A Igreja Cristã Maranata realizou no último domingo (dia 26/11) a terceira edição do evento "Trombetas e Festas". A transmissão ao vivo, pela internet, foi vista em mais de 160 países, com tradução simultânea para 60 idiomas.

A principal mensagem dos pastores foi chamar a atenção para os toques já ressoados de três trombetas bíblicas, que seriam os sinais que indicariam o retorno de Jesus Cristo, que se daria logo após o toque da quarta trombeta.

O evento ocorreu no Maanaim Domingos Martins, localizado no município de Marechal Floriano, no Espírito Santo. Reuniu no local cerca de 4.000 pessoas. O culto foi presenciado por diversas autoridades, como o governador do estado, Renato Casagrande, e o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini.

"É um momento de reflexão muito importante, com transmissão para o mundo todo. São os sinais bíblicos e cabe a cada cristão, cada ser humano compreender a sua tarefa neste momento. Por mais que os sinais mostrem o caminho, nos cabe trabalhar para termos um fortalecimento de nossa fé", disse Casagrande.

Já o prefeito de Vitória afirmou que o evento mostra a necessidade de união do povo, traz uma palavra profética de conhecimento e, principalmente, indica que, coletivamente, podemos construir um mundo mais fraterno. "Essa é a grande simbologia: união do povo e diálogo. Assim, vamos superar as dificuldades climáticas e espirituais, para vencermos os grandes desafios da humanidade", afirmou.

Cofundador e presidente da Igreja Cristã Maranata, o pastor Gedelti Gueiros ressaltou, no culto, que "nós não estamos abandonados, já que temos sido avisados das ocorrências proféticas, e é necessário buscarmos respostas diante de tantos desafios".

Gueiros lembrou que, antigamente, as trombetas eram feitas a partir do chifre de carneiros. "No Velho Testamento, a trombeta era um instrumento fabricado pelos sacerdotes, a partir do chifre do carneiro. O som dizia o seguinte: o cordeiro morreu, mas Ele está vivo. Pelo sopro do espírito. Deus fala ao homem pelo seu espírito, através do cordeiro, que é Jesus."

O pastor reafirmou que "Deus se revela ao homem de várias maneiras e não se esquiva de modo nenhum ao colocar o homem com suas falhas e seus defeitos".

"Mas a sua palavra, a Bíblia, é a forma mais prática de o homem conhecer aquilo que Deus quer falar com ele. Toda a história da Bíblia é sobre o homem e Deus", disse.

Em suas palavras no culto, Gueiros fez questão de apontar as turbulências pelas quais passa o mundo contemporâneo.

"O mundo está em rebelião. Os lares, em apreensão. Pai contra filho, filha contra mãe, sogra contra nora. Há rebelião no lar, na política, no governo", disse o pastor.

"Como será agora, quem virá em nosso socorro? Os nossos líderes não fazem questão nenhuma, massacram as populações, como foi o caso de Hitler, Mussolini, Gaddafi. Há uma rebelião permanente contra Deus. Ninguém crê, ninguém ama nenhum sistema político. Onde estão os líderes do Ocidente? Correndo um atrás do outro, com medo."

Mas, apesar de tudo, a mensagem é de esperança: "A nossa grande preocupação como igreja é confiar no senhor. Ele está próximo. Por isso, o tema deste evento é ‘Trombetas e Festas’. Porque quando a trombeta tocar, a festa se aproximará", enfatizou Gueiros.

A Igreja Maranata surgiu do universo da comunidade evangélica mundial e pretende levar adiante as mensagens contidas no Velho e no Novo Testamento e divulgar a iminente volta de Jesus.

A instituição não se considera pentecostal nem neopentecostal, mas, sim, uma Igreja que "crê na palavra de Deus como única regra de fé e prática".

A Igreja Cristã Maranata possui algumas características próprias, como o fato de os pastores serem todos voluntários. Nos cultos, não há arrecadação de ofertas ou de doações.

A Igreja Cristã Maranata possui mais de 6.000 templos por todo o Brasil. Também está presente em mais de 200 países, como Moçambique, Letônia, Burundi, Israel, EUA, México, Camarões, Tunísia, Dinamarca, França, Espanha, Holanda, Guatemala, Turquia, Armênia, Coréia do Sul, Japão, China, Filipinas, Paquistão, Austrália, entre outros.

EXPANSÃO PELO MUNDO

Igreja cresce na Europa, mesmo com todas as diferenças culturais

A atuação da Igreja Cristã Maranata não se restringe ao Brasil. A instituição já atua em todos os continentes e tem forte presença na Europa.

"O nosso objetivo em estar na Europa é fazer com que o Evangelho que vivemos no Brasil esteja presente nesses países. Claro que, num primeiro momento, damos assistência às famílias brasileiras que se mudaram para lá, mas também chegamos aos nativos desses países", explica o pastor Gerson Beluci, coordenador da Maranata na Europa.

"A igreja vem crescendo bastante no exterior porque é um momento especial da operação do Espírito Santo nos corações das pessoas. O mundo está sedento, há um cristianismo que esfriou, ficou na letra da Bíblia. A nossa doutrina preza pelo derramamento do espírito, ou seja, é o Espírito Santo atuando no coração", diz Beluci.

"Há um povo que vem de um cristianismo frio, gelado espiritualmente, e de repente eles ouvem uma mensagem viva, algo que faz com que a palavra de Deus alcance o coração deles."

Segundo Beluci, a Maranata tem 21 igrejas em Portugal, em pontos estratégicos. Há ainda templos em países como Inglaterra, Itália, Espanha, França e Holanda, entre outros lugares.

As diferenças culturais existem, diz, mas são demolidas pela palavra de Deus. "O Evangelho unifica a nossa linguagem. Quando a pessoa tem uma experiência com Cristo como salvador, a linguagem fica universal. Assimilamos as diferenças culturais e levamos a palavra de Deus viva como ela é", afirma o pastor.

Sobre a recepção dos europeus, Beluci conta que eles se abrem ao entenderem que os pastores são voluntários e não estão interessados em arrecadação de dinheiro. "Percebem a palavra viva e que somos um povo sério que prega o Evangelho. Então começam a aceitar e mergulham mesmo na nossa doutrina."

MEIO AMBIENTE É PREOCUPAÇÃO DA MARANATA

Instituição construiu usinas de energia solar e ensina técnicas de reflorestamento para as crianças

A preocupação com o meio ambiente e a realização de diversas ações sociais estão entre as prioridades da Igreja Cristã Maranata.

Segundo o pastor Luiz Eugênio do Rosário Santos, secretário-geral da Igreja Maranata, a instituição tem como objetivo abastecer a maioria de seus templos com energia solar.

"Já construímos algumas usinas de energia solar no Brasil, em cidades de São Paulo, Espírito Santo, Pernambuco e Rio de Janeiro. Sabemos que a crise energética é muito preocupante em todo o mundo. Então estamos muito focados nisso. Queremos que todas as nossas igrejas sejam abastecidas com energia solar", disse o pastor.

De três em três meses, a Igreja realiza reuniões com famílias de áreas próximas para ensinar a importância da sustentabilidade e da preservação do ambiente.

"Nós trabalhamos muito com as crianças, porque elas são o futuro. E temos que passar para elas a necessidade urgente do reflorestamento", afirma Rosário dos Santos. "Nessas reuniões, os pais trazem os filhos e eles são ensinados a replantar árvores. Pode ver que aqui no Maanaim o ambiente é muito preservado. A sustentabilidade é muito importante para a gente."

Marechal Floriano é o segundo município do Espírito Santo em que a mata Atlântica está mais preservada.

Outra grande preocupação da Maranata é com a correta utilização da água. "No Maanaim de Marechal Floriano, temos uma estação de tratamento de água. Ela é toda reaproveitada", explica o pastor.

Nesse Maanaim, há ainda coleta seletiva de lixo e uso de material orgânico para compostagem de plantas e hortas.

Nas reuniões com as famílias, as crianças também aprendem técnicas de primeiros socorros, para que possam socorrer seus familiares em caso de algum problema.

Outro foco de ações da igreja é a ajuda a membros que sofrem com tragédias como enchentes.

"Tivemos algumas enchentes no Brasil nos últimos anos, em cidades do Paraná, do Rio de Janeiro, do Espírito Santo. Nessas ocasiões, cadastramos todos os nossos membros nessas regiões e compramos tudo o que eles haviam perdido, como geladeira, fogão, cama, guarda-roupa", diz o secretário-geral.

"Na Bahia, há pouco tempo, houve enchente e compramos até máquina de lavar para pessoas que perderam seus pertences. Fazemos o socorro social com força nessas horas, em todas as regiões do Brasil", afirma.

Isso é possível também devido ao enorme corpo de voluntários que colabora com a Maranata. "É um trabalho bastante consistente. Porque muitas pessoas precisam de um socorro, uma cesta básica, e os voluntários nos ajudam com essas necessidades."

Rosário dos Santos ressalta a importância desse trabalho: "A pessoa que sofre com uma tragédia, fica sem esperança. Mas quando vê chegando a ajuda, a mobília que a igreja manda… É uma coisa muito forte. Porque os governos não têm como socorrer todo mundo, mas a gente, sim. E somos muito rápidos com essa ajuda".

Em algumas ocasiões de desespero, mesmo membros de outras igrejas receberam colchões e água potável de doações da Maranata.

No auge da Covid-19, a Maranata fechou o acesso aos seus templos. Mas a ajuda continuou.

"Tivemos equipes de médicos para atender e socorrer quem precisava. Colocamos profissionais para atender as emergências e orientar as pessoas", diz o pastor.

"O grande trabalho de todas as igrejas, nessas horas, é socorrer as famílias. Porque elas estão se desagregando. Então, a nossa missão é muito especial, com socorro espiritual e material. As pessoas muitas vezes brigam por pequenas coisas. O perdão é muito forte, os pais precisam perdoar os filhos, e os filhos perdoar os pais. A palavra de amor, de misericórdia, une as famílias."

Rosário dos Santos conta que a Maranata procura se comunicar com os jovens e, por isso, faz uso de plataformas digitais como o YouTube. "No mês passado, ultrapassamos mais de 1 milhão de pessoas inscritas no nosso canal no YouTube. E vamos em frente, porque hoje em dia temos que fazer a comunicação pela internet."

ENTREVISTA

"A igreja não é cauda, ela é a cabeça. É o Espírito Santo quem governa."

Confira trechos da entrevista concedida pelo pastor Gedelti Gueiros

Cofundador e presidente da Igreja Cristã Maranata, o pastor Gedelti Gueiros chamou a atenção para o lado profético da mensagem de Deus, que muitas vezes não é entendido. Segundo ele, as pessoas, hoje, parecem não saber mais quem são e nem para onde vão.

Para Gueiros, um dos principais desafios das igrejas atualmente é saber falar com as gerações mais jovens. "Há dificuldade em trazê-los para dentro da igreja e ficar orando o dia inteiro, sem que tenham tido uma experiência."

Logo após comandar o culto que foi transmitido para mais de 160 países, Gueiros falou com a imprensa no Maanaim de Marechal Floriano, no Espírito Santo, no último domingo (dia 26).

Veja a seguir os principais pontos da fala do pastor Gedelti na entrevista coletiva.

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"Você não pode chegar e dizer que estão todos errados e só você está certo. Os erros estão aí e precisam ser esclarecidos. Evidentemente que cada grupo tem a sua maneira de pensar, de falar, e nós temos a nossa. Estamos dentro desse contexto. Temos interesse que o mundo inteiro se levante."

"O que mais me chama a atenção é que, sobre religião, há uma preocupação muito grande, porque as pessoas não sabem como vão agir. Não há um parâmetro. Uma pessoa diz uma coisa, a outra diz coisa diferente. Temos de saber onde estamos e para onde nós vamos. Se você tem a esperança de uma vida eterna… e o homem que não tem, ele vai ter dificuldade."

"A religião perdeu o rumo da história. Ninguém quer saber de sentar em um templo e ficar ouvindo a mesma coisa. A igreja tem o lado dela, que é o profético. A igreja não é cauda, ela é a cabeça. É o Espírito Santo quem governa."

"Se você não tem a revelação, se você não valoriza a doutrina, que é apostólica, você vai querer que resultado? Tem que ir para o lado profético, aquilo que emerge do projeto baseado no derramamento do Espírito Santo. Quando Jesus derramou o sangue dele, todo mundo pensa que era um sangue biológico. E não é. A figura dele é a do Espírito Santo, a vida que ele trouxe da eternidade para dar ao homem. Para que o homem pudesse ter condições de viver uma eternidade que não tinha."

"[Temos na igreja] um desafio atual, que é ter uma mensagem objetiva, em que as pessoas não se sintam ofendidas, que as pessoas entendam. O que estamos trazendo é para que todos aqueles que são cristãos, ou querem ser, tenham um argumento. Não é [apenas falar] ‘Vai todo mundo para o céu, vamos rezar aqui’. Quem é que aguenta isso? Ficar o dia inteiro orando assim e o país na situação em que está, todo mundo trabalhando… Fica difícil. A religião quer sustentar a Deus, e não é isso."

"O crescimento [da Maranata ao longo dos anos] foi o esperado. A cada grupo que chega, damos uma tarefa. Termos que definir as nossas posições, a cada dia. Estão todos satisfeitos? Então estão satisfeitos. Não queremos concorrer com ninguém, com televisão, para ganhar dinheiro. Para começar, os pastores aqui não são remunerados. Nunca utilizei um centavo da igreja para nada. É questão de fé. Você crê numa coisa e luta por aquilo."

"[Sobre a volta de Jesus] Paulo, quando encontra a igreja, não era convertido. Quando se converteu, passou a ser doutrinador. Era uma comunidade pequena. Hoje temos uma comunidade urbano-industrial. A beleza do Evangelho é o profético, aquilo que foi dito há 3.000 anos e que se cumpre hoje. A igreja tem que estar atenta a isso. Tem de ter a regra da fé, esperar que isso produza frutos. Uma coisa importante é que, se o Espírito Santo não falar a você, esquece. É uma experiência pessoal. O tempo de Deus é o profético, quando se cumpre a profecia, se cumpre o tempo de Deus."

"Há dificuldade em falar com jovens, de trazê-los para dentro da igreja e ficar orando o dia inteiro, sem que tenham tido uma experiência. O reino de Deus não é comida nem bebida, é justiça, paz e alegria do Espírito Santo. É uma alegria que o mundo não te dá. Você tem uma alegria no mundo, mas a alegria do Espírito Santo é diferente."

"Quando Jesus foi para cruz, a eternidade estava toda lá em cima. Ele se sacrificou e é o pai da eternidade. Jesus não é um caminho. Ele é O caminho."

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha