A tecnologia é uma ferramenta imprescindÃvel hoje em qualquer empresa que pretenda se manter conectada com os avanços da sociedade. Mas uma corporação que queira se posicionar como protagonista deve ter a diversidade e a inclusão como premissas.
É o caso da Avanade, multinacional de tecnologia que tem a diversidade em seu DNA e promove a inclusão como parte de sua estratégia empresarial. No Brasil, o quadro de pessoal busca refletir a realidade em termos de gênero, idade, origem, etnia e contexto social. "A diversidade está no cerne do nosso negócio", afirma Fábio Hasegawa, presidente da companhia no paÃs.
A Avanade é uma empresa de consultoria e prestação de serviços de TI, fruto de joint-venture entre as gigantes Accenture e Microsoft, corporações com culturas empresariais diferentes. De acordo com Hasegawa, a união dessas culturas forjou uma mentalidade voltada à diversidade e aberta a diferentes visões.
"A pluralidade se reflete nos negócios e temos isso como diferencial. Conseguimos ter abordagens inovadoras, essencial para uma empresa de tecnologia", afirma. "A frase ‘concordamos em discordar’ aqui transcende a hierarquia", acrescenta.
Pessoas com origens e experiências diversas abordam desafios de formas diferentes, e um quadro de colaboradores plural oferece soluções variadas para processos internos e clientes. A diversidade da Avanade influencia parceiros.
Como exemplo, Hasegawa conta que a empresa trabalhou no desenvolvimento de um site para um grande banco brasileiro. Ao avaliar o projeto, a equipe questionou se a página não teria uma versão acessÃvel para pessoas com deficiência visual ou auditiva. "O banco não tinha nem imaginado. Nós chamamos a atenção para a realidade de várias pessoas", diz o executivo.
A preocupação com a diversidade tem alto grau de engajamento. Colaboradores da empresa integram cinco grupos de afinidades que discutem ações para pessoas com deficiências, mulheres na tecnologia, LGBTQIA+, raças e etnias e gerações.
A companhia tem como meta refletir a realidade demográfica brasileira também em posições de chefia. Um dos desafios é constituir uma diretoria igualitária, dada a escassez de profissionais mulheres na área de tecnologia.
CAPACITAÇÃO
Para suprir essa lacuna, a Avanade contrata, treina e promove talentos femininos. Os programas de estágio têm cerca de 70% de participação feminina. Em 2021, com o projeto Ada, a companhia teve uma ação intencional de contratação feminina, que contratou 200 mulheres em inÃcio ou transição de carreira e acompanha o desempenho delas com mentoria de profissionais seniores que direcionam o seu desenvolvimento profissional e fortalecem a rede de trocas e conexões.
"Investimos muito em mulheres desde o inÃcio da carreira e no avanço constante delas dentro da empresa", comenta Veronika Falconer, diretora sênior de RH da Avanade.
A Avanade também trabalha no desenvolvimento das carreiras dessas mulheres, por meio do programa Amazonas, que investe em formações para posições de liderança e recruta internamente suas candidatas pelo alto desempenho e comprometimento com a empresa. O projeto fomenta o amadurecimento pessoal e profissional de cada profissional, nutrindo e elevando a autoconfiança e potencializando as habilidades de gestão. A Avanade tem o compromisso de atingir a equidade de gênero na empresa até 2025.
A inclusão de pessoas com deficiências (PCDs) é outra prioridade. A empresa conta com um programa de capacitação especÃfico para esse público. "Cumprimos a cota [que é de 5% do quadro, para empresas do porte da Avanade] e estamos acima", declara Veronika.
A companhia tem ainda programas como a Academia 50+, de capacitação e contratação de pessoas com mais de 50 anos; participa de iniciativa de empregabilidade de pessoas trans; e realiza ações de cidadania corporativa como o oferecimento de bolsas de estudo para mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Colaborador destaca acolhimento no trabalho
Mais do que contratar pessoas de diversas origens, o que torna uma empresa inclusiva é sua capacidade de garantir que os colaboradores se sintam acolhidos, independentemente de sua situação. É o que o consultor sênior Mohamed Ibrahin, 32, diz sentir todos os dias ao trabalhar na Avanade.
Ele entrou na empresa há dez anos como estagiário e foi galgando posições na área de desenvolvimento de softwares para o sistema financeiro. No meio do caminho, porém, complicações de um diabetes tipo 1 lhe comprometeram a visão e sua carreira foi interrompida.
Ibrahin teve que passar por 11 cirurgias para voltar a enxergar. Ficou afastado por um ano e oito meses. Quando voltou, seu cargo estava esperando e ele teve todo o apoio para se readaptar.
"Tive tempo para me restabelecer, fazer cursos e me atualizar, e segui com a carreira", diz. Num setor que avança rapidamente, um ano e oito meses é uma eternidade, mas a empresa deu ao profissional tempo e ferramentas para que ele retomasse seu desempenho.
Ibrahin ressalta a maneira como foi recebido ao voltar ao trabalho. "Não fui visto de forma capacitista, como limitado por deficiência ou quadro de saúde", afirma. "Fez muita diferença para mim e por isso gosto de contar meu caso e de participar de iniciativas [de inclusão]."
Ele participa de um dos grupos de afinidades da Avanade, o para pessoas com deficiências, e segue recebendo apoio da empresa para tratamento de saúde. "Nunca sofri restrições por parte dos gestores", declara. "É uma cultura disseminada na empresa. Ela está preparada para receber pessoas com deficiência em qualquer projeto", conclui.
Profissional vê oportunidade para mulheres
Profissional de TI e especialista em gestão de projetos há 20 anos, Sandra Siarkowski, 50, diz que um dos maiores desafios de mulheres que trabalham em áreas dominadas por homens é serem tratadas como iguais, com base na capacidade e não no gênero. Ao entrar na Avanade, há três anos, ela percebeu que o tratamento igualitário é um dos diferenciais da empresa.
"Na Avanade, a diversidade é um valor aplicado na essência", diz Siarkowski, que é gerente de Delivery da companhia. "Eu senti desde os primeiros dias que a empresa respira essa cultura."
Ela conta que em outros empregos sofreu preconceito por ser mulher, à s vezes de forma sutil. Uma ocorrência comum é uma mulher ser interrompida por um homem em uma reunião para ser corrigida, mesmo que não haja nada a corrigir. "Há homens que acham difÃcil encarar que uma mulher seja capaz de tocar determinado projeto."
Essa foi uma das razões para sair da empresa em que trabalhava e buscar uma posição na Avanade. "A Avanade dá a oportunidade para que as mulheres mostrem sua igualdade." Para Siarkowski, empresas que querem crescer entendem a importância da diversidade e do respeito ao próximo. "Não havendo desconforto, já é meio caminho andado."
A profissional atua em iniciativas de inclusão feminina da companhia, como o grupo de afinidade Mulheres na Tecnologia, e foi embaixadora do programa de contratação de mulheres Ada, realizado em 2021. O nome é uma homenagem a Ada Lovelace, autora do primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, no século 19.
Ela atua também no projeto de aceleração de carreiras Amazonas, que tem por objetivo fazer com que colaboradoras cheguem a cargos de liderança na empresa. "As pessoas se sentem apoiadas."