Um dos primeiros países a autorizar a comercialização de dispositivos que aquecem o tabaco para adultos fumantes, o Japão virou referência na adoção dessas novas tecnologias por fumantes. Cinco anos após a introdução desses produtos, pesquisas conduzidas com consumidores dessas novas categorias constataram que:
- 98% dos consumidores de tabaco aquecido já eram fumantes
- a venda desses produtos contribuiu para a desaceleração do consumo de cigarros no país
"No Japão, as pesquisas em torno do uso do tabaco aquecido estão bem avançadas, e os resultados mostram que, diferentemente do que muitos pensam, o produto não é uma porta de entrada para novos fumantes. É importante levar esses dados em consideração na discussão sobre a regulamentação do tabaco aquecido no Brasil e em outros países", afirma Fernando Vieira, diretor de Assuntos Externos da Philip Morris.
Vieira faz questão de ressaltar que o melhor é parar de fumar, e que quem não fuma não deve começar a fazê-lo. Mas defende o direito de oferecer alternativas de risco reduzido ao adulto que irá continuar fumando, seja por qual motivo for. No Brasil, muitos fumantes estão buscando alternativas ao cigarro, mas esbarram na desinformação e na proibição.
Pesquisa da American Cancer Society, uma das entidades de combate ao câncer mais reconhecidas do mundo, aponta que a venda de dispositivos de tabaco aquecido no Japão diminuiu o ritmo do consumo de cigarros convencionais no país.
O Japão autorizou, em 2014, a comercialização do tabaco aquecido, dispositivo eletrônico que aquece, mas não queima a folha do tabaco, processo que libera a maior parte dos componentes tóxicos inalados pelo fumante.
Desde então, a queda anual na comercialização dos cigarros convencionais passou de 1,8%, em 2014, para 9,5% em 2018. Somando as vendas dos dois tipos de produto, o mercado se manteve estável, o que significa que a nova tecnologia não estimulou o hábito de fumar.
No Brasil, a venda e a importação do tabaco aquecido são proibidas desde 2009. Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) iniciou um debate acerca da regulamentação de produtos de tabaco aquecido e outros dispositivos eletrônicos para fumar, inclusive com a realização de audiências públicas. Mas o processo, que pode levar ou não à autorização da comercialização de tais produtos no país, está paralisado e não deve ser concluído antes de 2021, de acordo com o cronograma disponibilizado pela Anvisa em seu site oficial.
A toxicologista Alice da Matta Chasin, coordenadora da área de saúde da pós-graduação das Faculdades Oswaldo Cruz, analisa esse uso alternativo aos cigarros como compatível com políticas de redução de danos. "Produtos que aquecem o tabaco, por não serem oferecidos com líquidos ou essências que estimulam a iniciação, poderiam atender a essa política, uma vez que se retira da equação o alcatrão, responsável por grande parte das doenças relacionadas ao tabagismo."
Há cerca de 20 milhões de fumantes no Japão, em uma população que beira os 130 milhões. O número de fumantes inclui pessoas que usam cigarros e/ou dispositivos eletrônicos - principalmente os aquecedores de tabaco.
Lançado experimentalmente em 2014 e em escala em 2015, o dispositivo de tabaco aquecido da Philip Morris representa 17% do mercado japonês atualmente. Além do Japão, outros 50 países já autorizaram a comercialização do tabaco aquecido.