Consumidor é elo fundamental para aumento da reciclagem

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Consumidor coloca embalagem já dobrada para reciclagem

A pandemia da Covid-19 provocou mudanças na economia, no trabalho e nos hábitos. O distanciamento social transformou a casa em escritório, escola e academia, e o cuidado com os resíduos gerados ganhou o centro das discussões. "Como estão mais tempo em casa, as pessoas perceberam o quanto de resíduos geram e se sentiram incomodadas com isso", afirma Alexandre Furlan Braz, fundador do Instituto Muda, startup que faz coleta seletiva em 300 condomínios de São Paulo e doa às cooperativas mais de 300 toneladas mensais de recicláveis.

No início da pandemia, com a menor circulação de pessoas, a geração de resíduos nas cidades brasileiras caiu 9%, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Mas a quantidade de recicláveis coletados só cresceu. Em junho, o salto foi de 30% em relação a 2019. "Isso mostra uma maior conscientização das pessoas para a importância de separar os resíduos", afirma Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe.

Apesar do aumento da coleta, a cadeia de reciclagem não se beneficiou, em razão do fechamento ou diminuição das atividades das cooperativas e unidades de triagem. "A pandemia pegou todos de surpresa e tivemos de fechar em março", diz Maria Aparecida Dias da Costa, presidente da Cooperativa da Baixada do Glicério (centro de São Paulo).

Para não deixar os 27 cooperados totalmente parados, Maria Aparecida participou de lives e atuou com ONGs. "Falei para as pessoas nos chamar quando tivessem coisas para descartar em casa. Assim, recolhemos resíduos, com segurança, em mais de 30 prédios do centro."

Ao descartar de forma correta, além de gerar renda para pessoas que dependem da reciclagem, como Maria Aparecida, e proteger o futuro do planeta, o consumidor dá o primeiro passo e contribui com a economia circular, conceito que se baseia na redução, reciclagem e reintrodução na cadeia produtiva dos materiais, poupando recursos naturais.

Tome como exemplo as embalagens cartonadas para alimentos e bebidas produzidas pela Tetra Pak. Desde a fabricação das caixinhas existe a preocupação ambiental, tendo em grande parte da composição matérias-primas de fontes renováveis. Ao serem descartadas corretamente após o uso, por serem totalmente recicláveis, as embalagens geram trabalho e renda para as cooperativas e indústrias de reciclagem.

"Há 20 anos, a Tetra Pak atua para criar toda uma cadeia de reciclagem. A tecnologia para a reciclagem da caixinha hoje não é um problema. Seguimos trabalhando ativamente com as cooperativas para ajudá-las a se estruturar, ter boa gestão e assim obter o melhor retorno financeiro e social. Agora, o foco é a educação do consumidor", afirma Valeria Michel, diretora de sustentabilidade da Tetra Pak Brasil e Cone Sul.

Depende do consumidor o caminho que as embalagens pósconsumo terão. Sem o descarte correto elas acabam em lixões e aterros. "Vimos que nos últimos meses, com a pandemia, as pessoas começaram a olhar com mais atenção para a separação e descarte dos materiais", diz Valeria. "Vamos torcer para que esse hábito não se perca."

Nos últimos três anos, a Tetra Pak fez várias campanhas de conscientização do consumidor, mas há ainda dificuldades a serem vencidas. Nem todas as cidades possuem coleta seletiva, por exemplo, o que dificulta a reciclagem. "Em muitos municípios, o descarte exige um esforço extra das pessoas, que têm de levar os resíduos até um ponto de coleta", diz Valeria.

Além das cooperativas, as cerca de 30 indústrias espalhadas pelo país, que fazem a reciclagem das embalagens longa vida, têm papel importante nessa cadeia de transformação. Uma delas é a Revita, do interior do Paraná. A empresa separa o papel-cartão da embalagem (que se transforma em caixas e chapas) do composto de alumínio e plástico, que é usado na fabricação de itens como telhas ecológicas, placas e paletes.

No interior de São Paulo, a NBR Plásticos de Engenharia também dá vida nova às caixas longa vida. "Em conjunto com a Tetra Pak, criamos um método de processamento do plástico e do alumínio que permitiu reinserir todas as partes da embalagem na cadeia de produção de várias indústrias", diz Rodrigo Creato, sócio e diretor industrial da NBR.

Mas para que tudo isso funcione, das cooperativas às recicladoras, o consumidor precisa fazer a sua parte. "Depende do consumidor desde a escolha da melhor embalagem, ao comprar um produto, até a forma correta de descartá-la", afirma Luiza Loyola Romancini, diretora-geral da Revita. "Ele é o elo mais importante da cadeia."

Muitas dúvidas surgem na hora de separar e descartar materiais recicláveis. Para fazer o descarte correto, as embalagens de leite, sucos e outros alimentos devem ser lavadas com água de reuso, para retirar o excesso de material orgânico e evitar mau cheiro, já que elas percorrem um longo caminho até os recicladores.

Nas caixinhas longa vida, o próximo passo é abrir as abas laterais e deixá-las compactas. Isso fará com que o volume diminua. A tampa de plástico, se deixada na caixinha, e o canudinho, se empurrado para dentro, serão reciclados juntamente com a embalagem.

Feito isso, o material deve seguir para a coleta seletiva ou ser depositado em Pontos de Entrega Voluntária (PEV).

Dúvidas sobre onde descartar os recicláveis podem ser tiradas na plataforma Rota da Reciclagem, desenvolvida pela Tetra Pak. Lá há uma lista de mais de 5.000 desses pontos pelo Brasil, além de cooperativas e comércios de reciclagem. Basta incluir o endereço para encontrar o ponto mais próximo.

Quando chegam às cooperativas e centros de triagem, os diferentes tipos de materiais recicláveis são separados, compactados em fardos e vendidos para as indústrias recicladoras.

SUSTENTABILIDADE

Um estudo recente sobre hábitos de consumo mostrou que 48% dos consumidores brasileiros separam resíduos em casa para coleta seletiva e 54% procuram selos de sustentabilidade nas embalagens, como o FSC.

A pesquisa Environment Research 2019, realizada pela Tetra Pak, ouviu 7.500 pessoas em 15 países e apontou também que 93% dos consumidores do Brasil consideram marcas com embalagens ambientalmente responsáveis na hora da compra. Para 73%, essa mudança de hábito se dá por preocupação com as futuras gerações.

"Há uma consciência maior das novas gerações para as questões socioambientais, e a empresa que não tiver sustentabilidade como pilar não sobreviverá no futuro", afirma Valeria Michel. "Na Tetra Pak, sempre buscamos o menor impacto ambiental em todos os processos."

Além da produção e venda de embalagens, que foi de cerca de 11 bilhões de unidades no Brasil no ano passado, a Tetra Pak também fornece equipamentos de processamento e serviços técnicos para fabricantes de alimentos e bebidas. Em todas as suas ofertas para a indústria, a empresa busca levar soluções que reduzam o consumo de água, energia e insumos, de modo que a sustentabilidade permeie todas as suas frentes de atuação.

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