Renda extra garante sobrevivência e ajuda a viabilizar nosso sonho

Johnny Mazzilli/Estúdio Folha
Liberto Solano Trindade, 73 e Nilu Strang, 70
Liberto Solano Trindade, 73, e Nilu Strang, 70

Foi para complementar a renda da aposentadoria e viabilizar o espaço cultural que idealizaram juntos que o casal Nilu Strang, 70, e Liberto Solano Trindade, 73, decidiu aderir ao Airbnb. Os dois se tornaram anfitriões pela primeira vez no segundo semestre do ano passado. Desde então, receberam sete hóspedes no sobrado em que vivem em Santana (zona norte de São Paulo).

Os ganhos do casal com o Airbnb já representam 10% da renda mensal, e ela conta que ainda se considera uma aprendiz. "Estamos descobrindo como fazer", diz Nilu. Aprendeu, por exemplo, que, quanto mais detalhada a descrição da casa e de quem a ocupa, maior a chance de identificação entre anfitrião e hóspede.

O perfil em que se encaixam no Airbnb -o dos anfitriões brasileiros com 60 anos ou mais- é um dos mais promissores da plataforma. Atualmente, esse público é o que mais cresce, mais fatura e também o que recebe as melhores avaliações dos hóspedes (70% deles obtêm cinco estrelas).

No Brasil, durante o ano passado, o crescimento entre os anfitriões acima dos 60 foi de 138%. Eles hoje representam 10,8% dos quase 90 mil brasileiros que alugam seus espaços no Airbnb.

Além disso, os anfitriões com 60 anos ou mais ganham, por meio do Airbnb, uma renda extra anual 38% superior à média no Brasil, que ficou em torno de R$ 5.500 em 2016. Essa arrecadação foi quase o dobro da do grupo dos que têm entre 25 e 29 anos.

É uma renda importante, uma vez que no Brasil dois em cada três aposentados ganham um salário mínimo por mês, ou seja, R$ 12.181 ao ano, incluindo o 13º salário. Nesses casos, o arrecadado com hospedagens ampliaria a renda em quase 50%.

No sobrado de três quartos do casal, dois deles, incluindo a suíte, podem ser ocupados por hóspedes, assim como as cozinhas interna e externa. O acervo de literatura, com cerca de 5.000 títulos, é um diferencial à disposição de quem escolhe ficar lá.

"Nossa primeira motivação foi a questão financeira. Temos um espaço cultural, uma coisa pesada para a gente dar conta de pagar. A casa era grande, e a ideia de receber pessoas sempre pareceu promissora", diz Nilu.