Projeto Blue Zones é referência em expectativa de vida

Em algumas regiões do planeta, o número de pessoas com mais de 100 anos é três vezes superior à média mundial. Nessas áreas - Ikaria, na Grécia, Okinawa, no Japão, Sardenha, na Itália, Loma Linda, na Califórnia (EUA), e Nicoya, na Costa Rica -, apesar das culturas distintas, as populações vivem com uma qualidade de vida invejável, são mais saudáveis e felizes.

Essa constatação motivou a realização do Projeto Blue Zones - um estudo detalhado dos hábitos, comportamentos e interação dessas populações com o meio ambiente.

Entre os pontos em comum nessas regiões estava uma dieta muito próxima à mediterrânea (rica em vegetais, castanhas, grãos, azeite e peixes), atividade física diária e uma atitude positiva em relação à vida.

Em sua palestra na série Diálogos da Longevidade, realizada no dia 1° de outubro, o nutricionista Daniel Cady (foto acima) citou os principais pontos do Blue Zones como exemplo da importância de se olhar para o todo quando o assunto é longevidade.

Cady reforça a importância de priorizar as frutas, os legumes e os grãos, a "comida de verdade", evitando alimentos refinados e ultraprocessados. "Além de valorizar mais os alimentos que vêm da terra, é importante ficar atento à quantidade (parar quando se sentir 80% satisfeito), comer apenas quando estiver com fome, ficar atento ao sabor, cor, cheiro e textura dos alimentos e fazer as refeições em família, sentado à mesa", conclui.

A série Diálogos da Longevidade é promovida pela Bradesco Seguros. Ela faz parte de um conjunto de atividades desenvolvidas pela instituição para auxiliar as pessoas a adotarem hábitos que garantam uma longevidade com qualidade de vida. (leia texto sobre as iniciativas).

Veja os conselhos de Cady para uma dieta pró-longevidade.

O que comer

"A orientação nutricional sugerida pelo estudo Blue Zones é de que 65% da alimentação venham dos carboidratos (frutas, legumes e cereais integrais), 20% das gorduras boas (vegetais, castanhas e azeite de oliva) e 15% das proteínas, priorizando as vegetais (presentes nas leguminosas, como feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico e soja, e nas oleaginosas, como as castanhas). A proposta é que 95% da dieta seja Plant Based (baseada nos alimentos do reino vegetal) e apenas 5% dos alimentos de origem animal."

"Nas regiões longevas do Blue Zones as carnes estão presentes em situações especiais, em eventos, nos finais de semana e em momentos de celebrar. Por exemplo: no sábado é o dia de comer o peixe. Ou o grupo mata um carneiro para comemorar algo."

Quanto comer

"A sugestão vem da ilha de Okinawa, no Japão, um dos lugares mais longevos do mundo. HARA HACHI BU, que significa: coma até que você esteja 80% satisfeito. Sem se empanturrar."

Quando comer

"A proposta é comer quando sentir fome, sem a obrigatoriedade do intervalo de três em três horas nem longos períodos de jejum. Treine observar o seu organismo e perceber quando é hora de comer."

Como comer e com quem comer

"Os moradores das Blue Zones têm em comum a valorização da família, do sentido de comunhão, fazendo as refeições em casa, sentados à mesa, sempre com companhia. A ideia é aproveitar o momento, mastigando devagar, saboreando a comida. O oposto do que vemos hoje: pessoas sentadas sozinhas, olhando no celular, mastigando e engolindo sem nem prestar atenção ao que estão comendo, desconectadas dos sinais de saciedade, de fome."

Tempo para comer

"Tempo é uma questão de prioridade. É importante arrumar um tempo, meia hora que seja, para comer sentado à mesa em um ambiente tranquilo. Não almoçar no carro ou na mesa do escritório. Procurar fazer as refeições com uma boa companhia. Precisamos encontrar um meio-termo entre o que é ideal e o que é possível."

Henrique Assale/.