Escolas municipais de SP usam currículo antirracista nas salas de aula

Documento da Prefeitura subsidia e inspira boas práticas no combate a estereótipos, preconceitos e o racismo; unidades escolares receberam 128 mil bonecas e bonecos que representam negros e migrantes para atividades com as crianças

Os alunos das escolas municipais de São Paulo têm atividades que objetivam combater estereótipos, preconceitos e o racismo. Para orientar o trabalho dos educadores, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), desenvolveu em 2022 o documento "Currículo da cidade: Orientações Pedagógicas - Educação Antirracista: Povos Afro-Brasileiros".

Além do currículo, há documentos sobre povos indígenas e migrantes, que compõem várias publicações da Rede Municipal de Ensino (RME), abordando conceitos e práticas importantes para ampliar a justiça social e a igualdade.

O material foi criado coletivamente por profissionais de educação da RME para possibilitar uma reflexão sobre as práticas educacionais e propor vivências antirracistas no município de São Paulo, com base na Lei nº 10.639/2003, que, neste ano, completa 20 anos e aponta obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas.

Aluno da EMEI Jardim Premiano, na zona leste de São Paulo, testa tintas variadas no braço para identificar qual é a mais parecida com sua pele, como forma de aprender que a tonalidade da pele dele e a dos amigos pode ser diferente
Aluno da EMEI Jardim Premiano, na zona leste de São Paulo, testa tintas variadas no braço para identificar qual é a mais parecida com sua pele, como forma de aprender que a tonalidade da pele dele e a dos amigos pode ser diferente - Divulgação

Assim, os professores das escolas municipais têm subsídios para desenvolver ações educacionais com base nas relações étnico-raciais, com atividades que estimulem a prática antirracista.

Um exemplo é a EMEI Jardim Premiano, na zona leste de São Paulo, que desenvolveu o projeto Identidade, em que as crianças reconhecem que a tonalidade de sua pele e a dos amigos podem ser diferentes.

Por meio desse projeto, elas testam tintas variadas para identificar qual delas é mais parecida com a tonalidade de sua pele.

A atividade estimula que as crianças reconheçam e valorizem as diferenças e desenvolvam o respeito pelo outro. O projeto prevê, ainda, que as crianças também observem os traços do rosto ao desenhar por cima das próprias fotografias.

KIT ANTIRRACISTA

Além disso, neste ano, como reforço, foram impressas mais de 29,5 mil cópias do currículo antirracista para serem distribuídas na RME.

Para apoiar as atividades pedagógicas de cunho antirracista, a Prefeitura fez uma compra inédita de 128 mil bonecas e bonecos que representam negros e migrantes.

A distribuição foi acompanhada por um material informativo com instruções de lavagem, cuidados, história e concepção da coleção.

As bonecas estão divididas em kits com oito itens, compostos por três bonecos negros, três bonecas negras, um boneco boliviano, uma boneca boliviana e um boneco bebê negro. Cada unidade recebeu entre três e cinco kits, a depender do tamanho da escola.

.Na EMEI Jardim Premiano, na zona leste de São Paulo, criança observa os traços do próprio rosto ao desenhar por cima das próprias fotos, para desenvolver o respeito pelo outro
Na EMEI Jardim Premiano, na zona leste de São Paulo, criança observa os traços do próprio rosto ao desenhar por cima das próprias fotos, para desenvolver o respeito pelo outro - Divulgação

No ano passado, a Prefeitura também adquiriu mais de 700 mil livros literários sobre a temática étnico-racial para compor os acervos das escolas municipais e serem distribuídos entre os estudantes por meio do programa Minha Biblioteca.

As medidas antirracistas da SME são frentes de uma política pública mais ampla da Prefeitura chamada "São Paulo: Farol de Combate ao Racismo Estrutural".

O objetivo é reafirmar o compromisso da cidade de promover a igualdade racial por meio de políticas públicas e fomentar o compartilhamento de experiências e boas práticas por meio do diálogo estratégico entre lideranças e autoridades no nível regional, nacional e internacional.

Outra ação do Farol é a 3ª Expo Internacional Dia da Consciência Negra, que acontece em novembro.

* Esta página é uma produção do Estúdio Folha para a Prefeitura de São Paulo e não faz parte do conteúdo jornalístico da Folha de S.Paulo