ONU declara 2025 como Ano Internacional das Cooperativas

Reconhecimento destaca modelo cooperativista como solução eficaz para desafios ambientais, econômicos e sociais

Um agente de inclusão e transformação de impacto global. Com essa visão, a ONU (Organização das Nações Unidas) declarou 2025 como o ano internacional das cooperativas, com o tema "Cooperativas Constroem um Mundo Melhor". A celebração chama atenção para um modelo de negócio sustentável que vem respondendo de forma eficaz aos desafios ambientais, econômicos e sociais da atualidade.

Para o Brasil, esse reconhecimento acontece no ano em que a COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) é realizada no país, o que promete levar para o mundo as experiências locais bem-sucedidas do cooperativismo.

Mais do que um modelo de negócio, o cooperativismo é uma maneira diferente de agir e de pensar, sempre com o mesmo propósito: transformar o mundo em um lugar mais próspero e justo para todos.

No Brasil, as cooperativas estão organizadas em sete ramos principais - agropecuária; crédito; transporte; trabalho, produção de bens e serviços; saúde; consumo; e infraestrutura. Na agropecuária, 48% de tudo o que é produzido no campo passa, de alguma forma, por uma cooperativa. No crédito, 74,6 mil cooperativas têm 17,3 milhões de associados e crescem o dobro das demais instituições financeiras _ 23,9% contra 10,5% em 2023, último dado divulgado.

No mundo, mais de 12% da humanidade fazem parte de alguma das 3 milhões de cooperativas. O segmento gera 280 milhões de empregos -10% da população mundial empregada. As 300 maiores têm um faturamento global de US$ 2,409 trilhões, segundo o Monitor Mundial das Cooperativas.

Um homem sorridente está posando para a foto. Ele usa um paletó cinza e uma camisa rosa. O fundo é claro, com linhas coloridas em verde e azul, e contém texto que parece ser relacionado a uma organização ou evento. O homem parece estar em um ambiente profissional.
Marcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB - Divulgação

Ao integrar pequenas comunidades à cadeia produtiva, diminuímos desigualdades e construímos redes locais de solidariedade, promovendo tanto a justiça social como a conservação ambiental

Marcio Lopes de Freitas

presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).

Freitas acredita que o Brasil tem experiências de cooperativismo sustentável que poderão ser replicadas em diferentes comunidades, respeitando as particularidades regionais e culturais locais. No âmbito global, disse ele, a iniciativa da ONU promove intercâmbio de boas práticas, consolida as redes de cooperação entre países e coloca o cooperativismo como protagonista na construção de uma economia mais justa, resiliente e solidária.

"É um momento estratégico para dar visibilidade ao modelo cooperativista como ferramenta de desenvolvimento econômico e social. No Brasil, esse reconhecimento fortalece o orgulho dos mais de 24 milhões de cooperados, estimula a criação de novas cooperativas e impulsiona a articulação de políticas públicas de fomento, especialmente em regiões onde ainda há déficit de serviços financeiros e técnicos", disse.

Para Fernando Dall’Agnese, presidente do conselho de administração do Sicredi, que faz parte do ramo das cooperativas de crédito, a iniciativa da ONU reconhece, pela segunda vez desde 2012, a contribuição das cooperativas no enfrentamento dos desafios globais, principalmente na erradicação da pobreza, redução das desigualdades e combate às mudanças climáticas. O Sicredi reúne 103 cooperativas de crédito, com 9 milhões de associados em mais de 2,1 mil municípios. Em mais de 200 municípios do Brasil, o Sicredi é a única instituição financeira presente, promovendo a inclusão financeira e o desenvolvimento econômico dessas regiões.

Dall’Agnese destaca que as cooperativas de crédito, que atendem 17,3 milhões de associados no país, trazem um aumento do PIB (Produto Interno Bruto) per capita de 10% nos municípios brasileiros em que atuam, de acordo com uma pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) encomendada no ano passado pela OCB. O estudo mostrou ainda que as cooperativas geram 15,1% mais vagas de emprego e um aumento de 15,5% no número de estabelecimentos comerciais nas comunidades em que estão inseridas.

"Quando olhamos mais diretamente às cooperativas de crédito, encontramos um modelo de negócio mais justo, igualitário e com um propósito genuíno: levar prosperidade às comunidades onde atuam", disse Dall’Agnese.

Diferentemente de modelos empresariais voltados exclusivamente ao lucro de acionistas, as cooperativas reinvestem seus excedentes diretamente em benefício dos próprios membros cooperados. Essa é uma das razões, segundo Freitas, que explicam por que as cooperativas têm tido mais sucesso nas iniciativas de sustentabilidade e inclusão do que projetos do setor corporativo privado e mesmo do estado.

"Esse ciclo virtuoso, aliado à gestão democrática, gera maior engajamento e responsabilidade compartilhada. Cada cooperado se sente protagonista das decisões e dos resultados, o que garante perenidade às ações e maior aceitação comunitária", disse.

Segundo Freitas, o modelo de governança do tipo "um cooperado, um voto" assegura que os resultados econômicos sejam revertidos em benefícios coletivos das comunidades na forma de acesso competitivo ao crédito, assistência técnica, capacitação e melhora na infraestrutura de mercado.

"Vivemos um momento de transformações profundas, em que a solidariedade e a cooperação deixam de ser apenas valores e se tornam imperativos para a nossa sobrevivência coletiva. As cooperativas provam, dia a dia, que é possível aliar prosperidade econômica, justiça social e preservação ambiental", afirma Freitas.

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha