Pandemia deixou sociedade brasileira mais madura, dizem especialistas

Debate sobre a pesquisa Observatório Febraban analisa avanços e perspectivas dos brasileiros

Depois de um ano atípico, com crise sanitária, de saúde e econômica, o brasileiro apresenta um sentimento de otimismo cauteloso com relação a 2021. Além disso, está mais consciente de seu papel e mais amadurecido. No entanto, é preciso que esse otimismo não seja frustrado.

Essas foram algumas das análises de Isaac Sidney, presidente da Febraban, Zeina Latif, consultora econômica, e Antonio Lavareda, sociólogo, cientista político e presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), durante live promovida pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) em parceria com o Estúdio Folha. O debate teve mediação de João Borges, Diretor Executivo de Comunicação, Marketing e Eventos da Febraban.

O foco das discussões foram os resultados da pesquisa Observatório Febraban, que ouviu 3.000 pessoas em todo o país no fim de novembro. Foram questionadas sobre impactos da pandemia, pessoas, empresas e instituições que tiveram papel de destaque durante o isolamento social e perspectivas para 2021, entre outros temas.

Lavareda, que conduziu o estudo, afirmou que o brasileiro passou por um momento de medo (início do isolamento social) para depois valorizar a solidariedade, a resiliência e a adaptabilidade. Agora, aposta em um 2021 melhor, com vacina e recuperação econômica no campo pessoal. Com relação à economia do país, a sensação é mais pessimista: a maioria crê que a recuperação ficará para 2022.

Zeina e Isaac também ressaltaram aspectos positivos. Segundo ela, dados da pesquisa deixam claro o amadurecimento da sociedade. "Os dados sugerem que as pessoas entenderam, por exemplo, a relação entre economia e saúde. Foi um salto importante a compreensão de que ao cuidar da saúde você também preserva a economia", afirmou.

Para a economista, essa nova percepção exigirá mais das lideranças políticas e será importante não frustrar esse "otimismo cauteloso" das pessoas com relação a 2021. O próximo ano não pode simplesmente ser a continuidade deste, afirmou.

O presidente da Febraban ressaltou que ninguém sai de uma crise dessas sem tirar lições. "A solidariedade foi um valor que fez muita diferença na pandemia. Nosso setor, o bancário, foi o que mais contribui com doações", afirmou. E lembrou que o setor também proporcionou que a ajuda federal chegasse aos mais vulneráveis.

Lavareda apontou um outro avanço. "Assim como houve uma digitalização acelerada, a sociedade também aprendeu rapidamente novas formas de trabalhar, de consumir e de estudar. A sociedade sai mais madura e consciente. A pandemia deu várias lições", disse.

IMPORTÂNCIA DO SETOR FINANCEIRO

Zeina Latif ressaltou a importância da solidez do sistema financeiro para o enfrentamento da crise. "Imagina se além da pandemia, que afetou vários setores da economia, tivéssemos um mercado de crédito disfuncional? Seria uma avalanche", afirmou.

Isaac Sidney lembrou que em março, logo após a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarar que o mundo vivia uma pandemia, houve uma corrida aos bancos por crédito. "Não houve corrida por saques, mas a demanda por crédito explodiu", afirmou. E os bancos tiveram um papel fundamental, garantindo o crédito e todo o funcionamento do sistema financeiro do país. Além disso, não apresentou problemas com o avanço da bancarização e do uso cada vez maior de instrumentos digitais para as transações financeiras. "Os bancos no Brasil sempre estiveram na vanguarda da tecnologia na comparação com o mundo", disse Isaac.

Hoje, 85% dos brasileiros têm contas bancárias e, segundo o presidente da Febraban, o setor está preparado para ir atrás dos que faltam.

VACINAS E EDUCAÇÃO

A pesquisa também mostrou que entre os anseios da população estão poupar e investir em educação. Esses pontos foram elogiados por Zeina, uma vez que a taxa de poupança no Brasil ainda é muito baixa e que sempre se viu uma valorização da posse em detrimento da instrução.

João Borges lembrou que a pesquisa revela ainda que a grande maioria dos brasileiros (88%) são a favor da vacinação contra o novo Coronavírus. O que, segundo Lavareda, coloca o Brasil à frente de muitas outras nações, nos quais a adesão à vacina não é tão alta.

Para concluir, o presidente da Febraban ressaltou a importância de levantamentos como o Observatório da entidade, que neste ano teve cinco edições. "A pesquisa tem o propósito de ouvir as pessoas e ser um ponto de encontro para o debate. Se comunicar é ouvir. Mais do que ouvir, é entender. É o que temos feito com essas pesquisas."

OBSERVATÓRIO FEBRABAN

Um levantamento aprofundado, que mapeia a visão da população sobre os temas que impactam o Brasil. Esse é o Observatório Febraban, uma série de estudos, lançada em junho de 2020, que já se tornou uma relevante fonte de informações sobre as perspectivas da sociedade e o potencial impacto econômico-financeiro, ouvindo a população e estimulando o debate em diversos setores.

A iniciativa é parte de uma série de medidas da Febraban para ampliar a aproximação dos bancos com a população e a economia real, de forma cada vez mais transparente.

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