuncia investimentos de R$ 105,4 bilhões até 2028, conserva matas nativas, amplia ações de sustentabilidade e aumenta participação no mercado global

Vista aérea de plantação da Suzano, que se assemelha a mosaico, nome dado ao método de manejo sustentável

Vista aérea de plantação da Suzano, que se assemelha a mosaico, nome dado ao método de manejo sustentável Suzano/Divulgação

O plantio de 1,8 milhão de árvores ao dia no Brasil já seria um feito ambiental e social de valor inestimável. Não se trata, porém, do único mérito do setor de cultivo de árvores para fins industriais. Ao fincar a estratégia de seus negócios na sustentabilidade e na abertura de mercados no exterior, essa agroindústria cresceu em competitividade, certificou-se do selo verde e foi na contracorrente da desindustrialização do país.

Lançado às vésperas do Dia da Árvore, o mais recente Relatório Anual da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) faz um retrato do dinamismo do setor, que inaugura uma nova planta industrial a cada um ano e meio e dá origem a mais de 5.000 bioprodutos –da celulose ao papel de cadernos escolares, passando por viscose, pisos e revestimento de madeira. A Ibá é a entidade que representa a cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à indústria, reunindo hoje 50 empresas e nove associações estaduais. Clique aqui e leia o relatório da Ibá.

"O setor de árvores cultivadas para fins industriais deu certo. O que tem em comum com outras indústrias de sucesso no Brasil foi sua aposta em muita ciência aplicada, no investimento em capital humano e na exposição à competição no mercado global", afirma Paulo Hartung, presidente da Ibá.

A nova fase de expansão do setor está consolidada em um plano de investimento de R$ 105,4 bilhões até 2028, na construção de novas fábricas, na modernização das já existentes, no aumento da área plantada e em obras de infraestrutura logística para escoar a produção em estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais.

Paulo Hartung, presidente da Ibá
Paulo Hartung, presidente da Ibá - Ibá/Divulgação

As árvores são a mais eficiente solução baseada na natureza para o combate às mudanças climáticas. Os milhões de árvores que plantamos, ao crescer, estão removendo e estocando gás carbônico da atmosfera, além de promover diversos outros serviços ambientais notáveis. Dessa forma, o setor contribui para o combate às mudanças climáticas

Paulo Hartung

presidente da Ibá

Os indicadores de 2023 expostos no relatório da Ibá evidenciam as contribuições de um setor que, com receita bruta de R$ 202 bilhões, responde por 1,2% do Produto Interno Bruto brasileiro. O conjunto de associadas à Ibá recolheu R$ 24 bilhões em tributos no período. A indústria emprega 2,69 milhões de trabalhadores, direta e indiretamente. Em 2023, foram gerados 33,4 mil novos empregos diretos. As exportações, de US$ 12,7 bilhões em 2023, representaram 3,9% do total de embarques do país.

EXPORTAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

O cultivo e processamento da madeira passou por transformações tecnológicas e gerenciais que permitiram ao país figurar como maior exportador de celulose do mundo.

A busca de mercados em todos os continentes, calcada sobretudo em certificações ambientais, alçou bioprodutos brasileiros entre os favoritos do mercado mundial. Papel, placas de compensados, painéis e serrados têm vendas crescentes ao exterior e maior presença no mercado nacional.

Sua magnitude, porém, vai além. Decisões estratégicas tomadas pelo setor desde os anos 1970 esverdearam, com muita ciência embarcada, uma agroindústria complexa, que abrange da matéria-prima ao produto final.

Essas escolhas fomentaram a criação de novos serviços ambientais e a expansão de outros segmentos privados no país, da reciclagem à tecelagem de viscose.

Em 2023, as associadas da Ibá ultrapassaram a marca de 10,2 milhões de hectares cultivados. Some-se a isso a preservação de 6,9 milhões de hectares de matas nativas, uma área maior que a do estado do Rio de Janeiro. As duas modalidades (cultivo e preservação), quando vistas de cima, se assemelham a mosaicos, o que deu nome a esse método de manejo sustentável criado pelo próprio setor.

O manejo em mosaico alavancou a produtividade e permitiu o avanço das empresas em solos degradados. Até 2023, mais de 72 mil hectares de áreas depauperadas foram recuperadas com mata nativa.

Localidades antes estagnadas encontraram no setor um veio de desenvolvimento econômico e social. "Os plantios em todo o país estão associados a projetos industriais modernos, como a maior fábrica de celulose do mundo, da Suzano, em início de operação em Ribas do Rio Pardo (MS), que representa um investimento de R$ 22,2 bilhões, a Bracell, em Lençóis Paulista (SP), em que foram investidos R$ 8 bilhões em uma planta tecnológica flex e a LD Celulose, no Triângulo Mineiro, com investimento de US$ 1,4 bilhão", acrescenta Hartung.

A modernização de antigos parques industriais, inclusive com automação e robotização, deu-se em paralelo à crescente geração de energia pelas próprias empresas, a partir da biomassa florestal. É o caso do licor preto, subproduto da fabricação de celulose. Nas fábricas, 87% da energia consumida provém de fontes renováveis. Já as cinzas restantes do processo fabril começam a ser usadas para dar origem a novos fertilizantes.

Em outra ponta, a adoção das premissas da economia circular pelas associadas da Ibá não só reduziu o volume de resíduos despejados em aterros como garantiu outra fonte de matéria-prima. Também vem reforçando a cultura da reciclagem na sociedade e garantiu renda a catadores de papel.

Nos indicadores de 2023, há outras frentes de superação daquilo que se convencionou chamar de Custo Brasil. O setor reduziu as emissões de carbono e os custos decorrentes da logística, bem como contornou a carência de mão de obra especializada.

Em Ortigueira (PR), com a construção do Projeto Puma, a Klabin investiu em um ramal ferroviário para integrar sua produção ao porto de Paranaguá. Ganhou em custos logísticos e em menor emissão de carbono. Em paralelo, sua parceria com o governo do Paraná e a prefeitura local permitiu a criação do Centro Estadual de Educação Florestal e Agrícola, escola de formação de técnicos de mecânica e de operações de máquinas florestais.

Outra empresa associada à Ibá, a Arauco iniciou obras de sua nova planta em Inocência (MS), com investimento de R$ 25 bilhões. A empresa tem realizado capacitações educacionais e profissionalizantes, eventos, oficinas de educação ambiental e formação de professores.

Já a CMPC anunciou aporte de R$ 24 bilhões em Barra do Ribeiro (RS) para construção da nova unidade fabril. O projeto também prevê a criação do Parque Ecológico Barba Negra.

A aposta do setor em cada um desses vetores impulsiona sua competitividade e converge com as pautas climáticas globais e o necessário impulso da economia verde no Brasil.

De acordo com o relatório da Ibá, o estoque de CO2 equivalente nas florestas cultivadas alcançou 1,86 bilhão de toneladas no ano passado. As matas conservadas pelo setor contribuíram com mais 3,06 bilhões de toneladas.

É destaque também o registro de 8.310 espécies da fauna e da flora, dentre as quais 335 raras ou consideradas bioindicadores, nas áreas de conservação florestal do setor.

Nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, por exemplo, 26 espécies (incluindo aves, mamíferos e da flora) foram classificadas como bioindicadores, que são espécies muito sensíveis às modificações no ambiente e, por isso, consideradas como indicadores de qualidade ambiental.

Nesses mesmos biomas, sete espécies da flora e 14 da fauna foram classificadas como raras. Em razão disso, as áreas das empresas, de conservação e de plantio, têm se tornado refúgio para a biodiversidade.

Por essas razões, há um círculo virtuoso na estratégia de negócios da indústria de árvores cultivadas no Brasil: plantar mais árvores para fins industriais significa recuperar novas áreas de solos degradados e conservar maiores quinhões de matas nativas.

Superar as marcas de 10,2 milhões de hectares já cultivados, de 6,9 milhões de hectares de áreas conservadas e de 2 bilhões de consumidores globais está nos planos do setor. Seu selo verde do plantio ao produto final e sua alta competitividade mundo afora, segundo Hartung, abriram caminhos a serem adaptados por outros setores produtivos.

"Para nós, brasileiros, o desafio é sempre entender o que deu certo e replicá-lo, com adaptações. O que o setor de árvores cultivadas para fins industriais oferece é seu enorme ganho ao centrar seus negócios na sustentabilidade e na abertura de mercados no exterior", diz.

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha