Espero que esse último artigo do ano encontre você, caro leitor, com muita saúde. Aproveito para expressar minha gratidão pela oportunidade de expor aqui algumas ideias e, sobretudo, defender nossas instituições e o Estado Democrático de Direito.
2021 foi um ano desafiador e, em muitos aspectos, decepcionante. Se avançamos na vacinação, por outro lado derrapamos no controle da inflação e padecemos com a instabilidade, com as picuinhas do governo em adotar medidas para combater a pandemia e com a falta de diretrizes.
A economia brasileira deve completar pelo menos 16 anos de crescimento abaixo da média mundial, de acordo com levantamento feito a pedido da Folha com dados e projeções do FMI e da pesquisa Focus do Banco Central. O país teve retração maior que a média global em 2020 e deverá crescer menos que o mundo em 2021 e 2022.
Este último dado é um sinal de alerta para o Brasil e para os países da América Latina que se inspiraram no modelo político Donald Trump. Trump foi varrido na corrida à reeleição. Por aqui, a evidente fragilidade e inconsistência do chefe do Executivo, que chegou ao poder com grande apelo popular de combate à corrupção, levam a nossa economia a definhar. Até o guru do bolsonarismo, o escritor Olavo de Carvalho admitiu que a "briga já está perdida". Disse ele: "existe uma chance, mas muito remota, se Bolsonaro acordar, e eu não sei como fazê-lo acordar".
O governo Bolsonaro tropeçou nas próprias pernas. Ergueu grandes moinhos de vento com quem travou uma batalha imaginária sem que houvesse uma reação correspondente para cada ação desastrosa: a oposição, por incompetência e pela própria noção fragmentada de oposição, dormiu em berço esplêndido até que o ex-presidente Lula se livrasse do emaranhado jurídico das condenações, embora nunca tenha sido absolvido.
Ao não ouvir os anseios da população, sobretudo em relação à crise sanitária, ao ameaçar inúmeras vezes o estado democrático, ao se distanciar de suas promessas de campanha eleitoral como aproximação de políticos que dizia "não prestarem" (não faço nenhum juízo de valor aqui), sem apresentar algum resultado econômico positivo, o governo Bolsonaro caminhou a passos largos na direção do abismo, basta examinar os índices de rejeição das pesquisas de opinião.
O governo esqueceu que "a força do direito deve superar o direito da força" (Rui Barbosa). E, assim, ele próprio deu início à desconstrução do governo. Sim, por trás do caos e confusão constantes implementados, houve um padrão organizado de desmoralização das instituições e de um departamento do governo após o outro, sempre causado pelo próprio Governo. Exatamente como fez lá, nos Estados Unidos, o ex-presidente Trump, que derrubou até o Serviço Meteorológico, exigindo que seus meteorologistas endossassem sua afirmação errônea de que um furacão estava se dirigindo para o Alabama. Aqui, aconteceu a mesma coisa no INPE com os dados de desmatamento.
Todos conhecem o final melancólico de Trump, banido da Casa Branca.
Ainda resta um curto espaço de tempo. Oxalá o governo ouse trilhar outro caminho e mude o destino dele e do país para o bem. Todos que torcem pelo país, sem paixões ideológicas, querem que o Governo dê certo, seja ele qual for. O Brasil não precisa mais do mesmo. Precisa mais crescimento econômico, mais desenvolvimento, mais tolerância e mais justiça social.
Mais uma vez, meus sinceros agradecimentos. Faremos uma breve pausa e retornaremos em fevereiro. Feliz 2022.
*Empreendedor e advogado