Palavras como eficiência, competitividade e transparência não se restringem ao mundo dos negócios privados. Mais do que nunca, governos municipais, estaduais e federal têm buscado soluções para aprimorar sistemas, aumentar a produtividade, movimentar a economia e oferecer serviços inteligentes, que melhorem a qualidade dos serviços prestados ao cidadão.
O processo para otimizar a gestão pública está diretamente ligado à transformação digital dos governos. Ou seja, ao emprego adequado de tecnologias que ajudem a gerar oportunidades para a inovação também nas organizações públicas.
Isso se dá sobretudo com uso da Inteligência Artificial e da computação em nuvem. "Estas tecnologias aumentam o poder de processamento de maneira exponencial e reduzem os custos de entrada para inovar. Um serviço público inteligente impulsionado pelo recurso computacional da nuvem, por exemplo, pode facilitar o acesso a informações de maior qualidade para funcionários e cidadãos", explica Djalma Andrade, vice-presidente para o Setor Público Federal da Microsoft Brasil.
Atualmente, ferramentas como o Microsoft Azure, o CRM Dynamics 365 e o Office 365 têm demonstrado sua eficiência em órgãos governamentais e outras instituições públicas, como escolas e hospitais.
No Ministério Público do Estado de São Paulo, a adoção do Office 365 impactou a rotina dos funcionários. A utilização de serviços como o OneDrive e o SharePoint agilizou o envio de arquivos a diferentes localidades, eliminando o uso de pendrives e malotes. Já o Skype viabilizou audiências à distância, reuniões virtuais e sessões coletivas de capacitação, evitando custos com deslocamentos de equipes. O pacote de produtividade da Microsoft ainda vai permitir ao órgão economizar cerca de R$1,5 milhão anuais.
Nas regiões norte e nordeste, prefeituras e estados já sentem os benefícios da tecnologia quando o assunto é eficiência tributária. O município de Caruaru (PE) adotou a plataforma da MAiS Partners - que combina o uso da plataforma de computação em nuvem da Microsoft e recursos de big Data e Machine Learning -para cruzar dados que resultaram na elaboração de um planejamento de ações voltadas para o aumento de sua receita. A previsão de arrecadação adicional em 2018 é da ordem de R$ 6 milhões.
A melhoria na arrecadação também vai além da tecnologia. O Governo do Pará, ao lado da MAiS e da Comunitas (organização da sociedade civil sediada em São Paulo), capacitou gestores de 66 cidades por meio do programa Juntos. Eles aprenderam procedimentos para a manutenção da adimplência no Sistema Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC), que centraliza dados sobre devedores no Estado. Além de identificar oportunidades de quase R$ 16 milhões nos três primeiros meses de trabalho, a ação engajou as pessoas na busca pelo equilíbrio fiscal no setor.
Medidas preventivas
A tecnologia pode ainda ser uma importante aliada na interrupção do ciclo da corrupção, conferindo mais transparência e confiança à gestão pública. A Inteligência Artificial é o recurso que mais pode contribuir nesta missão, por meio da análise de grandes quantidades de informações que o governo gera.
"Enquanto algoritmos de IA podem analisar estes dados, a computação em nuvem pode processá-los. Deste sistema é possível extrair informação inteligente, criar mecanismos de controle seguros, ganhar agilidade e eficiência e ainda oferecer transparência para a sociedade", afirma Andrade.
Estes recursos também são primordiais quando se fala em transparência e combate à corrupção no meio financeiro. O sistema operado por blockchain, por exemplo, é imprescindível nesse sentido, pois permite maior controle sobre os registros de transações e na troca de informações.
A IA também pode mapear processos licitatórios para identificar padrões e irregularidades. A partir da análise de dados de uma concorrência, por exemplo, algoritmos conseguem reconhecer fraudes como direcionamento e formação de cartel. "É uma oportunidade única. Pela primeira vez existe uma tecnologia para tratar a corrupção preventivamente, antes que ela aconteça", acrescenta Andrade.