Há tempos o diagnóstico de câncer deixou de ser considerado uma sentença. A cada dia, surgem novas e surpreendentes notÃcias em relação aos tratamentos oncológicos, do uso da Inteligência Artificial a células Car-T, imunoterapia e outras tantas inovações associadas a cuidados personalizados, multidisciplinares e cada vez mais humanizados.
E não é nenhuma coincidência que esses avanços tenham aumentado na mesma proporção que a participação das mulheres em todas as áreas da medicina. Dados do Conselho Federal de Medicina mostram que, em 2023, as mulheres representavam 49% do número total de médicos no Brasil. Para se alcançar esse resultado, porém, muitas barreiras precisaram ser derrubadas.
"Nos anos 1970 fui a primeira mulher a fazer residência em cirurgia no A.C. Camargo Cancer Center. Era também a única mulher em oncologia. Os colegas apostaram que eu não duraria um mês. Nas cirurgias, nenhum homem entrava para me auxiliar: olhavam de fora. Depois ficamos amigos, mas foi um começo duro", lembra a doutora Maria Paula Curado, pesquisadora e chefe do Grupo de Epidemiologia e EstatÃstica em Câncer.
Ela foi uma das participantes do seminário "Saúde Oncológica Feminina, Representatividade e Liderança",promovido pelo A.C.Camargo Cancer Center, referência em tratamentos oncológicos, e o Estúdio Folha, ateliê de conteúdo patrocinado da Folha, no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. O evento contou também com a participação das doutoras Andréa Paiva Gadelha Guimarães, lÃder do Centro de Referência em Tumores Ginecológicos, e de Solange Moraes Sanches, lÃder do Centro de Referência em Tumores da Mama. A mediação foi feita pela jornalista Vera Guimarães Martins.
No seminário, as especialistas ressaltaram que a paridade de gêneros na medicina não beneficia apenas as mulheres, mas principalmente pacientes. "Vários estudos cientÃficos mostram que pacientes operados por mulheres têm uma menor taxa de complicação e de reinternação", afirma a dra. Solange.
A dra. Andréa Paiva ressalta que, hoje, o A.C.Camargo ampliou a presença de mulheres em posição de destaque e em cargos de liderança, o que também explica o fato de a instituição ser uma das mais respeitadas no Brasil e no mundo quando se fala em câncer. "A diversidade só agrega. Não só na questão de gênero, mas em vários aspectos. Aprendemos com os mais novos sobre inovação e com a sabedoria e a bagagem de quem já está há mais tempo na profissão", diz.
O diagnóstico de câncer não pode ser uma sentença. A oncologia tem oferecido cada vez mais curabilidade, tempo e qualidade de vida. Então, é muito importante a forma como cada um encara o diagnóstico
Hoje em funções de liderança no A.C.Camargo, as três oncologistas são unânimes em afirmar que é preciso ‘normalizar’ e não tratar como exceção as mulheres que assumem posições de destaque na medicina. Dizem também que, atualmente, se preocupam muito em dar apoio e informação às residentes sobre as novas descobertas na área e como conciliar carreira e vida pessoal.
E esse replicar conhecimento não se resume apenas às novas médicas, mas também às pacientes, principalmente no que se refere à prevenção.
"O câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil. Estima-se que uma em cada oito mulheres vai desenvolver a doença ao longo da vida. Por isso é importante pensar em redução de risco", afirma a dra. Solange.
Embora seja atribuÃdo a nós o papel de cuidadoras, devemos primeiro cuidar da gente para que possamos cuidar dos outros. Cuidem de vocês, da saúde fÃsica, da saúde mental. Invistam nas suas potencialidades, acreditem no seu valor
O primeiro passo é praticar atividade fÃsica com regularidade, pois o exercÃcio reduz o risco de uma série de tumores, inclusive o de mama. O segundo é evitar tomar hormônios sem necessidade e sem acompanhamento. O uso de anticoncepcional e reposição hormonal só deve acontecer com acompanhamento médico. E o terceiro ponto é se manter com peso saudável, pois a obesidade é fator de risco para o câncer de mama: ela aumenta a inflamação do organismo. A médica destaca ainda a importância do rastreamento, como a mamografia, para o diagnóstico precoce.
O cenário do câncer de mama avançou bastante nos últimos anos a partir do entendimento dos vários subtipos da doença, que exigem diferentes abordagens. "Mulheres com tumores que crescem estimulados por hormônios podem ser poupadas da quimioterapia e fazer só a hormonioterapia. Hoje sabemos que cerca de 40% das mulheres que passaram por quimioterapia não precisariam mais receber esse tratamento. E o impacto disso na qualidade de vida e em gastos de saúde é imenso."
O trabalho do médico não é só diagnosticar e tratar, mas pesquisar o câncer. Nós, oncologistas, podemos ajudar ainda mais os pacientes fazendo pesquisa, pois os tratamentos avançados são resultado disso. É um recado para as novas gerações
Entre os avanços, estão tratamentos eficientes para tumores de câncer de mama mais agressivos, como o HER2+, e o subtipo triplo negativo, hoje tratado com imunoterapia.
Entre os tumores ginecológicos, a dra. Andrea destaca o câncer de colo de útero, com chance de diagnóstico precoce e alta taxa de sucesso. O principal fator relacionado a esse tipo de câncer é a infecção por HPV, vÃrus transmitido por via sexual. "A estratégia de prevenção é pela vacina contra HPV e o Papanicolau (exame citológico)", diz.
Para se chegar a esses tratamentos mais assertivos e inovadores, a dra. Maria Paula destaca o papel dos Research Boards do A.C. Camargo, reuniões de pesquisadores para discussão de estratégias de tratamento e melhora da qualidade de vida dos pacientes. "O trabalho do médico não é só diagnosticar e tratar, mas pesquisar o câncer. Nós podemos ajudar mais ainda os pacientes fazendo pesquisa", afirma.
São justamente essas pesquisas que fazem com que a médica e também paciente Maria Paula nunca deixe de acreditar. A pesquisadora recebeu o diagnóstico de mieloma múltiplo, tipo raro de câncer, em 2015. "Não é fácil, pois é um câncer incurável, mas é possÃvel. Eu pensei: deve existir alguma coisa. Eu acredito no tratamento, e o tratamento principalmente para o mieloma, que é uma doença hematológica, evoluiu muito. E não só para essa doença, mas para outros tipos de câncer também", comemora. Quase nove anos depois do diagnóstico, ela segue pesquisando e acreditando.
* Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha