Igreja que não pede dinheiro nos cultos

Sem recolhimento de ofertas durante os cultos ou pedido de dinheiro aos membros, Igreja Cristã Maranata desafia modelo tradicional e prospera com trabalho voluntário e dízimo por fé

Imagine uma igreja com mais de 4.000 pastores e milhares de membros que não recolhe um centavo durante os cultos. Essa é a realidade da Igreja Cristã Maranata (ICM), que há 55 anos desafia o modelo tradicional de igrejas e se sustenta por meio do trabalho voluntário e do dízimo por fé. A ICM encontrou na fé e na união de seus membros a força para construir um império espiritual que se espalha por diversos países.

Fundada em um momento de escassez de recursos, a ICM optou por um modelo de ministério leigo, onde os pastores são preparados dentro da própria igreja. Essa decisão permitiu que a igreja se mantivesse independente de doações externas e que seus membros se sentissem mais conectados com a causa. Essa prática tornou-se a base para não se cobrar ofertas e não receber dinheiro durante os cultos.

"O ministério não é uma profissão, mas um projeto de fé", afirma o pastor Gedelti Gueiros, presidente da ICM e um dos fundadores da igreja. Essa visão, aliada ao princípio bíblico do dízimo, norteia a gestão financeira da igreja. Os membros que desejam contribuir com a obra de Deus o fazem por livre e espontânea vontade, buscando um caixa único que garante a manutenção de todos os templos. Essas contribuições são acompanhadas pelo tesoureiro de cada unidade e pelo conselho fiscal.

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Equipe de bombeiros composta por profissionais da área da saúde, da área administrativa e da PM - Igreja Maranata/Divulgação

Para o médico e pastor Amadeu Loureiro Lopes, membro da igreja há 50 anos, o ministério voluntário é um dos grandes segredos para o sucesso da ICM. "No início, não tínhamos recursos e entramos com nosso voluntariado. Todo nosso pessoal foi gerado dentro da própria igreja. Nosso aprendizado do ministério foi no dia a dia do trabalho com a igreja", afirma.

"Desde o início, a Igreja Maranata estabeleceu que o ministério não seria remunerado", explica o pastor Antonio Carlos de Oliveira. Com formação em engenharia civil, ele ressalta que a crença de que Deus é o provedor de todas as coisas guia essa prática. "Acreditamos que Deus é o dono de tudo e que o ministério não deve ser uma profissão", afirma.

O voluntariado na ICM também é uma prática entre os membros da igreja, que atuam em diversas áreas, desde a limpeza dos templos até a assistência social, sempre movidos pela fé e pelo desejo de servir. Essa dedicação tem sido fundamental para o crescimento e a expansão da igreja, tanto no Brasil como no exterior.

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Equipe de voluntários que trabalha na cozinha garante a alimentação de todos que estão no Maanaim - Igreja Maranata/Divulgação

A Igreja Maranata, apesar de ter uma base de voluntários, também conta com funcionários fixos para áreas como administração, jurídico e comunicação. "É natural que uma instituição desse porte tenha uma equipe profissional", explica o pastor Josias Junior. No entanto, a maioria das atividades, como a manutenção dos templos e a organização de eventos como os seminários no Maanaim, são realizadas por voluntários. A renda para cobrir os custos da igreja, incluindo o pagamento dos funcionários, vem dos dízimos voluntários dos membros.

O pastor Oliveira explica que o dízimo é uma iniciativa individual dos membros que entendem sua importância bíblica. "Os maiores dizimistas são os pastores e diáconos", afirma. "Eu acredito que tudo o que possuo é uma bênção de Deus", completa. A igreja não solicita doações durante os cultos e não aceita contribuições de visitantes, pois a oferta é um ato de fé pessoal, ligado à doutrina.

"Sou dizimista porque entendi que é bíblico. Uma coisa é o material, outra, o espiritual. Do lado material, fui muito abençoado. Então, o espiritual é tudo o que eu quero", afirma o presidente da ICM.

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Turma de voluntários que atua na limpeza da Igreja Cristã Maranata - Igreja Maranata/Divulgação

ALTRUÍSMO

A história da ICM é marcada por exemplos de generosidade e altruísmo. O pastor Gedelti, por exemplo, doou sua própria casa, em Vila Velha, para que a igreja tivesse uma sede, em 1975. No ano seguinte, em 1976, ele fez uma nova doação: o Maanaim de Domingos Martins. O espaço era um sítio de sua propriedade, que posteriormente foi ampliado pela própria ICM. Outros membros também contribuíram com doações de terrenos e bens materiais.

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Gedelti Gueiros, pastor e presidente da Igreja Cristã Maranata - Igreja Maranata/Divulgação

O ministério não é uma profissão, mas um projeto de fé

Gedelti Gueiros

pastor e presidente da Igreja Cristã Maranata, num exemplo de generosidade e altruísmo doou sua própria casa, em Vila Velha, para que a igreja tivesse uma sede, em 1975; no ano seguinte, em 1976, fez uma nova doação: um sítio de sua propriedade, que se transformou no Maanaim de Domingos Martins

A igreja não aceita contribuições de terceiros que não sejam membros praticantes e costuma fazer uma avaliação criteriosa das ofertas em bens, como terrenos ou veículos, por exemplo.

NO EXTERIOR

Assim como no Brasil, os templos da Igreja Maranata localizados em outros países, como os Estados Unidos, também não coletam ofertas durante os cultos. O pastor Ronildo Scherrer, que atua na Flórida, explica que o dízimo é uma decisão individual e voluntária, baseada na fé. "Não fazemos menção nos cultos, mas temos essa prática daquele irmão que entende o momento dele de começar a dizimar", afirma. Todas as doações recebidas nos Estados Unidos são feitas via banco, e a contabilidade é gerenciada pelo Presbitério da Igreja.

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Amadeu Loureiro Lopes, pastor - Igreja Maranata/Divulgação

O ministério voluntário é o grande segredo para o sucesso da Igreja Cristã Maranata

Amadeu Loureiro Lopes

pastor

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Antonio Carlos de Oliveira, pastor - Igreja Maranata/Divulgação

Acreditamos que Deus é o dono de tudo e que o ministério não deve ser uma profissão

Antonio Carlos de Oliveira

pastor

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha