Minha vida deu uma guinada

Johnny Mazzilli/Estúdio Folha
Haydee Wyllie, 58
Haydee Wyllie, 58

A funcionária pública Haydée Wyllie, 58, faz parte de um grupo poderoso que não para de crescer no Airbnb: as mulheres. Anfitriã desde 2012, no Rio de Janeiro, ela tem cerca de 60% da sua renda mensal formada pelos ganhos extras que obtém por meio da plataforma.

Desde 2008, ano em que o Airbnb foi fundado, as mulheres já ganharam US$ 10 bilhões em todo o mundo. No Brasil, essa comunidade cresceu 43 vezes nos últimos cinco anos e já é mais da metade (52%) do total de anfitriões.

O crescimento no número de anfitriãs coincide com uma mudança na sociedade brasileira, que registra uma presença cada vez maior das mulheres na economia.

Segundo dados do IBGE, elas já são as chefes de família em 40% dos lares brasileiros. Com desemprego em alta (há mais mulheres desempregadas do que homens), alugar a casa ou parte dela passou a ser uma opção de sustento.

Para Haydée, solteira e sem filhos, essa história começou alguns meses após a morte da mãe e da tia, com quem dividia as despesas do apartamento de três quartos em Copacabana, na zona sul carioca. Um vizinho comentou sobre o Airbnb, e Haydée resolveu testar.

Atualmente, graças às boas avaliações que recebeu de seus hóspedes, é uma Superhost, categoria de anfitriões mais experientes da plataforma. Sua receita é "mimar" quem chega em sua casa. "Compro frutas e sempre faço bolo ou brigadeiro. Trato todos como se fossem sobrinhos", diz.

Com o dinheiro que recebe pelo Airbnb, aproveita para investir no imóvel, enquanto ajuda a movimentar a economia local. "Ao longo do tempo, fui colocando ventilador de teto, ar-condicionado, mesa de trabalho, wi-fi, papel de parede."

Mas o empoderamento foi além da questão financeira e alterou até o seu jeito de se relacionar. "Não sabia muito lidar com o público. Com os primeiros hóspedes, era mais formal e conversava apenas socialmente. Hoje já abraço, dou dicas do Rio, mostro no mapa os melhores lugares. Aprender a receber foi muito bom pessoalmente. A minha vida deu uma guinada", conta.

Além disso, construiu uma rede com outros cariocas. "Durante a Olimpíada, pude ter contato com outros anfitriões, e se formou um grupo de amigos sinceros. O Airbnb abriu essa porta para eu conhecer pessoas novas." Seu próximo passo: dez dias de férias em Nova York, onde vai viver pela primeira vez a experiência de ser hóspede do Airbnb.